The Wire
(1.ª temporada/2002-3)
Atualmente há mais de trezentas minisséries de tv nos EUA. Toda santa semana começa uma nova. Eu gosto de meia dúzia delas, já comentadas aqui. A mais recente que estou assitindo não é nova e foi concluída há mais de três anos (2002-8). Para chegar a minissérie que me agrade eu elimino as dos grupos temáticos que não aprecio: aquelas sobre combate ao terrorismo islâmico, as que tratam da difícil vida das patricinhas nas high schools, as que falam em excesso sobre relacionamento conjugal (parei de ver Mike & Molly por causa disto), as de terror e vampiros, as de extraterrestres e as de policiais destemidos contra criminosos malvados. Bom, então eu não deveria gostar de The Wire. Mas aqui a orquestra toca outra simfonia.
Muito elogiada pelo público interneteiro, The Wire tem como foco o empenho de detetive de polícia contra um hábil chefe afroamericano do narcotráfico em Baltimore. Nada mais comum. Mas o que nos atrai é a enorme variedade de arquétipos, há todo tipo de pessoas e condutas. A série mostra como o sistema funciona de dentro e... de dentro, quem é que vive fora dele? O tratamento dado à questão da marginalidade social, do crime, do aparato de Estado, da burocracia, da Justiça, e dos indivíduos em seus papéis destoa completamente tanto dos esterótipos fundamentalistas cristãos ao gosto do estadunidense médio como do tratamento populista ao gosto do latinoamericano médio. Há um enorme leque de situações quotidianas, -e de diálogos-, que foge bastante da figura do herói que predomina na estética hollywoodiana, algo tão utópico que ninguém realmente acredita na sua plausibilidade.
Aqui é possível algum tipo de ética e conduta tanto do lado da polícia como dos bandidos: há os inevitavelmente corruptos, mas a maioria apenas quer viver à sombra, não quer ser apenas uma vítima das circunstâncias. E há inteligência e estupidez em ambos os times. Muito interessante também mostrar como a polícia dos EUA sofre com a falta de recursos. Iniciada em 2002, em pleno governo Bush pós-11 de setembro, The Wire só se manteve no ar porque... ah, sei lá por que, deve ser a audiência. Recomendo vivamente.
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