Juiz de Fora

domingo, 8 de janeiro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (196)


Irmão 2
(2000)



Nesta continuação de Irmão, a que assisti há alguns dias atrás, vemos novamente Danila Bagrov (Sergei Bodrov Jr./ 1971-2002), agora médico de Moscou (segundo ele diz), sendo entrevistado pela tv local, juntamente com dois amigos, heróis da Guerra da Chechênia. Desta vez, inversamente à cena inicial do primeiro filme, a matryoshka se orgulha do caçula Danila e reclama do primogênito Viktor por se ter tornado um criminoso e alcoólatra.




Um dos antigos companheiros de armas de Danila, Gromov, é irmão de um jogador de hockey nos EUA, que saiu das mãos da máfia ucraniana para cair, por sua vez,  nas de um inescrupuloso empresário de Chicago. O atleta russo ganha tubos de dinheiro, mas quase tudo vai para os bolsos do seu agente (quem mandou ir para os EUA sem ler inglês? quem mandou assinar contrato milionário sem a assistência de um advogado? quem mandou ser tão parvinho?). O ex-militar moscovita que trabalha como segurança vai até o seu chefe, por coincidência, sócio do empresário estadunidense em algum négócio ilegal na Rússia. O empregado questiona o próprio patrão sobre a situação de exploração em que o seu irmão jogador se encontra, e leva umas balas para aprender a ficar quieto.




Danila agora quer se vingar da morte do amigo dos tempos da guerra e também ajudar o seu irmão esportista nos EUA. Irmão 2 é tão bom, ou até melhor, do que o Irmão original. Moscou é belíssima, é o primeiro filme que vejo que mostra a cidade em detalhes (Um homem com uma cãmera, de Dziga Vertov, não conta, é dos anos vinte). A tenebrosa arquitetura soviética não destruiu a arquitetura czarista. O diretor Aleksei Balabanov aproveita bem as tomadas daquela cidade.




O tom sépia das locações russas é substituído pelo multicolorido EUA do início de outono. Chicago é uma cidade extremamente bonita, acho-a até mais interessante, em termos de urbanismo, do que Nova York. Danila é o mesmo garoto quase simplório, que não fala quase nada de inglês e não sabe quem é Al Capone, mas mantém o sistema ético rudimentar: não mexer com ninguém, revidar se agredido, não matar inocentes e nem roubar a esmo, defender e ajudar os compatriotas, proteger as gurias em apuros (embora eu ache que elas não mereçam muito, mas isto é outro papo), fazer amizade com pessoas humildes. Tudo isto sem super-poderes ou falas ocas ou utópicas, com exceção desta:




"A força está com quem está do lado da verdade."

Filmaço. É uma pena que não haverá uma terceira continuação, dada a morte do ator Sergei Bodrov Jr, em um acidente de filmagens (2002).

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