Juiz de Fora

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quinto X-Men, tão bom quanto os outros. (376)



X-Men. Dias de um futuro esquecido.
(2014)


Em 2023 a humanidade criou máquinas capazes de absorver os poderes dos mutantes e destruí-los. Professor Xavier e Magneto decidem enviar Wolverine ao passado (1973) para alterar o curso da História e impedir que um cientista declare guerra total aos mutantes por meio da criação daquelas máquinas. É um pouquinho mais complexo do que isto, mas já estou meio saturado das tramas de filmes desta natureza.


Já disse aqui que tenho detestado todos os filmes Marvel: Homem-Aranha, Homem de Ferro, Capitão América, Thor, etc. Mas a série X-Men (fora os Wolverines) tem sido interessante desde o início. Nada tenho a reclamar de Ian McKellen, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, James McAvoy e outros. São todos ótimos. No início deste filme senti um certo tédio, uma certa preguiça em dar importância ao dilema dos mutantes, mas a cena com o personagem Quicksilver me ganhou para o filme. A plateia estava um pouco inquieta, provavelmente por não ter entendido de pleno a querela central. Por outro lado havia mais adultos do que adolescentes e o cinema não estava a cheio. Haverá ainda mais dois filmes que prometem.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Um ano mais (375)



Um ano mais
(2010)


Gerri é uma terapeuta do serviço público de saúde britânico. É casada com Tom, um engenheiro e ambos parecem estar razoavelmente satisfeitos com a sua vida sem surpresas. Mary é colega de trabalho de Gerri, está embarcando no alcoolismo e passa por aguda solidão. Mary parece que está disposta a se relacionar com qualquer um que apareça e resolve dar de cima do filho da colega, um jovem de trinta anos que a vê como uma tia. Ao longo surgem mais dois personagens solitários. O casal protagonista é solidário, mas precisa impor limites aos amigos.


Este é o primeiro filme do diretor Mike Leigh a que assisto. Achei a narrativa muito boa, dividida em quatro estações, cada uma tendo por foco uma das pessoas que se apoiam no casal principal. O tema fundamental aqui é a solidão, mas não há refresco. Sentimos pena da cinquentona à beira do desespero, mas ao mesmo tempo os amigos não tem como resolver a vida alheia, é árdua tarefa de cada um.

E viva o cinema das pessoas comuns vivendo a vida "normal".


sábado, 17 de maio de 2014

Animador de Bicicletas de Belleville e O ilusionista faz seu primeiro filme (374)


Attila Marcel
(2013)


Attila Marcel é um pianista traumatizado que vive com duas tias dominadoras desde que perdeu os pais aos dois anos de idade. Já com mais de trinta, não fala e leva uma rotina de mico-de-circo, tratado como um ícone pelas solteironas, professoras de dança para a vizinhança figuraça. No edifício de Marcel mora a madame Proust, uma riponga que serve chás alucinógenos a seus poucos clientes. Com estes chás Marcel vai ao encontro de sua adorada mãe e seu odiado pai.


Este filme custa um pouco a atrair a atenção do espectador, pelo menos foi o que sucedeu comigo. O nome de Sylvain Chomet, no entanto, obrigou-me a seguir adiante, pois as animações em seu currículo me advertiram que o resultado deveria ser mais do que satisfatório. O filme tem o estilo dos desenhos, acho que o diretor soube levar para as telas os personagens caricatos e falíveis, mas com a tônica de seus trabalhos anteriores, vocação se respeita, a vida é uma só, aproveite-a o melhor que pode, seja sincero com as suas inclinações.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Apesar de Jude Law ser brilhante... (373)


A recompensa
(2014)

Dom Hemingway (Jude Law) é um arrombador de cofres que acabou de cumprir doze anos de prisão. Ao sair já começa causando confusão ao agredir o último marido de sua falecida esposa. Fumante, alcoólatra, usuário de cocaína, vai atrás de um mafioso russo que somente está livre porque Dom ficou de boca calada. O imbecil espera uma gorda recompensa. Mas nada vai dar certo. 

Somente fui ver este filme porque a saudade de cinema me obriga a fazer concessões. Confiei no fato de Jude Law ser excelente ator (e não decepciona) e filmes ingleses são bem-humorados, críticos, mostram Londres ou outras cidades interessantes e podem incluir boa trilha sonora. E tudo isto foi verdade. Mas o filme é apenas razoável, não chega a ser empolgante hora nenhuma.

Fui na última sessão, cheguei pontualmente às 21 h e 50 min, o único espectador, e o filme começou assim que sentei-me, parecia que estavam me aguardando. Que maravilha, que delícia, silêncio total de um cinema só para mim. Dez minutos depois entram três adolescentes fazendo o maior rebu, e eu quase que não vejo adolescentes na minha vida, né?! Mas até que foram legais, eu os deixei falar à vontade uns cinco minutos e depois disse: "EU QUERO ESCUTAR O FILME!". Dali em diante foi quase sempre tranquilo.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Kaley Cuoco quer nos dar uma lição (372)



Autores anônimos
(2014)


Um grupo de pessoas se reúne em Los Angeles para a leitura coletiva de seus livros em fase de escrita. Lá estão um jovem entregador de pizzas inseguro, um jovem fã de Bukowski, um oculista que grava as suas ideias para um livro (assim como a personagem de Alan Alda para com as suas ideias de filmes, em Crimes e pecados de Woody Allen) sua esposa periguete, um ex-militar e a patricinha vivida por Kaley Cuoco.

Após a leitura do escritor da vez vêm os elogios falsos de sempre, aquela coisa tipo você-me-elogia-que-eu-retribuo, e fica claro que, com exceção do tímido rapaz, ninguém ali tem talento para a coisa (e eu me pergunto por que a massagista quer tanto ser escritora). A patricinha anuncia que conseguiu um agente, e isto gera inveja, frustração e ressentimento dos demais, a despeito de manterem a pose que-legal-alguém-que-representa-o-coletivo-foi-para-a-frente.

Produzido por Kaley "a melhor coisa que fiz na vida foi colocar um silicone" Cuoco a.k.a. Penny do Big Band Theory, fiquei com a nítida sensação de ser um filme encomendado, com a seguinte moral: ah, gente, quê é isso, eu tenho culpa de ser gostosa? e daí que me dei bem pela minha beleza? que é que tem se eu nunca li um livro na vida, vocês leram mais do que eu e estão aí na m****. Acho que a própria atriz fazendo uma iletrada oportunista reforçou em mim esta impressão.

Não chega a ser um filme de todo ruim, mas tem uma moral gosto de chiclete.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Philomena (371)


Philomena
(2013)


Irlanda, 1952. Philomena (Judi Dench) é uma moça pobre que foi expulsa de casa e internada em um convento por estar grávida. Assim como ela, outras mães solteiras tiveram os seus bebês e filhos pequenos doados pela Igreja Católica. Sentindo-se culpada, Philomena assinou um documento que a comprometia a jamais querer saber do paradeiro do filho, Anthony.

Londres, alguns anos atrás. Martin Sixsmith (Steve Coogan) é um jornalista que perdeu um cargo de assessor de Tony Blair por estar envolvido em um escândalo. Sentindo-se chutado de lado, pensa em passar o resto da vida escrevendo sobre a história soviética, mas a filha de Philomena lhe propõe trabalhar na história da mãe que quer encontrar o seu filho. Inicialmente resistente, o jornalista convence uma editora a bancar a pesquisa.


Quase deixei este filme logo no início, pois pensei que se trataria de uma enfadonha história cristã sobre arrependimento e redenção, mas aí vi o nome do diretor inglês Stephen Frears nos créditos iniciais e ele nunca me decepcionou, desde os idos de Minha adorável lavanderia. Baseada em uma história real, gostei do enfoque naturalista, Philomena é uma técnica em enfermagem conservadora por escassez de recursos intelectuais, e Martin é impaciente com as pessoas menos inteligentes, e nelas joga o seu discurso racionalista sempre que pode. Frears é um diretor crítico sem ser marxóide, e consegue manter o foco mesmo quando filma a rainha Elizabeth II, que, a meu ver, não é um filme favorável à monarquia britânica.


Judi Dench dispensa maiores elogios, ela é impecável como a simplória Philomena, as suas atitudes inseguras, a sua linguagem corporal, os maneirismos, a postura de alguém que reprimiu ódio, culpa, e inferioridade por muitos anos e que por isto não se permite lutar de frente contra o sistema.

Por funcionar como uma investigação quase policial, o roteiro prende o espectador e há diversas surpresas. Este é um filme inteligente que poderia muito bem passar em grande circuito.


Sixsmith e Philomena


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ninfomaníaca - vol.2 (370)



Ninfomaníaca - vol.II
(2013)


A continuação de Ninfomaníaca não é um filme distinto, mas é a mesma locação que dura mais de quatro horas. Joe (Charlotte Gainsbourg) é uma inglesa agredida que é recolhida das ruas pelo solitário Seligman (Stellan Skarsgard) que faz o papel de terapeuta e sacerdote ao ouvir a confissão da protagonista sobre a sua vida centrada no sexo. Aqui ela já trata do período adulto, casada e com filho pequeno.



Como se trata, na verdade, de um único filme, não há muito o que falar aqui. Achei quase tudo muito bom, as falas e análises de Seligman são ótimas, não é esta baboseira de falas cheias de jargões dos filmes blockbusters e das horripilantes novelas. A crueldade do filme tem a sua razão de ser e as cenas de sexo explícito idem (só não imaginava Gainsbourg entrar na dança). Duvido que a crítica o considere o melhor filme de Lars von Trier (eu fico entre Medeia e Melancolia), mas com certeza é o mais empolgante.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A vida fácil (369)


A vida fácil
(2011)


Mario é um médico romano e administrador de hospital que está envolvido com corrupção. O dono do hospital em que trabalha o envia para o interior do Quênia, para ficar afastado do burburinho e trabalhar com Luca, filho do proprietário hospitalar. Luca trabalha em uma missão da Unicef em um ambulatório cercado pela miséria e nômades somalis. Mario é casado com a dondoca Ginevra, amigão de Luca mas este é apaixonado pela sua mulher.

Achei este filme meio xaropento no início, muito semelhante às telenovelas brasileiras (na verdade é o oposto, os brasileiros que copiaram o cinema italiano por duas décadas, ao menos). Mas o apelo ético do médico voluntário para cima do amigo pragmático é interessante. É o tipo do filme que se você não vê não perde nada, mas se o faz é recompensado.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Diretor desperdiça livro de Saramago (368)


The enemy
(2014)


Adam Bell (Jake Gyllenhaal) é um professor estadunidense que leciona História em uma universidade de Toronto. Entediado, ou até mesmo deprimido, assiste um filme banal no qual atua um sósia seu, Dennis St. Claire. Dennis (Gyllenhaal) faz o tipo ator-canastra-sexy-confiante-playboy-triunfante ao passo que o professor parece ter medo da própria sombra. O docente vai atrás do ator, que a princípio o repudia com veemência. Mas passam a trocar de identidades.


Baseado em O homem duplicado, de José Saramago (2002), este filme é curto demais e pouco explora o que me parecia um tema - ou dois - muito bons: a identidade de cada um e a possibilidade da busca da felicidade na pele de outra pessoa. Soma-se a isto o fato de que a ótima atriz Mélanie Laurent não recebe um papel à altura de sua competência, aqui ela pouco mais faz do que exibir o corpo, como namorada de Adam

Fiquei curioso para ler o livro de Saramago, mesmo sabendo que todos os seus livros são enfadonhos (eu li uns oito), por pelo menos duas razões, a inclusão de diálogos no corpo do texto, entre vírgulas, em parágrafos de várias páginas, e a sua lamúria oh-por-que-não-são-todos-comunistas-como-eu?