Juiz de Fora

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Caricatura americana dos franceses por um francês (367)


A família
(2013)

Normandia, na atualidade. Um mafioso (Robert de Niro), sua mulher (Michelle Pfeiffer) e filhos mudam para o norte da França como parte do programa de testemunhas, após a delação contra os seus comparsas. Mas todos têm o hábito de resolver os aborrecimentos na base da porrada.

Eu sempre me perguntei porque os estadunidenses se sentem tão inferiores aos franceses. Será por causa da moda? da gastronomia? da língua charmosa? de Paris? Aqui eles tentam fazer exatamente o oposto: os franceses são tratados como feiosos, burros, caipiras, tapados, burocráticos, presunçosos, com serviços inoperantes e atrasados tecnologicamente. Tudo no filme como antítese do que a França é.

O filme é uma grande bobagem, e ao final descubro que foi dirigido por um francês, o péssimo Luc Besson, que já fez dezenas de filmes e nenhum relevante. Ora, vá... E eu me pergunto, por que o milionário Robert de Niro entra numa fria dessas?

domingo, 27 de abril de 2014

O Panótico não vê aqui e agora (366)


A imigrante
(2013)

Nova York, anos vinte. A polonesa Ewa (a brilhante Marion Cotillard) chega à Nova York, com a irmã doente (coitadinha) fugindo de sua pátria após o homicídio de seus pais na primeira guerra. A irmã é internada na ilha de Ellis para tratamento (coitadinha). Ewa não quer se separar dela (coitadinha), quase é deportada (coitadinha), mas é salva por um advogado que suborna um policial para que Ewa fique. Mas o advogado na verdade é um cafetão (coitadinha) que a coloca no vaudeville (coitadinha) e a pressiona a se prostituir (coitadinha). Ela foge e atravessa a pé a ponte do Brooklin para encontrar os tios (coitadinha). Os tios a protegem, por obra de Deus já que Ewa é uma católica devota (coitadinha), mas a polícia no dia seguinte a prende por prostituição (coitadinha).

Eu me pergunto, após ver meia-hora deste pastiche, por que desperdiçar esta atriz com um filme tão ruim?!

terça-feira, 22 de abril de 2014

Mais um filme argentino de valor. (365)


O segredo de seus olhos
(2009)


Buenos Aires, 1999. Benjamín Espósito (Ricardo Darín, o Antonio Fagundes argentino) é um policial civil aposentado que decide escrever um romance sobre um caso insolúvel de um quartel atrás: uma jovem dona-de-casa é estuprada e morta, um chefão corrupto incrimina dois pés-coitados e o nosso protagonista decide enfrentar a burocracia e instâncias superiores para prender o verdadeiro culpado. Espósito é apaixonado por sua chefe, uma futura promotora de família rica e influente. Simultaneamente, se compromete ao viúvo da vítima identificar e prender o estuprador, contando apenas com a ajuda de um subalterno alcoólatra.


Baseado em obra literária, o filme tem a típica trama noir que é sucesso garantido: o paladino falível, mas ético, um amor quase impossível, reflexões soturnas sobre o significado da vida, políticos e policiais corruptos, a fronteira cinzenta entre o Bem e o Mal, reviravoltas, pistas falsas, etc. É uma fórmula? Sem dúvida.


Mais uma vez eu penso que o cinema brasileiro deveria deixar de ser pretensioso, gramsciano, populista, petista, etc., e tentar fazer algo básico mas que justifica o gasto público.

domingo, 20 de abril de 2014

Traffic (364)



Traffic
(2000)


Um policial mexicano honesto (Benicio del Toro), um juiz que quer combater o narcotráfico mexicano simultaneamente em que se depara com a própria filha adolescente se afundando nas drogas (Michael Douglas) e uma dona-de-casa dondoca que é pega de surpresa quando o marido rico é preso por tráfico em San Diego (Catherine Zeta-Jones) são os personagens principais nesta trama interligada que lembra a globalização de Babel.


Dirigido por Steven Soderbergh (diretor de bons e tão diversos filmes como Sexo,mentiras e videotapes, Solaris, The Girlfriend experience, Behind the candelabra e o show do Yes da turnê 90215) este é o melhor filme sobre o tema que já vi. Do mesmo nível só mesmo a serie de tv The Wire, já resenhado aqui. Acho que tudo o que envolve o assunto foi analisado com profundidade: as diferenças entre o México pobre e os EUA ricos, as diferenças entre os EUA ricos e os EUA pobres, a política de combate às drogas como espetáculo, o hedonismo niilista dos jovens mimados, etc.

Eu queria ter assistido este filme anteriormente, mas o perdi nos cinemas, não o aluguei em locadoras - até então - e não o vi nos canais pagos.



Fiquei mais convicto que uma eficiente política contra as drogas, ou contra qualquer produto nocivo à saúde, passa em primeiro lugar pela prevenção e pelo não-consumo. A repressão é pouca eficaz e gera novos esquemas de corrupção.

domingo, 13 de abril de 2014

Os incompreendidos (363)



Os incompreendidos
(1959)


Paris, 1959. Antoine Doinel é um adolescente que apresenta pequenos problemas de disciplina na escola masculina. O seu professor de francês é duro com ele, e sua mãe, uma funcionária de escritório, dá-lhe pouco amor e carinho e o trata como se o garoto fosse um fardo. O seu padrasto é mais atencioso, mas faz um tipo perdedor. Antoine mata aulas em uma ocasião e vê a sua mãe beijando um amante na rua.



Este é o quarto filme de François Truffaut (1932-84), diretor que dispensa maiores comentários. Com conteúdo autobiográfico (Truffaut não conheceu o pai, foi rejeitado pela mãe, criado pela avó e mau aluno durante m período da vida), trata do abandono na adolescência e da forma como os menores buscam atenção e compreensão dos adultos. Gostei das locações em Paris e do humor inteligente do filme. Como muitos filmes dos anos cinquenta, a emoção é meio cru e não há a exploração a fundo dos temas sociais. Consegui sentir pena do protagonista e ficou claro para mim a desproporção das sanções em relação aos pequenos delitos praticados pelos garotos.

Assisti este relançamento no festival Varilux de cinema francês, em um cine no centro de Juiz de Fora. Embora o cinema francês atual não me empolgue, fico chateado por este festival não ser mais exibido no shopping perto de casa. Ir ao centro para ver filme é desestimulante.