Juiz de Fora

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (282)


As virgens suicidas
(1999)



Detroit, 1974. Cecilia Lisbon tem treze anos, é a caçula de cinco irmãs loiras filhas de uma dona-de-casa católica devota (Kathleen Turner) e de um professor de matemática do ensino fundamental (James Woods) apaixonado por aviões. Cecilia corta os pulsos, aparentemente sem nenhum motivo em particular, a família e a vizinhança fingem que foi um acidente e dão uma festa para a garota. Após ver um jovem com transtornos psiquiátricos servir de palhaço para os adolescentes convidados, Cecilia atinge o seu objetivo. Mas a família e a vizinhança ainda fingem que foi acidente, por que Cecilia faria isto?
 


O impacto do suicídio da filha e irmã parece não ter abalado a estrutura familiar. Apesar disto, Lux (Kirsten Dunst) agora é a caçula (quatroze anos) das irmãs em escadinha até os dezessete anos. Lux se apaixona pelo idiota popular da escola (Josh Hartnett) e perde a virgindade. A mãe normal dos anos setenta resolve retirar todas as filhas da escola e mantê-las isoladas em casa. Vai dar m....., coronel.
 



Se não fosse por duas razões: a trilha sonora do duo francês Air, o melhor cd que comprei na minha recente viagem em Londres e o segundo de que mais gostei desta banda ótima, e também a direção de Sofia Coppola, por nada deste mundo eu teria visto um filme sobre o sofrimento de cinco raparigas em flor, eu ando bem enjoado de temas teen. Mas, sem dúvida nenhuma, é um filme sensível, que cativa, a diretora soube dar o tom certo da repressão velada daquela época, as meninas são comportadas, sabem por onda a banda toca, mas por trás da boa educação familiar há uma energia sexual explosiva, é impressionante como os estadunidenses foram (ou ainda são) muito reprimidos, num misto de fundamentalismo cristão e amor pela ordem.

Bela estreia de Sofia Coppola, que depois nos brindou com Encontros e Desencontros, obra prima.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dei uma organizada nos meus cds.



Fiz uma faxina nos meus pertences e mudei os meus livros para outros quartos e deixei a minha estante exclusiva para cds e dvds. Coloquei os cds em ordem alfabética, o que foi muito prazeiroso pois relembrei de cds que não ouvia há muito tempo. Não é uma coleção grande para fãs de música (em torno de mil e quinhentos), mas deu um trabalho que durou horas.





Mas os dvds vão esperar mais um pouco, por enquanto só organizei os shows, mesmo assim fora de ordem.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Panótico (re)vê aqui e agora (281)




I como Ícaro
(1979)
 




Em uma potência ocidental e republicana indefinida  (EUA, não há qualquer dúvida disto) o presidente Jary é assassinado enquanto passeava em carro aberto por uma grande cidade (Kennedy, idem). Uma comissão de autoridades estuda o homicídio e conclui que o suposto assassino se suicidou logo após o tiro bem sucedido. O chefe do Ministério Público, Procurador-Geral Henri Vorney (Yves Montand) não engole a farsa e usa sua equipe e seus poderes de investigação para descobrir quem, ora bolas, matou o presidente!
 


Em 1982 um amigo cinéfilo falou-me de um filme no qual uma experiência desenvolvida por psiquiatras universitários (pesquisa verídica na Universidade de Yale, no início dos anos sessenta, no filme como pesquisa da fictícia Universidade de Laye, um anagrama) demonstrava que uma pessoa seria capaz de começar uma guerra nuclear se confiasse na ordem de uma autoridade superior, e assim eu conheci de nome este filmaço que é I como Ícaro.




Dois anos depois, em uma longa greve universitária, fui até o campus da UFJF ver um ciclo de filmes franceses em videocassette anteriormente agendado, um quase luxo (na minha casa meu pai ainda não tinha comprado um VCR, ê pobreza). Não foi o primeiro filme de conspiração que eu via, mas foi o primeiro inteligente, com explicação minuciosa e convincente, que demonstrava as falhas humanas dos conspiradores e as dificuldades operacionais dos agentes da lei. A tese do Estado dentro do Estado vai sendo gradativamente exposta ao espectador, é talvez um pouco didático, mas não ofende a inteligência de ninguém. A famosa cena da experiência psiquiátrica ludibria o protagonista (a nós, também) e eu me identifiquei particularmente com a figura honesta do democrata promotor de justiça Vornay, que vai juntando as peças da conspiração.




Dirigido por Henri Verneuil, do ótimo A 25.ª hora, com Anthony Quinn, por muito tempo acreditei se tratar de um filme do grego Costa Gravas, dada a sua similitude com Z. Recomendo vivamente I como Ícaro para quem gosta de filmes políticos.
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (280)


 
 Elles
(2011)


Anne (Juliette Binoche) é uma jornalista que é incumbida de fazer uma matéria sobre estudantes que são garotas de programa. Lola é uma francesa do interior que entra para a prostituição sob a justificativa de que assim ganha mais, não precisa trabalhar em fast food e sobra tempo para estudar. Alicja é uma polonesa estudante de Economia que não fica satisfeita com a grana enviada pela mãe, não quer levar uma vida de universitária pobre, e entra no esquema para pagar um bom ap e roupas caras.



Anne acha que as meninas vão reclamar da sua condição, mas a juventude delas leva a um discurso meio triunfalista, de poder sobre os homens. Paralelamente, Anne já está cansada da jornada tripla de trabalho, das cobranças de patrão, marido e filhos (o mais velho mata aula para fumar maconha e põe a culpa na situação dos pais) e da falta de nheco-nheco em sua vida. A pobre Anne rodará a baiana e se rebelará contra a sociedade machista que reprime a sensualidade? E agora, Chapolin Colorado, quem poderá liberar o fogo de La Binoche?
 


A atriz polonesa que faz Alicja (Joanna Kulig) se cair nas mãos (ôpa) de alguém de Hollywood pode estourar legal. Com quase trinta anos, tem um rostinho de Lolita com big natural boobs e faz uma cena explícita bem...corajosa (fruto da determinação em levar a arte cinematográfica aos seus píncaros, sem o moralismo burguês, imagino eu). Lola (Anaïs Demoustier) não fica muito atrás e embarca na realidade crua (as cenas explícitas do filme são completamente desnecessárias). E eu fiquei pensando: Juliette Binoche, mais uma vez, é de um talento muito acima da média, ela não precisa provar mais nada, há duas ou três cenas em close em que a dona manda ver nas expressões faciais, imbatível. Mas... e não é que, mesmo assim, numa fase da vida que não precisa ganhar mais bilheteria, dão um jeito de mostrar os seios dela, e fazendo com que pareça descuido. Bom, filme é roteirizado, dirigido, ensaiado e editado, não há como não ser proposital.
 

O Panótico (re)vê aqui e agora (279)




Sob o céu de Lisboa
(1994)



Philip Winter (Rüdiger Vogler) é um técnico em sonoplastia alemão que recebe o convite de um diretor amigo, Friedrich, para ajudá-lo em um filme que está sendo rodado em Lisboa (ambos são personagens de obra anterior de Wim Wenders, fato que só fui saber neste instante). Philip vai de carro até Portugal (cenas ótimas) e tenta aprender a nossa língua, com razoável sucesso.
 


Instalado na casa de Friedrich (penso que em Alfama), Philip interage com uns garotos legais que já conheciam Friedrich e curtem brincar de cinema e também com o grupo Madredeus, que para este filme compôs Ainda. O feioso e desengonçado Philip se apaixona pela cantora Tereza Salgueiro e ela o trata como as moças educadas tratam os velhos babões, com respeito e desvelo, mas sem dar esperanças. Eu não sei dizer se o perfil da cantora reforça a imagem careta da cultura portuguesa, ela aparenta ser muito pudica, mas isto é outro assunto.




Philip quer encontrar Friedrich, que não dá as caras e parece estar metido em encrencas. Enquanto isto, temos acesso à poesia de Fernando Pessoa (que Philip traduz erroneamente para o alemão como ninguém/niemand), ao interessante trabalho de sonoplasta artesanal, muitas locações da parte alta de Lisboa (e outras da Lisboa em construção, nem tão interessantes), e às canções do Madredeus. Há também uma tomada com o aborrecido centenário cineasta português Manoel de Oliveira, com uma fala tão cinzenta e soporífera quanto às suas endeusadas obras.




O sumiço de Friedrich se esclarece por meio de uma postura que eu achei positivista da primeira vez que vi este filme, em 1996 (e continuo pensando assim): o diretor Friedrich não queria mais concluir o seu filme porque passou a entender que o cineasta com uma câmera na mão não filma mais do que uma parte da realidade, o seu trabalho de criador deformaria a sua musa e eu perguntaria: precisa desta crise toda para descobrir a América? A solução se dá por força de Philip, que mesmo como sonoplasta é mais cineasta do que o amigo Friedrich.
 
 



Eu não sou fã de Wim Wenders, acho que durante a década de noventa a imprensa e o público enchiam muito a bola dele, era moda dizer que Wenders era o melhor cineasta daquela época, mas este filme, juntamente com o documentário Pina, foi o que eu mais gostei.

O Panótico (re)vê aqui e agora (278)



Alta fidelidade
(2000)


Rob Gordon (John Cusack) é um meninão de uns trinta anos dono da Campeonato do Vinil, uma loja especializada em vinis e cds próxima ao centro de Chicago, voltada para o público alternativo. Com ele trabalham dois funcionários, um tímido fã de Belle e Sebastian e o outro é o bobo John Black, não preciso dar mais detalhes. Os dois funcionários só põem a mão em mulheres quando elas são capas de discos, Gordon foi melhor aquinhoado pela natureza e o seu problema é outro: insegurança, sentimento de culpa por não ter alcançado algo melhor na sua vida profissional, e uma propensão típica masculina de trocar uma relação estável promissora por aventuras esporádicas.
 


Enquanto narra os seus melhores namoros e sofre pela eminente perda de Laura para um vizinho riponga (Tim Robbins), Gordon e os empregados estabelecem quais são as cinco melhores canções sobre temas diversos. Eu me senti atraído por este filme pela capa parodiando A hard day's night, pela presença de John Cusack e por ter o amor por música como sub-tema. Como um dos milhões de jovens das décadas de oitenta e noventa que se reuníam com frequência em lojas de galerias, discutindo sempre sobre as bandas preferidas, e aguardando quando uma vez ou outra aparecia alguma garota com um gosto acima da média para o público feminino, eu sei muito bem o prazer que este universo trazia, mesmo quando redundava em discussões sem fim ou propósito.




Alta fidelidade é, sem dúvida nenhuma, um filme masculino, e masculino jovem. A empolgação de Gordon por uma ex-namorada fútil, blasé e afetada, Charlie (Catherine Zeta Jones), correndo o risco de perder alguém que realmente parecia gostar dele por outra fanfarrona é típico de quem pensa com excesso de testosterona.
 
John Cusack está particularmente ótimo neste filme, e pelo que vejo, este ator anda meio sumido. Dirigido pelo inglês Stephen Frears (Minha adorável lavanderia, Ligações Perigosas, A Rainha e outros) e baseado em obra literária, quando o vi no cinema a plateia saiu divertida, inclusive minha namorada.
 
 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cenas do quotidiano (2)




Sábado passado, durante as aulas de conversação em inglês, o professor perguntou à turma qual seria a pior canção em língua inglesa. Após muitos falarem que seria difícil escolher uma só, quando chegou a minha vez escolhi New York, New York de Frank Sinatra. Perguntado o motivo, falei que a considero muito brega, especialmente se cantada por garotinhos brasileiros em programa de televisão, meio que produzidos apenas para agradar a vovó. Após a rodada geral, eu pedi para indicar mais uma: What a wonderful world, de Loius Armstrong, a canção do afroamericano que comeu o pão que o diabo amassou mas finge que a vida é maravilhosa por medo e bajulação aos patrões brancos. Uma colega, espantada, me perguntou:
 
- Então, de que música você gosta?
 
Só devem existir duas canções no mundo...
 
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Estava fazendo compras no supermercado perto de casa agora há pouco. Eu adotei a dieta vegetariana integral (vegetariano light eu já o sou há mais de quarenta anos), mas fui procurar biscoitos que a minha filha pediu (a saúde é dela). Um cliente me perguntou:
 
- Você tem familiaridade com esta linha de biscoitos? (salgados, sabor pizza).
 
Distraído com a lista de compras e procurando a especificidade que minha rebenta me solicitou, respondi com naturalidade, sem me lembrar que estava falando com um desconhecido:
 
- Não, eu não como nada que faz mal à saúde, sal, laticínios...
 
O cliente não disse nada, mas ficou com uma cara bastante perplexa.
 
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O espanto alheio me espanta.

Educação para quem precisa de educação

Quando eu comecei a fazer História os professores que tinham doutorado eram pessoas vocacionadas, que tinham feito grande sacrifício pessoal para chegar até lá. Com a democratização do acesso à pós-graduação (ou massificação, como queira), há uns quinze anos atrás, ter um doutorado perdeu parte de seu significado. Recentemente eu tive professores-doutores que exibiam uma cultura acadêmica e geral apenas de superfície, conheciam pouco mais do que o objeto de suas teses, demonstravam pouco interesse pelo conhecimento humano e ainda cometiam graves erros gramaticais e lógicos.

Mas, sem querer fazer o pré-julgamento típico das reportagens jornalísticas, uma doutora em Antropologia praticar injúria racial contra um segurança no exercício da função, é algo que eu não tinha visto.

Doutorado hoje não é garantia de educação, nem formal e nem informal.


 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (277)




Os intocáveis
(2012)


Philippe é um rico parisiense vítima de um acidente com paraglider que o tornou tetraplégico (para se ter ideia do poder aquisitivo do homem a casa dele me lembrou alguns ministérios e instituições oficiais que vi para os lados do rio Sena, mas não ficamos sabendo a origem de sua fortuna). Driss é um senegalês recém saído da prisão, tendo cumprido seis meses por furto, que pretende disputar a vaga de enfermeiro de Philippe. Pretende entre aspas, porque Driss quer apenas que três empregadores diversos comprovem a sua intenção de obter um emprego, para fazer jus ao salário desemprego do Estado francês, uma medida salutar, mas pouco eficiente, para impedir que milhares de pessoas se acostumem a este amparo público. Bom, mas isto é outro papo.
 
Philippe era um bon vivant, e possui todas as características de um burguês ilustrado. Nenhum dos candidatos anteriores ao posto de seu assistente sanitário aguentam prestar-lhe auxílio integral por muito tempo. São pessoas razoavelmente qualificadas para suportarem cuidar das necessidades fisiológicas de outrem, estão nessa apenas pelo salário. Philippe percebe que Driss não teria outra saída e o contrata. Driss foi expulso de casa por ter sumido por muito tempo.



Este filme trilha um caminho perigoso: por um lado tem aquela coisa típica do iluminismo francês (ou imperialismo, como queira): vamos ensinar aos demais o que é uma civilização de verdade; por outro lado, resvala para o populismo esquerdista de fundo rousseuniano, à la Trocando as bolas, conhecida comédia com Ed Murphy: dê uma chance ao bom homem do povo e ele vira um artista, ou, pelo menos, se torna uma pessoa integrada à sociedade, capaz de cidadania plena e um senso razoável de coletividade (não estou ironizando, o caminho é mesmo por aí). Além disso, substituíram o marroquino real que fundamentou o filme por um fictício senegalês, numa óbvia tentativa de levar o espectador a refletir sobre os seus próprios preconceitos.
 



Independentemente desta contextualização, Os intocáveis é realmente uma comédia muito engraçada, diverte e emociona (mesmo) e consegue atingir o humanismo na sua melhor forma, quando pessoas ultrapassam suas divisões e se enxergam como amigos. Philippe quer a juventude, a inocência e o gosto de viver de Driss, que, por sua vez, quer o american dream personificado por Philippe. Esta comédia tem sido tratada como uma espécie de redenção total do cinema francês, mas acho que aqui há dois exageros: primeiro porque é um filme muito americanizado, bastaria trocar Paris por Nova York ou Los Angeles, Philippe por um estadunidense não  muito texano, e Driss por um portorriquenho ou mexicano, por exemplo. O segundo exagero diz respeito à hilariedade do filme: você não vai rir a ponto de querer fazer pipi nas calças. Mas há unanimidade que foi a grande atração do último festival Varilux de cinema francês, e eu acredito nisto.
 
Baseado em fatos reais, a partir da obra de Abdel Sellou, Você mudou a minha vida, o verdadeiro Driss, na foto abaixo com o verdadeiro Philippe.
 
 
 
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (276)




Casa Vazia
(2004)


Um jovem motoqueiro sulcoreano deixa panfletos comerciais na porta das residências de Seul. Inicialmente imaginei se tratar de alguém fazendo propaganda do próprio negócio de alimentos a domicílio, pois me parece improvável um motoboy andar de BMW 1200cc ou equivalente. Na verdade, o rapaz retorna às casas em que deixou a propaganda na maçaneta, utiliza ferramentas de punguista, adentra o domicílio, verifica na secretária eletrônica se a família ou residente deixou recado avisando por quanto tempo estaria fora, e se muda para o local por alguns dias. De lambuja, faz pequenos consertos eletromecânicos, sempre ouve o mesmo cd, e se fotografa como se quisesse fazer parte da família alheia. Depois se vai sem deixar pistas de que alguém esteve por lá.



Após sair de um apê de uma típica família de baixa classe média, - casal jovem com filho e muita infelicidade-, o protagonista invade uma mansão de um executivo. Acreditando estar lá sozinho, passa a ser silenciosamente observado pela dona de casa vítima do marido violento. O garoto fica babando nas fotos da casada, e ela se deixa seduzir pelo estranho. Quando o marido retorna, o intruso a defende de uma nova surra e ela decide sair de casa subindo na garupa do motoqueiro.
 

 
 
Deixei de ver este filme anos atrás por causa da capa. Pensei se tratar do drama de uma pobre mulher indecisa entre dois amores, típico tema que me enche de tédio. Para gostar deste filme, o que não é difícil, se faz necessário não querer aproximá-lo demais da realidade. É claramente uma obra de ficção, daquelas que gostam de dizer que pouco se sabe sobre a realidade objetiva, e dá mais valor ao sonho de cada um. O tema central parece ser a harmonia desejável entre um casal e isto somente ocorre com os protagonitas, que se entendem sem jamais terem trocar um diálogo, e numa bonita rua de casas em Seul, onde um outro casal cuida do lar, dos seus móveis e de suas plantas como se fosse o próprio fundamento de sua relação.
 
Eu diria que é um filme nouvelle vague asiático.
  
 
 

sábado, 1 de setembro de 2012

My 1972 best loved rock albums (9)


Transformer
(Lou Reed)

Eu ouvi Lou Reed pela primeira vez com o Velvet Underground, mas somente no final da década de oitenta. Apesar de conhecer de nome desde há muito tempo nunca vi cds ou álbuns à venda e ninguém que os tivesse. Acho que aqui em Minas o Velvet não teve muitos fans originais, somente mais tarde, por influência da imprensa inglesa, estadunidense e paulista que incensava o pós-punk.

Há idiossincrasias do álbum que não me tocam. Vicious é uma música muito boa, só isto, o lado junkie do rock (um lado bem vasto, reconheço) nunca me seduziu. O nome Transformer teria a ver coma esposa transexual de Reed, Rachel, eu acho.

Produzido pelo guitarrista de Bowie, Mick Ronson, o disco poderia ter sido mais um do Velvet Undergound. Transformer é o segundo álbum solo de Lou Reed, e antecede a Berlin, outro marco. Após isto não me recordo de mais nada de Lou Reed que fosse muito significativo, mas ele é daqueles caras semelhantemente à ídolos de MPB, que podem fazer o que for que conta com a simpatia da imprensa estabelecida.

A minha preferida é Perfect Day.



My 1982 best loved rock albums (9)




I advance masked
(Robert Fripp & Andy Summers)

Em 1982 eu já era fã do King Crimson e tinha curiosidade sobre o The Police. Por um lado me parecia uma banda pop qualquer - conheci-os por meio do vídeoclip de De do do do da da da que rolava direto no Chacrinha - mas sentia qualidade na banda. E aí o guitarrista Robert Fripp gravou este disco (importado no Brasil) com Andy Summers, guitarrista da banda de Sting. Passei a ver o Police de outra forma e ficou claro para mim a competência de Andy Summers, Robert Fripp era aval para qualquer currículo. I advance masked é todo instrumental, com farto predomínio de guitarras e sintetizadores Roland e Moog, lógico, mas não se trata de guitarreiros solando a esmo, mas de músicos virtuosos, com grande domínio técnico. É um álbum que por vezes não empolga, há exercícios disciplinados de ambos, mas é mais tranquilo e intimista do que o Robert Fripp tradicionalmente fazia com o King Crimson.



 
 
Obs.: o vídeoclip é bem feio, beira o ridículo, mas dá para conhecer o som.

Para quem é fã do Yes.