Juiz de Fora

sábado, 30 de abril de 2011

Licença para aperfeiçoamento profissional


Finalmente, vou ter meio período de tempo livre para dedicar-me ao mestrado. Eu preferia que fosse integral, como nas universidades federais, mas é melhor que nada.

"I want a vote, not a wedding"


Nem todo mundo no Reino Unido gosta de pagar tributos para os milionários darem festa de milionários. O movimento republicano inglês organizou uma festa popular pelo direito de eleger os seus chefes de Estado, e não serem dirigidos por soberanos, como na monarquia.

Maiores informações em: http://www.facebook.com/republiccampaign; http://www.republic.org.uk/

sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (99)


A culpa é do Fidel
(2007)

Assim como em My queen Karo, aqui também os pequenos pagam pelas utopias dos pais, mas tem troco. Anne (Nina Kervel), uma garotinha francesa muito inteligente, com uns dez anos, é filha de Fernando, um advogado espanhol (Stefano Accorsi) autoexilado em Paris e casado com Marie, uma jornalista parisiense da Marie Claire (Julie Depardieu).



Em plena 1970, o pai, com remorsos por ser de uma família de franquistas e com uma irmã comunista viúva pelo suicídio do marido perseguido pelo regime de generalíssimo, resolve, juntamente com a esposa, arrumar as malas e ir fazer la revolución durante o governo socialista de Allende, "historia muy conocida de nosostros". A menina, juntamente com o irmão caçula, fica morando com os avós, e, contrariada, com toda a razão, quer tentar entender as atitudes dos pais.



Após um ano os pais voltam mais vermelhos do que nunca, e passam a fazer do minúsculo apartamento um aparelho em prol de tudo o quanto é luta que podem abraçar. Os filhos são claramente sacrificados em sua infância, e a danadinha da Anne faz valer os seus pontos de vista e a todo o momento quer confrontar e expor aos pais as suas incoerências.



Este primeiro filme de Julie Costa Gravas, filha do Constantin, que coincidência, é simplesmente encantador. Inteligente, cativante, analítico, bem-humorado, com personagens que despertam a empatia do público, - nestes tempos de glorificação de seres bizarros tanto no cinema como na mídia informativa, ah!,  que beleza ver um filme com neuróticos normais, rs...


terça-feira, 26 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (98)


Muito mais que um crime
(1989)


Depois de ter assistido sozinho Turnê em um cinema colado em casa fui ver outros em dvds. E este Music Box, do grande diretor Costa Gravas me empolgou bastante. Mikhael Laszlo (Armin Mueller Stahl) é um imigrante húngaro naturalizado estadunidense e morador de Chicago. Surprendentemente o gente-boa, bom pai, bom avô e bom vizinho é acusado de ter sido um torturador da SS em Budapeste durante o holocausto. Sua filha Anni (Jessica Lange, melhor do que de costume) é advogada e assume a sua defesa em um processo de extradição movido pelo governo magiar. Malgrado os equívocos processuais típicos de filme jurídicos - os quais somente os operadores de Direito vão detectar - o que não atrapalha em nada a compreensão da trama, esta é uma obra de primeira linha em todos os aspectos: Costa Gravas (diretor de Z e Missing, dentre outros) concilia o modo holywoodiano de narrar um filme, com sequências e tomadas de câmera que prendem a atenção de qualquer um (fora os arquétipos psicológicos) com a inteligência crítica do cinema mundial.


Os depoimentos das vítimas do carniceiro "Mischka" abalam as convicções da filha sobre a inocência do pai...




A nossa dúvida é permanente, e Costa Gavras brinca com as nossas convicções, nos obrigando a não prejulgar, a não concluir pela culpa ou inocência alheia sem o devido processo legal, a duvidar das falhas do sistema judiciário, mas simultaneamente acreditar naqueles que procuram justiça. Ah, e também por que não: a compreender um pouco porque advogados criminalistas atuam como atuam. Valeu, Constantin!


O Panótico vê aqui e agora (97)


Turnê
(2010)

Mathieu Amalric foi um ator que me chamou a atenção em Munique, como o filho do chefe da fictícia organização Le Groupe que fornecia armas e recursos para o terrorismo antiterrorista liderado por Avner. De minha parte eu fico feliz quando o cinema revela novos atores não-estadunidenses. Depois o vimos como um vilão no segundo James Bond de Daniel Craig. Agora o homem resolveu ser diretor. Independentemente disto, eu devo dizer: que filme ruim!




O protagonista é um misto de mané, picareta e enrolão que leva umas strippers balzaquianas, para não ser indelicado, por uma turnê pelo litoral francês. Parece que o sujeito era dono de um teatro em Paris, mas este foi penhorado na execução de dívidas. A personagem de Mathieu não é engraçada, não é patética, não é tragicômica, não tem carisma. Sabe aquele cara meio sonhador, meio estelionatário que existe por aí? O tipo do sujeito que você quer distância? Pois então. E as "moças"? Uma combinação de breguice e ignorância colossal digna de À prova de morte de Tarantino. Se o interesse do espectador é pelas vítimas da dispersão sou mais os filmes dos irmãos Coen. Este filme não tem rumo, e não diz a que veio. Deve ser bom morar na França e poder jogar dinheiro, tempo e credibilidade pelo ralo.




segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Panótico lê aqui e agora (15)



O império do efêmero
(Gilles Lipovetsky/ed.2009)


Decidi dar um pequeno break nas minhas leituras literárias porque já se estão acumulando e misturando o prazer com o dever, e assim, ao ler Rubião e Murilo Mendes, por exemplo, já não consigo distinguir mais o que é deleite do que é obrigação. Assim como os gregos antigos eu gosto de conhecer por conhecer, não gosto de ler pensando que o meu yakisoba vegetariano de cada dia depende disto. Se um dia eu chegar à conclusão de que estou fazendo o meu mestrado em Literatura movido apenas por interesse econômico eu chuto o pau da barraca. Estudar sem prazer não dá.



Bom, para evitar que isto aconteça eu me rebelo um pouco e busco outras leituras, e este O império do efêmero veio bem a calhar. Uma das atividades humanas que menos me provoca interesse é a tal da moda. Adolescente na década de setenta, e por alguns anos católico praticante, sempre identifiquei a moda como futilidade, ostentação, pobreza de espírito, maria vai com as outras, falta de personalidade, etc. Assim, por exemplo, as reportagens sobre moda não conseguiram de mim nenhum segundo de atenção. Ah, claro, foi fácil identificar a moda como assunto privado de dondocas e pessoas com imensa ansiedade por chamar a atenção alheia.

A formação em História consolidou esta impressão: moda é um produto do capitalismo: uma peça do vestuário que duraria alguns anos vai ser deixada de lado porque a indústria quer que você compre outra logo, de preferência mudando tudo pelo menos a cada seis meses. É a vitória da aparência sobre a essência, é mais um traço de poder econômico e exclusão social, etc. No filme Prêt-à-porter, o fotógrafo de moda vivido por Stephen Rea afirma: "Eu ganho dinheiro com a insegurança dos outros"...



Mas professor de História precisa estar atento a tudo o que diz respeito às sociedades humanas, e de uns vinte anos para cá a moda foi adquirindo um peso cada vez maior nas decisões econômicas globais. Quem diria que até técnico bronco de futebol, como o Dunga, iria dar atenção ao próprio vestuário?!




Esta obra de Gilles Lipovetsky, um acadêmico com sólida formação filosófica, aborda isto tudo que a intuição de qualquer pessoa crítica é capaz de detectar, mas com qualidade acadêmica e com a seriedade de quem se debruçou sobre o tema. E aí o autor nos chama atenção sobre algumas coisas:

1. A moda não é um fenômeno universal, ahistórico, antropológico. Ela surgiu com autonomia somente a partir de meados do século XIV. O vestuário até então existente nas diversas sociedades seguia padrões pré-estabelecidos, e não tinham relação com a originalidade, a novidade, ou a individualidade.


O casamento dos esposos Arnolfini, de Jan Van Eyck (1434). Segundo Lipovetsky o ventre "é sublinhado por saquinhos proeminentes escondidos sob o vestido". (p.31)

2. A moda é um sintoma do pequeno interesse pelo coletivo, o comportamento do eleitor se assemelha ao do consumidor, os indivíduos estão atomizados.

3. "A Moda produz inseparavelmente o melhor e o pior, a informação 24 h por dia e o grau zero de pensamento".

4. "A Moda consumada vive de paradoxos: a inconsciência favorece a consciência; suas loucuras, o espírito da tolerância; seu mimetismo, o individualismo; sua frivolidade, o respeito pelos direitos do homem. No filme acelerado da história moderna, começa-se a verificar que, dentre todos os roteiros, o da Moda é o menos pior."


O silêncio dos inocentes banca este luxo todo.


Lipovetsky escreve sobre o tema há mais de vinte anos, esta obra é de 1987, e em entrevistas ele deixa transparecer a sua admiração pela moda, e até já andou faturando por se associar a eventos do ramo. A leitura de Império do efêmero não vai fazer com que eu ache normal alguém pagar milhares de reais por peças do vestuário, e nem a me regozijar com as pessoas quando saem por aí, orgulhosas, a dizer que estão endividadas no cartão de crédito por adquirirem roupas que não vão usar e nem podem pagar. Isto tudo é irracional, frívolo e doentio demais para mim. Também não acredito que vai me permitir ter novas experiências estéticas e morrer de admiração pelo trabalho dos artistas da moda. Não passei a gostar de rock progressivo, por exemplo, aos quatorze anos, por meio de algum texto filosófico que me abriu os olhos. Gosto é muito pessoal, e tem pouco a ver com a educação dos sentidos. Mas se eu entender um pouco melhor como funciona esta indústria a leitura terá valido a pena.


domingo, 24 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (96)


NOKAS
(2009)



Este filme norueguês é bem interessante, pelo menos por duas razões: primeiro porque há amplas tomadas de Stavanger, uma cidade do sul da Noruega que provavelmente eu não visitarei. Acho muito legal o cinema, assim como documentários televisivos, nos darem a oportunidade de conhecer o mundo, particularmente locais que são interessantes exatamente por não serem turísticos. A segunda é que este filme realiza, de fato, um clichê manjadíssimo de quem lê crítica de filmes: a tal da câmara como protagonista.



Aqui realmente não há nenhuma personagem que ocupe o centro da trama, há uma meia dúzia que têm peso equivalente. Mas a danada da câmera não pára um minuto, tipo jornalismo de ação, e ficamos até meio zonzos, meio com vontade de dizer para o cinegrafista dar umas paradinhas de vez em quando.

NOKAS é uma espécie de centro de distribuição de dinheiro da Noruega, não é exatamente como a Casa da Moeda, mas eu não conheço instituição equivalente aqui no Brasil para poder exemplificar. O fato é que nesta cidade petrolífera, pesqueira e universitária de quase duzentos mil habitantes, uns dez ladrões resolveram, e conseguiram, roubar cerca de dez milhões de euros, em abril de 2004, em uma ação que durou cerca de vinte minutos. Um policial solitário abre fogo contra os sentinelas dos criminosos em uma praça com civis caminhando - uma atitude "heroica" que ao meu ver não se justifica - e o bicho pega fogo.



O filme podia ser um pouco maior (apenas 87 min), e a direção é de Erik Skjoldbaerg, o mesmo de Insônia (1997), com Al Pacino.


sábado, 23 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (95)



London River
(2009)

Em 07 de julho de 2005 Londres sofreu um atentado da Al Qaeda, aquele cuja paranoia custou também a vida do brasileiro Jean Charles de Menezes por um grave erro da Scotland Yard, história bem conhecida e já filmada, além de mais cinquenta e duas vidas.



Uma agricultora da ilha de Guernsey (dependência britânica bilíngue: francês e inglês), Elizabeth vai para Londres atrás de sua filha que não lhe retorna os telefonemas desde as horas do atentado ao metrô. Paralelamente, o afromuçulmano Ousmane (representado por um ator malinês) vai da França para Londres à procura do filho que lá se encontra, com a intenção de cumprir a promessa que fez para a esposa de retornar com o filho para casa.



A angústia e o sofrimento de viverem a vulnerabilidade do atentado, e a fragilidade da vida em si, provocam nas personagens, e no espectador, uma bela defesa da tolerância. Independentemente de já ter lido duas resenhas favoráveis a este filme em blogues individuais, fiquei com a sensação, assim que comecei a vê-lo, de que se trata de um filme significativo.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

T.V.Glotzer (24)


UFO
(1969/70)



Em 1976 eu morava em Belo Horizonte, estava na antiga sexta série e gostava de ver esta série britânica na então TV Itacolomi, reprodutora da TV Tupi na capital mineira. A série baseava-se num futuro "muito" distante (1980, dali a quatro anos) e eu ficava maravilhado em pensar que conheceria telefones sem fio e outras novidades tecnológicas. É impressionante como, já o disse aqui, ao produzir um filme situado no futuro se reproduza certas características de sua época: neste caso, laquê no cabelo, maquiagem pesada e cabelos semicompridos dos homens, microssaias, além de detalhes como mobília e decoração, tudo típico do final dos anos sessenta.







UFO foi criação do casal Gerry e Silvia Anderson, responsáveis por Thunderbirds e Joe 90, animações com bonecos, já resenhados aqui. Uma organização secretíssima do governo britânico, a SHADO é responsável por proteger a Terra de extraterrestres que abandonam um planeta em extinção e vêm buscar a sua salvação na Terra, invadindo os corpos humanos, já que não conseguem sobreviver em nossa atmosfera com sua estrutura molecular por mais de dois dias. Mais eu não me recordo. Não sei por que a série não foi além de seus primeiros vinte e seis episódios. 



O Panótico vê aqui e agora (94)












Mon Oncle
(1958)

Este filme é puro cinema. O humor na era da ingenuidade, mas em pleno auge da Guerra Fria. A crítica bem-humorada numa era pré-maio de 1968. O humano versus o tecnologico. Os valores permanentes versus os efêmeros. Quem já foi criança vai gostar. Jacques Tati dirige e protagoniza como o chapliniano Monsieur Hurlot, o desempregado tio de um garoto que habita uma casa cheia de recursos e permanentemente ensolarada (a Vila Arpel), em um subúrbio de Paris. Esta obra prima influenciou diversos filmes e desenhos. Se você viu Eduardo Mãos de Tesoura, Amélie Poulain e O Ilusionista vai perceber as referências. Sem legendas, as falas são compreensíveis pela linguagem corporal.

Nome aos bois (18)


quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (93)


Minha rainha Karo
(2009)



Ravel é flamengo (belga de fala holandesa) e Dalia é valã (belga de fala francesa), são casados, pais de Karo e mudam para Amsterdan meio que fugindo da Bélgica. Trintões, e de extrema-esquerda, invadem um imóvel desocupado e juntamente com correligionários lá "organizam" uma comunidade alternativa. Inicialmente, Karo é a única criança, e convive com adultos que andam seminus a maior parte do tempo, se drogam e fazem sexo na frente uns dos outros. Aparentemente a menina não se abala, até que vê o pai "revolucionário" dar uns amassos em outra "revolucionária" (Alicia) que tinha acabado de conhecer em um protesto. A amante Allicia vai, juntamente com um casal de filhos, também morar na comunidade, e Ravel, a título de libertação, quer que a esposa Dalia aceite a bigamia.



Coitada da cabeça da pequena Karo. A menina vai ter que se rebolar para manter a família unida e conseguir estabilidade emocional no meio desta bagunça.



Crianças são crianças, querem proteção, atenção e estabilidade. Não são obrigadas a abrir mão da própria felicidade em nome das utopias - e neuroses - de seus pais.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Enaldograma a Murilo Mendes



Murilo, Murilinho, Murilão
Assim não dá, assim não dinho, assim não dão.
Tão te confundinho com Derridão, com Derridinho, com Derrida.

Você, que nunca foi judião,
Você, que nunca foi argelão,
Mas, você bem que era chegado à uma desconstrução.

domingo, 17 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (92)

Em um mundo melhor
(2010)

Um médico sueco (Anton) é voluntário em uma nação centroafricana em plena guerra civil ao passo que se divorcia da esposa dinamarquesa, também médica, que mora com um filho adolescente e outro menor em uma pequena cidade litorânea na terra de Hans Christian Andersen. O primogênito (Elias) é vítima de bullying na escola devido aos seus dentes proeminentes.



Um executivo sueco que trabalha em Londres perdeu a esposa com câncer e deixa o filho adolescente vivendo com a avó paterna na mesma cidade dinamarquesa. O filho (Christian) está no ápice da dor e revolta pela morte da mãe e resolve fazer justiça, ou vingança, contra o valentão que atormenta o pobre Elias, seu novo colega de sala.



Mas não pára por aí. O pai de Elias é injuriado por um grosseiro mecânico, e o pequeno Christian, cada vez mais justiceiro, passa a tramar contra o novo valentão do momento, agora um adulto.



Este filme surpreende-nos, dá uma lição como as tragédias gregas, nos faz pensar. O "covarde" médico Anton vai se agigantando na história, e nós que nos identificamos com as razões doloridas do garoto Christian somos levados a repensar os desdobramentos da violência.



Assistir a este filme que apequena O discurso do rei e evidencia a futilidade de O cisne negro foi um dos grandes prazeres deste fim de semana. Já Hollywood, puf...