Juiz de Fora

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Panótico (re)vê aqui e agora (281)




I como Ícaro
(1979)
 




Em uma potência ocidental e republicana indefinida  (EUA, não há qualquer dúvida disto) o presidente Jary é assassinado enquanto passeava em carro aberto por uma grande cidade (Kennedy, idem). Uma comissão de autoridades estuda o homicídio e conclui que o suposto assassino se suicidou logo após o tiro bem sucedido. O chefe do Ministério Público, Procurador-Geral Henri Vorney (Yves Montand) não engole a farsa e usa sua equipe e seus poderes de investigação para descobrir quem, ora bolas, matou o presidente!
 


Em 1982 um amigo cinéfilo falou-me de um filme no qual uma experiência desenvolvida por psiquiatras universitários (pesquisa verídica na Universidade de Yale, no início dos anos sessenta, no filme como pesquisa da fictícia Universidade de Laye, um anagrama) demonstrava que uma pessoa seria capaz de começar uma guerra nuclear se confiasse na ordem de uma autoridade superior, e assim eu conheci de nome este filmaço que é I como Ícaro.




Dois anos depois, em uma longa greve universitária, fui até o campus da UFJF ver um ciclo de filmes franceses em videocassette anteriormente agendado, um quase luxo (na minha casa meu pai ainda não tinha comprado um VCR, ê pobreza). Não foi o primeiro filme de conspiração que eu via, mas foi o primeiro inteligente, com explicação minuciosa e convincente, que demonstrava as falhas humanas dos conspiradores e as dificuldades operacionais dos agentes da lei. A tese do Estado dentro do Estado vai sendo gradativamente exposta ao espectador, é talvez um pouco didático, mas não ofende a inteligência de ninguém. A famosa cena da experiência psiquiátrica ludibria o protagonista (a nós, também) e eu me identifiquei particularmente com a figura honesta do democrata promotor de justiça Vornay, que vai juntando as peças da conspiração.




Dirigido por Henri Verneuil, do ótimo A 25.ª hora, com Anthony Quinn, por muito tempo acreditei se tratar de um filme do grego Costa Gravas, dada a sua similitude com Z. Recomendo vivamente I como Ícaro para quem gosta de filmes políticos.
 

Um comentário: