Juiz de Fora

sábado, 23 de julho de 2016

Berlim (www.enaldoviajando.blogspot.com.br)





Eu e Matilde viajamos para Berlim por dezessete dias (04 a 21 de julho). Conhecemos mais quatro cidades em bate-e-voltas (Oranienburg, Potsdam, Leipzig e a deslumbrante Dresden). Foi a viagem mais intensa que tivemos. Visitamos dezesseis museus, uns quinze shoppings, andamos de trem, metrô, ônibus municipais e regionais, bonde, dezenas de vezes, assistimos um concerto de música clássica e um show de rock gratuitos e ao ar livre, nos fartamos de gastronomia chinesa e turca e tirei cerca de três mil fotos e quinhentos vídeos. Vou fazer o relato aqui ao longo dos próximos meses. Acompanhe-nos e dê o seu comentário. É muito importante para mim. Os vídeos serão publicados diariamente no meu canal no YouTube.

P.S. Os meus comentários sobre filmes e livros (continuo vendo e lendo aos montes) eu retomo um dia.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Homem irracional (430)


Homem Irracional
(2015)



Abe Lucas (Joaquin Phoenix) é um professor de Filosofia em crise, a caminho do alcoolismo, deprimido por ter sido abandonado pela esposa, e pelo assassinato do amigo, um jornalista no Iraque. Vai para uma pedante e bucólica cidade universitária da Nova Inglaterra e vira alvo da atenção das fofocas de colegas e alunos. Uma muito confiante universitária mimada filha de professores universitários, a cara-de-menina-com-voz-autoritária Emma Stone, que faz o estereótipo "eu banco a intelectual, mas gosto mesmo é do meu corpo", começa a se sentir atraída pelo homem maduro que sofre, finge sofrer mais do que deveras sofre. A gente sabe desde o início que os dois vão para a cama. O professor finge que não leva a garota a sério, e a mesma se diverte com o próprio poder de sedução.

Woody Allen dá a senha ao colocar na fala do professor:"Dostoievski sabia de tudo". Deve ser o quarto ou quinto filme em que o grande e divertido cineasta vem com as mesmas questões de Crime e Castigo. 

Só que este filme é ruim. Quem sabe o próximo.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Asterix e o papiro de César - vol.34 (42)




Júlio César escreve o seu Comentários às Guerras na Gália (por meio de ghost writers, escribas númidas mudos) e o seu publicitário decide suprimir o capítulo que trata da aldeia indestrutível de Asterix). Um númida passa o capítulo a um jornalista da época que sabendo fa importância do papiro busca refúgio na aldeia dos irredutíveis.

Este é o segundo volume de Asterix escrito e desenhado por Ferri & Conrad (o autor René Goscinny faleceu em 1977 e o desenhista Albert Uderzo, que escrevia e desenhava desde Obelix e Companhia está com oitenta e oito anos). Uderzo manteve a tradição das histórias de Goscinny durante o século passado, depois as história passaram a contar com temas como Atlântida e extra-terrestres. Eu fico dividido com o trabalho destes novos criadores. Por um lado acredito que os fãs gostem de ver a continuidade das aventuras, por outro tanto este lançamento como o anterior (Asterix entre os pictos) pecam enormemente pela falta de um enredo cativante e fundamentado.

O desenho ganhou uma certa leveza, há alguma inovaçãonos traços, mas não gostei das licenciosidades com os personagens, e nem com a preocupação em serem engraçadinhos.

Fã há quarenta anos, eu esperava coisa melhor. (ed. Record, 2015, 48p. R$32,00)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O regresso (429)


O regresso
(2015)


Dakota do Sul, 1823. Hugh Glass (Di Caprio) é um explorador e negociador de peles que trabalha para companhias comerciais e para o exército estadunidense. Matando bisões para retirar peles em pleno território dos arikaras (rees) Glass é atacado e mortalmente ferido por um urso, após fugir de uma retaliação por parte dos nativos da região.. Um dos membros de sua expedição, - recebendo uma gorda comissão para protegê-lo-, o trai e ainda mata o seu filho adolescente pawnee durante uma discussão. Glass é abandonado, trava nos dias seguintes uma sofrida luta por sobrevivência e por vingança.

Em 1978 assisti um filme sobre um soldado que foi abandonado pelos colegas, mas consegue sobreviver em pleno inverno nas Rochosas e depois desiste de se vingar. Achei o filme ruim, eu tinha treze anos, e um tio me explicou a importância do perdão na história.

Eis que agora fico sabendo que se tratava de Man in the Wilderness, com Richard Harris (1971) e este novo de Alejandro Iñárritu tem por base a mesma autobiografia de Hugh Glass (1780-1833)

Dois elementos me dificultaram contextualizar a obra: o indígena, há um moralismo dos nativos contra os exploradores, algo bem latino-americano (Inárritu dirigiu Babel, uma ótima fábula sobre globalização) que não consta do filme anterior (e também não da autobiografia, ao que parece) e a presença de franceses, inexistentes como problema político nos EUA independentes (faria sentido meio século antes).

É um filme tenso, denso, dramático, muito realista, com bela paisagem da região montanhosa do rio Missouri (Dakota e Montana), bela trilha de Riuchi Sakamoto e DiCaprio sempre talentoso, é um ator que não entra em roubadas. O público que foi até o cinema esperando alguma aventura hollywoodiana saiu meio chué do cinema.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A grande aposta (428)


A grande aposta
(2015)


Nova York, 2000-08. Um agente financeiro arrogante, ambicioso e autoritário (Ryan Gosling) narra retrospectivamente as origens da crise capitalista de 2008. Inicialmente tomamos conhecimento que no final dos anos setenta um corretor de seguros criou uns papéis vinculados às hipotecas imobiliárias que se tornaram a alegria de corretores e bancos. Em seguida vai narrar a história de de três personagens que anteviram a crise de 2008: um ex-neurologista que sofre de Aspenger (Christian Bale) e fera em finanças decide apostar pela falência de bancos e a da bolha imobiliária. O narrador que quer faturar com a crise, um banqueiro e sua equipe revoltada contra o capitalismo (Steven Carell) e um ex-financista hippie (Brad Pitt).

Este inacreditavelmente excelente filme que não perdoa o sistema e ninguém vale por tudo: brilhantes interpretações de Goslin, Carell e Bale estão muito acima da média. As explicações básicas sobre termos, conceitos e tramoias econômicas contam com a colaboração de alegorias por parte de pessoas que não são do ramo. O filme todo é em tom de comédia. Simpatizamos com a angústia da personagem de Carell, lutando contra a fraudulenta e especulativa máfia financeira. Baseado em obra homônima do jornalista investigativo Michael Lewis.

Assistirei novamente assim que puder.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A morte de um samurai (427)


Hara-kiri: a morte de um samurai.
(2011)



Japão feudal, séc.XVII. Um ronin (ex-samurai que está desempregado e vive de banditismo, atuação mercenária ou simples mendicância) vai até o castelo de um senhor feudal que se encontra ausente e pede ao seu chefe militar que autorize praticar seppuku (ou hara-kiri, não sei se há diferença de conteúdo) no pátio da fortificação. O chefe confabula com o seus imediatos e decide demover o ronin de seus propósitos. Para isto narra a história recente de outro ronin que fez a mesma solicitação apenas como chantagem emocional para arrancar uns trocados.

Os filmes do japonês Takeshi Miike exigem estômago. Já foi comparado com Tarantino pela violência extrema,mas em Tarantino há uma certa caricatura, aqui não, é dramaticidade intensa. A fotografia do filme é belíssima, os cenários nos reportam com fidedignidade ao mundo do Japão "medieval". Os temas aqui são os códigos de honra em um mundo de privações. Gostei muito. No Netflix.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Os 8 odiados (426)


Os 8 odiados
(2015)

Wyoming, por volta de 1870. Dois caçadores de recompensas (Kurt Russell e Samuel Jackson) se encontram em uma baita nevasca a caminho de Red Rock, a capital daquele estado. John Ruth (Kurt Russell) leva a condenada por homicídio Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para ser enforcada em troca de uma recompensa de dez mil dólares, ao mesmo tempo em que o ex-escravo e ianque Major Marquis Warren leva alguns condenados, mas estes já devidamente mortos. Ruth prefere arriscar entregando os criminosos ainda vivos, pois gosta de ver a sua execução. Ao longo do caminho topam com um ex-bandido e confederado racista que alega ser o próximo xerife de Red Rock. Com a tempestade de neve se agravando eles resolvem dar uma parada em uma estalagem conhecida de ambos, mas não encontram os proprietários que foram viajar. Lá estavam, no entanto, quatro homens com diferentes histórias e motivos (um carrasco, um general confederado, um empregado mexicano e um errante).

Este filme não é tão empolgante quanto Bastardos Inglórios ou Django Livre, mas ainda assim vale as três horas de projeção. Destaca-se a excelente interpretação do londrino Tim Roth, como Oswaldo Mobray, o carrasco inglês, e o fato de que a violência em cadeia dos filmes de Tarantino somente se inicia na segunda metade do filme, mantendo uma boa tensão desde o início. Talvez Tarantino tenha errado em novamente fazer um faroeste com a tônica do racismo para todos os lados. Não vi razão para o título. É um ótimo suspense.

Assisti em um shopping local, com grande lotação, muitos jovens ligando constantemente o celular e um frio danado devido ao ar-condicionado com temperatura mais baixa do que o razoável.(meia: R$9,50)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Número Zero (41)



Milão, 1992. Colonna é um homem de meia-idade que trabalha com jornalismo, abandonou uma universidade e se considera um perdedor. É contratado para criar matérias fantasiosas para os primeiros números pilotos do jornal Amanhã, de propriedade do "Comendador" um empresário rico que quer mostrar que é capaz de criar um jornal que funcione como gazua para sua entrada na elite política italiana. Colonna trabalha com uma equipe que vai se especializando em criar e manipular notícias com muito cinismo. O seu colega de redação Bragadoccio lhe fala de uma conspiração que teria tramado a "falsa" morte de Mussolini em 1945, envolvendo Máfia, Loja Maçônica P2, a CIA, o Vaticano, a Democracia Cristã e os neofascistas.

Francamente, quando comprei esta obra fiquei com um pé atrás. Eco escreve sempre muito bem e extensamente. Já li umas obras suas, ficção e acadêmicas, e este me pareceu sua criação menos frutífera. Repleto de diálogos que narram como a imprensa fabrica e manipula o que bem entende, não chega a ser um livro ruim, li-o em dois dias somente, mas o enredo e a trama não empolgam, ainda que envolva conspirações. Vamos ficar assim:se você o lê não perdeu nada, mas se tiver outras prioridade deixe-o de lado. Se nunca leu nada ficcional do grande semiótico de Alessandria eu indico Baudolino (li quatro vezes, nunca fiz isto com outro livro qualquer)

ECO, Umberto. Número Zero. 3.ªed. São Paulo: Record, 2015. 207p. R$35,00

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Reze para o diabo voltar ao inferno (425)


Reze para o diabo voltar ao inferno
(2008)



Libéria 1989-2005. Charles Taylor é um político e economista liberiano que após estudar nos EUA voltou ao ser país natal para roubar (1980-86), iniciar uma guerra civil (1989-97), governar como tirano (1997-2003) e está preso desde 2012 por milhares de crimes. Este filme trata da união de mulheres cristãs e muçulmanas pelo fim da guerra civil na Libéria (2003)




Na década de noventa eu tinha certeza absoluta que a África era um continente sem esperança. E não engolia a explicação simplista de que todos os problemas africanos eram resultado direto do imperialismo. A pobreza e a guerra civil do continente africano não tem explicação satisfatória sem levar em conta os interesses partidários, os conflitos étnicos e culturais.

Eu tinha noção sobre o contexto de Libéria e Serra Leoa por força dos filmes O senhor das armas e Diamantes de Sangue. Nunca tinha ouvido falar deste grupo de mulheres que soube encurralar tanto governo como oposição,ambos uns facínoras interessados em dinheiro, poder e violência extrema. De certa maneira elas foram precursoras da Primavera Árabe.

Excelente documentário, muito realista e sem apegar para a pregação gramsciana típica de documentários de esquerda.

No Netflix.

No calor da noite (424)


No calor da noite
(1967)




Mississipi, 1967. Um empresário é encontrado morto em uma pequena cidade (a fictícia "Sparta") por um policial. Este sai à procura do suposto assassino e prende Virgil Tubbs (Sidney Poitier) enquanto aguardava um trem para Memphis. Tubbs sofre racismo da parte do chefe de polícia Gillespie (Rod Steiger) mesmo após se identificar como policial de Filadélfia. O seu chefe no norte pede para que colabore na solução do homicídio, mas ninguém o quer na cidade, com exceção da viúva que condiciona somente continuar com os investimentos do falecido marido na cidade somente se Tubbs for admitido na investigação.

Este premiadíssimo filme é muito bom. Não só a investigação em si é muito intrigante, como a caracterização das posturas e mentes racistas do sul, sem apelar para caracaturas em momento algum ou idealizações gramscianas e politicamente corretas.

No Netflix.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O fantástico mundo de Juan Orol (423)


O fantástico mundo de Juan Orol
(2012)


Juan Orol (1897-1988) foi o nome artístico de um cineasta nascido na Galícia e que fez carreira no México e Cuba. Abandonado pela mãe e enviado à Cuba para viver com parentes, Orol trabalhou em diversas profissões até que desempregado (1927) iniciou uma carreira como produtor, diretor, roteirista e ator de cerca de sessenta filmes. As suas produções, a maioria em preto-e-branco, são dramalhões incrivelmente ruins tendo como chamarizes as suas cinco esposas/atrizes.


Nunca tinha ouvido falar deste Ed Wood mexicano. São inevitáveis as comparações. Se Ed Wood tinha uma quedinha por filmes de terror e ficção científica o rei do cinema B mexicano centrava na vida de gangsteres e em romances latinos. Juan Orol teve que lutar contra a falta de grana e não tinha menor noção da história do cinema e senso de ridículo. Quem gostou de Ed Wood de Tim Burton pode muito bem curtir esta produção que prima pelo humor negro.