O Panótico vê aqui e agora (193)

Irmão

(1997)

Em função de ter gostado muito de Sobre monstros e homens, do diretor russo Aleksei Balabanov, resolvi assistir ao seu aclamado Brat (Irmão). Danila Bagrov (Sergei Bodrov Jr./ 1971-2002) é um jovem de Sverdlovsk (Rússia) que foi dispensado do serviço militar na Chechênia e volta para a cidade natal. Em casa, sua matryoshka lhe enche a paciência, querendo que vá para "Leningrado" (sic) seguir a carreira de policial como o seu exemplar irmão, Viktor. Chegando à bela e monumental São Petersburg (nome original retomado em 1991, no governo Iéltsin) Danila topa com o seu irmão envolvido no crime, com a alcunha Tártaro, trabalhando para um mafioso que gosta de chavões - Redondo - e pretendendo formar sua própria gangue.

Danila inicialmente passa a viver com os mendigos, recebe alguma ajuda do irmão para fazer alguns trabalhos, é fã de uma banda russa - Nautilius - e se envolve com uma condutora de trolebus casada e que apanha cotidianamente do marido. Há duas temáticas correndo em paralelo: a crise social e econômica da Rússia pós-comunista e a falta de perspectiva do protagonista e das pessoas ao seu redor, expostas ao crime, ao álcool e às drogas (tudo isto reforçado pela fotografia em sépia). Embora Danila afirme que o seu trabalho como militar era meramente burocrático, o cara é um competente assassino, conhecendo bastante sobre luta corporal e armas. Deve ter aprontado o diabo na Chechênia.

Este Brat é muito empolgante, a combinação de infantil desamparo, violência e um sistema ético simplório do protagonista são ingredientes de filmes do gênero mob, desde pelo menos, O samurai (1967), com Alain Delon. Vou correndo ver a continuação, Brat 2.