Juiz de Fora

domingo, 8 de janeiro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (197)


Os nomes do amor
(2010)



Em 2000, Artur Martin é parisiense (n.1961), veterinário e trabalha com prevenção de epidemias de origem animal. Seu pai é um engenheiro apaixonado por tecnologia, e sua mãe, uma judia de origem grega, cujos pais foram deportados pelogoverno de Vichy em 1942. A palavra-chave aqui é tabu.


Baya Benmahmoud é parisiense (n.1972), filha de uma burguesa hippie (muito mimada, na verdade) e de um refugiado argelino que teve a família dizimada pelos franceses na guerra de Independência. A mãe de Baya é de extrema-esquerda, uniu-se ao africano para irritar os pais, leva os mendigos que encontra pela rua  para casa e quer casar todo francês que puder com uma imigrante, visando à concessão de visto permanente e  miscigenação étnica. A mãe de Baya parece muito com algumas professoras sulamericanas, rs....




Baya (a atriz Sara Forestier, talentosa, bela, atraente e muito disposta a aparecer semi-nua e nua o filme inteiro, inclusive por uma rua e uma estação de metrô de Paris, se turbinar os seios tem um grande caminho promissor no cinema dos EUA, como Penélope Cruz) é basicamente, uma doida. Estuprada na infância, Baya acredita que converterá todas os homens direitistas levando-os para cama, e assim extinguirá os "fascistas". É a desculpa mais esfarrapada de que tenho notícia para racionalizar a baixa auto-estima de uma vítima de violência sexual. Mas a moça exibe inclusive um caderno com os seus supostos convertidos (papo, os caras permanecem os mesmos). Considerando Artur Martin um direitista (na verdade ele é eleitor do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin [1997-2002], que, por sinal, aparece em uma cena muito boa do filme), por sua postura precavida ou amedrontada, Baya quer ir logo ir para cama com o acanhado veterinário. Os dois passam a namorar e André tem que se sujeitar à infidelidade semanal de Baya, não é tão...progressista?



Gostei demais do filme, ele trata de questões espinhosas, como racismo, assimilação e imigração expondo com inteligência e humor todos os argumentos. Artur chega a dizer: "Ah, eu não aguento mais este papo de vítima, de que nós fizemos vocês de escravos, blah, blah, blah", é preciso coragem para colocar esta fala em uma produção francesa e contemporânea. O filme é levemente favorável à porra-louca Baya, por seu humanismo e amor pela vida, mas não há como não se identificar com a cautela de Artur, que quer ser feliz, topa correr riscos calculados, e vive em um ambiente don't ask/don't talk de seus pais. Quem gostou de Amélie Poulain certamente se identificará com a narrativa bem-humorada deste Os nomes do amor.





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