Juiz de Fora

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (200)


Tudo pelo poder
(2011)


As eleições presidenciais nos Estados Unidos são indiretas, fruto da sua constituição em Estado federado, com a independência e a Constituição de 1787. O candidato que vencer em cada estado leva o número total de delegados para o colégio eleitoral que elege o presidente. Normalmente, o candidato mais votado no país é o que possui o maior número de delegados, mas nem sempre isto ocorreu na história. O processo anterior das prévias costuma condicionar o resultado das eleições. Estas prévias partidárias ocorrem em momentos diferentes, e há estados que admitem o voto de não-filiados, ou até mesmo de filiados de agremiações diversas. É o que ocorre neste filme, em que os republicanos vão votar nas prévias dos democratas em Ohio para pesar em favor do candidato mais conveniente ao adversário. Na prática, como em qualquer partido do mundo, quem manda são os candidatos e as cúpulas partidárias, e os militantes de base são carregadores de piano, e o eleitor não-filiado, um mero consumidor.




O filme trata dos bastidores das prévias do Partido Democrata em Cincinnati, centrado na figura do governador Mike Hollis (George Clooney), tido como favorito.. Há uma disputa intrapartidária para ganhar o apoio de um senador independente, uma jornalista aliada condicional, marqueteiros fazendo jogo duplo, jovens ambiciosos e uma garota monicalewinsky. Ninguém é santo, e nem totalmente desprovido de escrúpulos. Não achei este filme dirigido por George Clooney e produzido por Leonardo DiCaprio particularmente revelador. As resenhas que dizem por aí que é o primeiro filme blockbuster que conta os bastidores do poder estão sofrendo de aminésia: Todos os homens do presidente, JFK e os documentários de Michael Moore vão bem além, sem falar nos filmes de Costa-Gavras.




E eu me pergunto: e se o filme realmente contasse A Verdade? O povo por acaso sairia do cinema fazendo uma revolução, ou, pelo menos, escolheria com mais discernimento os seus candidatos? O único resultado plausível é fixar no espectador a possibilidade de George Clooney, muito empenhado em questões políticas, de seguir a trilha de Reagan e Schwarzenegger, por que não?




O título (os idos de março) tem a ver com o homicídio de Júlio César por um grupo de senadores do partido oposto (em 15 de março de 44 a.C.), mas a comparação do ditador vitalício romano (e não imperador) com o governador Mike Hollis é forçada. Por quê? Vá e veja. Mas, alerto: o filme é frustrante.



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