Juiz de Fora

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Panótico vê aqui e agora (154)



Cinzas no paraíso
(1978)




Às vezes a gente não liga o nome às coisas. Há quase trinta anos uns amigos mais velhos me falaram de um filme chamado "Cinzas no paraíso", que tinha uma bela fotografia em um cenário de plantação de trigo nos EUA. Dava para imaginar, mas não dava para ver, não havia ainda videocassette no Brasil. Nunca o vi em video para venda ou locação, ao que me recorde, ou em dvd nestes anos todos, e jamais o vi em canais de tv, mesmo privados. Imagino que as grandes cidades brasileiras já o tenham exibido diversas vezes em festivais, mas aqui em Juiz de Fora nunca tive notícias. Acabei-me esquecendo  do filme e não me recordo de amigo ou colega que tenha mencionado este clássico nestas  últimas décadas.




Bom, o interesse por A árvore da vida trouxe o nome de Terrence Malick à tona, um cineasta de que eu nunca tinha ouvido falar antes do corrente ano. Com a leitura dos blogs portugueses a que tenho hábito o nome Days of heaven ficou em minha mente. E não é que são a mesma obra?!




Acho que dois aspectos ressaltam neste filme merecidamente muito cultuado: a fotografia é esplendorosa, há dezenas de tomadas maravilhosas ao longo do filme, sem dúvida é um filme cuja telona do cinema é indispensável, dada a empolgação que a tv de 40" já me proporcionou.




Segundo: o filme parece lidar com duas linhas de abordagem: uma secular, em que as pessoas são vítimas de seu contexto, têm pequeno espaço de manobra diante de circunstâncias adversas, particularmente se você depende da sua força de trabalho para sobreviver; a outra, mais fundamentalista, em que o castigo acompanha o crime, e a fúria divina se manifesta através de sinais.




No extremo norte do Texas, - uma região de estepes e que chega inclusive a nevar, uma área que mais se parece com o Dakota ou o Nebraska do que com o Texas desértico -, durante a primeira guerra mundial, um casal (Bill, Richard Gere e Abby, Brooke Adams) e uma adolescente oriundos de Chicago são submetidos, juntamente com outras centenas de migrantes, à penosas condições de trabalho na lavoura de um jovem fazendeiro (Sam Shepard), que aos poucos se apaixona pela moça, Abby. Os protagonistas anunciam-se como irmãos, mas parece que possuem uma relação incestuosa. Se a trama não for muito interessante, pode apostar que a fotografia compensa-a largamente. Cinzas no paraíso é um filme que vale a pena ter em casa.




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