Juiz de Fora

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Panótico vê aqui e agora (138)


Quando explode a vingança/1971



Duas opiniões minhas precisam de explicitação antes de tratar deste filme: aindo me espanto de encontrar faroestes de qualidade, nunca foi um gênero que eu suportasse, mesmo sabendo que volta e meia alguém reverencia os filmes de John Ford. Sérgio Leone, então, western spaghetti, eu supunha ser ainda inferior. Então, poder ver filmes excelentes neste gênero têm sido uma descoberta. A outra opinião é fruto de duas décadas de estudos e ensino de História, não dá para me esticar aqui, mas, basicamente: verdadeiras revoluções são raríssimas na História, há poucas autênticas,  a quase totalidade delas são mal-disfarçados golpes de Estado e mesmo a Revolução Francesa não lhe dou grande simpatia. E por que toco nesta questão? Porque os filmes sobre revoluções ou são simplistas em sua adesão ou, no extremo oposto, simplistas em sua aversão aos eventos.



Este filme, que inicialmente está mais para uma comédia, dá um tratamento maduro ao tema. Embora comece com uma citação de um dos piores monstros que a humanidade gerou (ou a mãe dele, pelo menos), - Mao Tsé Tung -, a trama mostra que um conflito social desta magnitude (a revolução mexicana de 1910-1917) não é algo "bonito" ou "heroico". As personagens envolvidas tem poucas opções e tudo tem um preço alto.

É um filmaço, há abusos de close-ups que acabam dando certo, a trilha de Ennio Morricone mais parece um Burt Bacharach, daquele tipo de disco que os seus familiares que jamais compram vinis ou cds vão querer ouvir, e há reviravoltas suficientes para entreter o espectador. Bandidos são bandidos, e até podem, como num romance ruim de Jorge Amado, evoluir para uma "postura política", mas isto leva um bocado de interesses e oportunidades, mais do que convicções, para acontecer.

Recomendo mesmo este filme, mesmo que o(a) leitor(a), como eu, não goste de faroestes e nem de revoluções.




2 comentários:

  1. ah, estava passando ontem, mas eu não pude parar pra ver. beijos, pedrita

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  2. Pois, né, a única desvantagem dos telecines é poder coincidir com os nossos horários.

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