Juiz de Fora

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Panótico lê aqui e agora (21)



Grande sertão: veredas
(Guimarães Rosa/ed.2006)



Antes de ler esta obra eu preciso ser sincero: se não fosse por conta do mestrado em literatura brasileira eu provavelmente jamais a leria, mesmo sabendo que se trata de um dos grandes monumentos da literatura brasileira e provavelmente mundial. Apresento a minha defesa:

- Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser - se viu -; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão; determinaram - era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas...

Assim começa Grande sertão: veredas. E assim eu o comecei a ler, na lata, em uma noite modorrenta de véspera de feriado (sem alunos) na escola noturna em que trabalho, cumprindo a minha carga horária na biblioteca, há uns cinco anos atrás. Sabendo apenas por alto do que se tratava (qual professor que nunca ouviu falar desta obra?) as palavras deste sertanejo prascóvio me trouxeram uma avalanche de imagens: nortedeminas tonyramos brunalombardi gilbertogil diadorimnoiteneon festivaldegramado redeplimplim professoradeportuguês professoraprimáriaquequerfazerexcursãodemcordisburgo aiquetédio....

Mas agora a situação é outra, eu faço uma disciplina que dedica metade das aulas a este clássico roseano, e já que vou lê-lo vou fazê-lo de boa vontade. A leitura é interessante, mas árdua, porque exige que você retorne ao que acabou de ler por algumas vezes, e isto tornará a tarefa um tanto demorada devido às suas seiscentas páginas, e até o presente momento, com umas vinte páginas vencidas tudo o que sei é que o protagonista (Riobaldo, ao que todos sabem) está numa avalanche verbal com um doutor das quantas, discorrendo sobre Deus e o o diabo na terra do sol.

Vou perseverar, mas não prometo ler o livro todo. Nonada.

P.S. Quem me provar que conseguiu lê-lo por inteiro ganha um post.

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