Juiz de Fora

sábado, 13 de agosto de 2011

O Panótico vê aqui e agora (140)



Gainsbourg. Vie héroïque/2010



A primeira vez que ouvi falar em Serge Gainsbourg foi no final da década de oitenta, em um documentário televisivo sobre Brigitte Bardot, uma atriz que eu tenho simpatia por sua defesa constante dos direitos dos animais, muito antes disto virar moda (ainda não o é o suficiente). Fiquei com a impressão de que Gainsbourg era o artista-feio-que-faz-música-brega-anacrônica-para-bajular-vampiras-como-deusas-que-depois-vão-lhe-dar-um-pé-na-bunda-o-cara-vai-ficar-na-miséria-e-vai-procurar-outra-ainda-mais-sanguessuga-e-sem-talento.



Eu não tenho mais esta impressão. Agora eu tenho certeza. A lista de músicos, cineastas, pintores, poetas, atletas, políticos, etc. que usaram suas habilidades e talentos acima da média humana para ver se conseguia alguma companhia feminina efêmera é infindável. Eu me pergunto: por que pessoas talentosas costumam ter tão baixa autoestima? Bom, mas como eu não sou versado em Psicologia voltemos ao filme.

O ator que faz Gainsbourg (Eric Elmosnino) é a cara dele, e é excelente. A voluptuosa Letitia Casta (êta sobrenome inadequado, rs...) como la Bardot é uma caricatura. A atriz que faz Jane Birkin (Lucy Gordon) dá bem conta do recado.




As pachorrentas canções de Gainsbourg ganharam uma versão meio rock, meio pop, para torná-las menos francesas. O maior destaque vai para Je t'aime, moi non plus, o hino dos motéis dos anos setenta.

Mas o que mais gostei do filme foram as animações e um boneco caricato que faz uma espécie de consciência judaica e mundana de Gainsbourg, levando-o para o fundo do poço a maior parte do tempo.



Quem curte este tema: artista-genial-visita-os-infernos pode gostar bem deste filme. Quem precisa estar com a cabeça no lugar para ganhar o croissant nosso de cada dia vai achá-lo interessante. Coitadinha da Charlotte.




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