Juiz de Fora

domingo, 21 de agosto de 2011

O Panótico vê aqui e agora (145)


A casa das cotovias/2007



Muitas pessoas já observaram e escreveram que o cinema mundial deu pouca atenção ao massacre de um milhão de armênios pelos turcos durante a primeira guerra mundial. A razão deste descuido, se comparado às inúmeras produções sobre o Holocausto, são bastante conhecidas. As razões pelo qual o Estado turco mantém o assunto na penumbra também. Alguns anos atrás o prêmio Nobel de literatura Orhan Pamuk abordou tangencialmente o tema na obra Neve, já resenhada aqui, e sofreu processo criminal em seu país, sem maiores consequências penais devido à repercussão internacional do caso.



Este excelente filme dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani é baseado na obra homônima de Antonia Arslan (2004) que narra a tragédia de uma família armênia em parte dizimada por oficiais insubordinados do exército turco, em 1915, e o sofrimento das mulheres e meninas deportadas sob péssimas condições para o deserto de Aleph, próximo à Síria.






O sentimento entre os jovens oficiais "nacionalistas" contra os armênios guarda semelhanças para com o sentimento nazista contra os judeus: os armênios seriam usurários ricos e cristãos supostamente aliados dos inimigos russos e responsáveis pela debilidade política da Turquia muçulmana, "o homem doente da Europa".



O cinema dos octogenários irmãos Taviani não encontra fortes objeções de críticos e cinéfilos, ao que eu saiba. Eles propiciam bela fotografia, e o tratamento às emoções e situações humanas tem um equilíbrio e uma intensidade mediatizada difíceis de transplantar para as telas, é como se fosse uma assinatura. Com cerca de vinte filmes, me recordo de ter assistido apenas A noite de São Lourenço e Kaos, os quais recomendo vivamente. Mais adiante eu vejo os demais.





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