Juiz de Fora

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Panótico vê aqui e agora (133)


A bolsa diplomática/1927




Um diplomata soviético é assassinado no Reino Unido e trabalhadores e marinheiros se aliam para enviar os seus preciosos documentos à mãe Rússia, pátria da revolução. Com poucas legendas, não foi fácil compreender qual é o enredo deste filme. Dirigido pelo ucraniano Aleksandr Dovzhenko, um cineasta do quilate de um Eisenstein, este filme tem a marca registrada dos filmes russos dos anos vinte: mudo, preto e branco, com grandes imagens que dão dramaticidade extra às cenas, e algum enredo que pretende nos convencer, - ai, que tédio e que sono -, que a solidariedade da classe operária mundial, guiada a contento por sua vanguarda, é uma prova de sua condição moralmente superior às demais classes sociais.




Um dos herois vê Lênin e a palavra vitória no leito de morte. A personagem que representa as potências capitalistas tem um sorriso de hiena e arcada dentária de vampiro. É um pedagogismo que chega a ser caricato, coitado do Dovzhenko. Mas, se você der um desconto ao fato de que cineastas também tinham (muito) o que temer pela própria vida durante a era Stálin poderá aproveitar o brilho que havia no cinema de outrora, a capacidade do cinema de então de provocar emoções e reações. Não é uma obra que me impressionou tanto quanto os Eisenstein a que vi (A Greve, Outubro, O Encouraçado Potemkin e Alexandre Nevski) e ao de Dziga Vertov (O Homem com uma câmera). Do mesmo diretor todos indicam Terra (Zemlya/1930), mas ainda não o vi. Fica mais para a frente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário