Três homens e uma noite fria
(Kolme viisasta miestä/2008)
Matti é um inspetor de polícia civil casado com uma ex-prostituta russa, uns quinze anos mais jovem, grávida de nove meses e que está a cuidar da cozinha, - ai, ai-, na véspera do Natal enquanto o protagonista lhe aborrece com coisas do tipo: "na Finlândia é assim, aqui é assado, não sabe como é na Finlândia?". Matti também acusa a esposa de adultério, o que ela nega, mas não muito. Erkki é um fotógrafo de guerra que se fantasia de Papi Noel para poder ver o filho pequeno no apartamento da ex-esposa. Erkki é paciente terminal de câncer. Rulno é um ator que deixou a família em Helsinki para desenvolver carreira em Paris, mas retorna à capital finlandesa para ver a esposa que acabou de cometer suicídio e na ocasião toma uns tablefes do revoltado filho no hospital.
Os três amigos de longa data, Matti, Erkki e Rulno encontram-se por acaso e resolvem tomar umas biritas na Helsinki gelada e com quase todos os bares fechando para as festividades natalinas. Em um primeiro momento eles afirmam que tudo vai bem, mas o álcool fala mais alto e a vida deles vem à tona.
O que me afigurava um modorrento filme sobre um dos piores temas - casamento - evolui para um triálogo muito inteligente sobre a vida, as chances de cada um, as conquistas e derrotas. Sem aquela chatice característica da filosofia barata, tão ao gosto de quem assiste a Sandra Annenberg no jornal global, coisas do tipo: "reclamar para quê, chorar para quê, a vida é tão maravilhosa mesmo se mora numa favela", o diretor Mika Kaurismaki, habitante carioca desde 1992, como eu poderia saber?!, fez um filme muito inteligente e interessante, com ares de comédia.
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