Aqualung
(Jethro Tull/1971)
Minha quinta escolha entre os lps lançados em 1971 é uma homenagem e um reparo a uma injustiça. Ouvi Aqualung pela primeira vez na casa de uma colega de escola, em Santos Dumont, uma família muito legal com cinco irmãs. A mais velha tinha alguns discos, quase tudo de novela, e a capa e contracapa com caracteres germânicos encheram a minha imaginação. Pedi-o de Natal, em 1979. A faixa Aqualung ficou rápido na minha cabeça. O restante do disco não me empolgou, e já fascinado pelo Genesis e pelo Yes achei o Jethro Tull um grupo menor, e com sérias dúvidas se o seu trabalho se enquadrava no progressivo ou não.
Deixei-o de lado, não comprei - e nem ouvi - mais nada do Jethro Tull, e aqui em Juiz de Fora o grupo era menos amado apenas do que o Pink Floyd, o Led Zeppelin e o Deep Purple, chegando a ter mais fãs que as demais bandas de progressivo. O som mais roqueiro do Jethro Tull, e a figuraça do cantor Ian Anderson ganhavam o coração das pessoas mais afeitas ao lado contracultural do rock, o que nunca foi o meu caso, mais chegado ao lirismo romântico de Peter Gabriel e de Jon Anderson.
Em 1985 o meu colega professor de História, Bruce Dickinson, cantor do Iron Maiden, deu um presente para os fãs de progressivo, marcando um gol contra os nossos "irmãos terríveis", os fãs de hard e heavy metal: gravaram uma pulsante versão de Cross-Eyed Mary. Eu ria com prazer de familiares e colegas, fãs do Maiden, diante deste testemunho inequívoco do metal em favor do progressivo, picuinha divertida de quem é muito jovem e dá importância excessiva a este tipo de competição. Outro folclore que cercava este disco era a conversa de que um vestibulando ao antigo CTU fez uma redação, e teria passado no exame, tendo como fundamento os versos de Ian Anderson na contracapa.
Os britânicos do Jethro Tull são de Blackpool, uma cidade do norte da Inglaterra, formados em 1967. Aqualung é o seu quarto álbum. Os fãs da banda oscilam em afirmar que o melhor trabalho do grupo ou foi Thick as break (1972) ou A passion play (1973). Aqui em Juiz de Fora havia pessoas que gostavam bem de Songs from the Wood (1977). Em 1982, com Broadsword and the beast a banda "modernizou" o som, mas manteve o público fiel assim mesmo. Quando estiveram no Brasil, em 1988, a imprensa zombou da "velhice" do cantor Ian Anderson, - então com quarenta anos - e ele entrou no palco em cadeira de rodas, algo possível pouco antes da onda do politicamente correto. É dele duas frases: "Eu não gosto de músicas de países quentes" e: "Sempre me perguntam por que nós estamos novamente no Brasil para tocar, ninguém vem aqui mais de uma vez" Não, não vinha...
Aqualung. Mal me lembrava deste disco, que eu tenho somente em vinil. Cadê ele?
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