Juiz de Fora

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Panótico lê aqui e agora (16)


Sagarana
(Guimarães Rosa/1945)

Não li Guimarães Rosa anteriormente por duas razões: a primeira porque a leitura inicial de Grandes Sertões: Veredas só gerou em mim um sentimento: tédio; a segunda, porque o magistério, particularmente o das séries inicias, adora fingir que lê, entende e ama a obra deste grande escritor nacional. Já deixei de ler, ver e ouvir muita coisa por antipatia aos seus fãs, o que no fundo é uma bobagem, mas cultura tem que ser, acima de tudo, prazeirosa.



Mas dever de casa é dever de casa, e para hoje está marcada a análise de sua última novela, A hora e a vez de Augusto Matraga. Após a leitura de suas primeiras quinze páginas fiquei um pouco desmotivado e busquei resumos na net, de vestibulandos mesmo, este hábito que nenhum mestrando gosta de assumir, mas prefiro-o a simplesmente lançar mão da clássica desculpa: "Não li porque não tive tempo". Tendo compreendido o enredo, coloquei-me diante das páginas restantes. Não vou aqui analisar esta obra que já foi e continuará sendo produto de sérios estudos literários. Ao leitor, posso afirmar: a sua compreensão não está muito acima de um romance médio, os neologismos criam poucas dificuldades; o regionalismo é, aparentemente, noventa por cento da obra, e se a pessoa não se interessa pelo mundo rural das Gerais é bom procurar outra coisa para ler. Mas após a vez do Nhô Augusto comecei a obra do seu início.

2 comentários:

  1. rsrsr. Faço coro com suas palavras sobre o tipo de sentimento gerado quando iniciamos a leitura de suas obras. Confesso... "hoje"! Porque antes não me sentia diferente e não divulgava minha opinião por medo de parecer ET... afinal, "todo mundo" era amigo do escritor desde criancinha!!! Que inocência! E viva a liberdade de expressão (quando estamos fora do raio de ação do professor! rsrs). Na minha áurea fase de adolescente o escritor nunca teve nada a ver comigo e sempre via suas obras apenas como obrigação escolar. Ainda hoje digo que não é o meu preferido, porque a vida me puxou para outros autores e outros textos que gosto mais. Porém, já na fase adulta (e no curso de Letras... Mestrado... ) tive de me encontrar novamente com ele. Encarei-o, e sabe o que houve? Comecei a lê-lo criticamente, deslizei por suas palavras e percebi a elegância e a sofisticação que antes não notei, entendi o porquê do espanto e encantamento de muitas pessoas por ele. E o tédio deu lugar ao gosto de ler, olhar e tocar suas obras. Interessante isso, não é? Oxalá, não somos imutáveis! Não repilo mais Guimarães Rosa, embora não seja o meu escritor predileto; mas utilizo muitas de suas citações interessantes, sempre que necessito. E consigo entender o seu desânimo á ante as leituras (obrigatórias!) de suas obras. Às vezes, essa primeira impressão que fica se confirma. Não temos de gostar de tudo (e de todos) que lemos, não é? Isso é fato.
    Perdoe-me se fui prolixa, a intenção foi apenas me associar ao seu comentário e ao seu sentimento. Essa fase passará-rsrs. Uma certa escritora disse: “as palavras têm canto e plumagem”. Então deixemos que elas falem por si. Boas leituras! :-)

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  2. Oi, Soraya, é bem por aí, sim. Eu fico muito curioso por que algumas coisas batem de imediato, outras vão nos ganhando e outras vão nos perdendo, rs...

    Assim, para ilustrar: gostei de imediato de Machado de Assis, dos Andrades e de Murilo Rubião.

    Vou gostando aos poucos de Clarice Lispector e Guimarães Rosa.

    Jorge Amado, cada vez menos gosto.

    Um abraço, e valeu - mesmo - o comentário.

    Enaldo.

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