O Panótico vê aqui e agora (50)

The ghost writer

(2010)

Há uma certa vantagem em não ler sinopses de filmes (se está de acordo então não leia esta) e não acompanhar publicações especializadas: você escolhe o que quer ver pelo título, pelos atores principais, pelo diretor e aguarda as surpresas. A desvantagem é que você deixa de ver dezenas de filmes marginais, então continue pesquisando, rs.

Ewan McGregor faz um escritor anônimo que vai dar uma faxina nas memórias de um ex-primeiro ministro britânico - Adam Lang, interpretado por Pierce Brosnan -, tornando-as mais convenientes e vendáveis. Não está muito empolgado pelo serviço, e só entrou nesta pela grana e porque o anterior ghost writer faleceu repentinamente. Acompanha o ex-premier até sua residência luxuosa em uma ilha próxima à Nova York, e concomitantemente surge um escândalo envolvendo o político com prisioneiros torturados em Abu Grabi. O ghost é um tanto imprudente, aproveita que o ex-premier vai para Londres se explicar e dá uma de detetive.

Assim como muita gente, sempre fiquei assombrado, e frustrado, com o governo do trabalhista Tony Blair (1997-2007), após dezoito anos de thatcherismo conservador (1979-97). Segundo o filme A rainha (2006), até mesmo a sra. Blair teria se indignado com a subserviência do marido ao governo George Bush (2001-08). Há uma explicação razoável sobre a tendência direitista chefiada por Tony Blair dentro dos labours, pelo historiador Eric Hobsbawn na auto-biografia Tempos Interessantes (2002), já resenhada aqui. Há ótimo clipe de George Michael sobre a mesma perplexidade (ver abaixo). Mas este filme com ótima fotografia baseado em livro do tesoureiro trabalhista Robert Harris, e, oh!, dirigido por Roman Polanski (e com roteiro em parceria com o próprio Harris), fui sabê-lo ao final, traz uma explicação verossímel e espantosa. Palmas para Polanski, que ainda tem o que fazer quando não está sendo perseguido por crime  prescrito.