Juiz de Fora

terça-feira, 6 de março de 2012

O Panótico vê aqui e agora (224)



O porto
(2011)


Marcel Marx é um septuagenário ex-alcoólatra que largou Paris e foi morar em Le Havre, porto internacional da Normandia. Faz um bico ilegal como sapateiro e sempre compra fiado. A sua dedicada esposa fumante está com câncer e é internada no hospital local. Enquanto passeia pelo porto pensando na vida Marcel dá de cara com um adolescente gabonês escondido da polícia, que pretende deportá-lo de volta à África. Marcel resolve ajudar o garoto a fugir para Londres, onde encontrará sua mãe.


Este é o segundo filme do finlandês Aki Kaurismäki a que assisto, o anterior foi o sensacional Um homem sem passado (2002) no qual um simplório sujeito mantinha o otimismo diante da vida mesmo só levando pancadas de tudo e de quase todos. O irmão de Aki, o também cineasta Mika Kaurismäki, mora no Brasil há vinte anos.


Embora contemporâneo, as locações, vestuário, automóveis, armários, eletrodomésticos e principalmente as figuraças que atuam no filme, quase tudo remete à uma França ainda meio pobre, do final dos anos cinquenta ou início dos anos sessenta. O ritmo lento e gradual e o universo simples das personagens me faz lembrar os filmes de Jim Jarmusch, a cena finlandesa de Noite no Mundo, ou O fabuloso destino de Amélie Poulain. A fotografia tem uma característica de tom pastel, como filme preto-e-branco colorizado por computador. A lentidão com que as personagens regaem às situações me lembram Fassbinder, mas o diretor disse que conheceu os filmes do cineasta alemão apenas recentemente (ponto para mim que os vi em 1982, pela primeira vez).



Há também o inspetor de polícia eficiente cumpridor do dever, mas que possui um ponderado senso de justiça. É um filme muito bom, com certeza vai agradar o espectador.


Nenhum comentário:

Postar um comentário