O IX Colóquio em Literatura Brasileira promovido pelo Mestrado em Literatura do CES-JF está ocorrendo por estes dias, no MAMM (Museu de Arte Moderna Murilo Mendes). É um evento que promove os projetos de pesquisa do corpo discente, o meu incluso. É uma iniciativa de valor que dá publicidade interna e externa para os profissionais e estudantes da área. É uma espécie de controle de qualidade difuso.
O corpo docente do mestrado em Literatura é composto de três doutores e cinco doutoras, e o corpo discente em fase de projeto de pesquisa é composto de dez mestrandos e vinte e três mestrandas, maioria absoluta para o gênero feminino, portanto.
A vertente feminista da literatura sustenta que a opressão masculina é responsável pela história da escrita ter sido dominada pelos homens desde a Grécia Antiga até meados do século XX. Não duvido, tal como ocorreu nas demais profissões. Em uma palavra: nós (homens) teríamos predominado na área por meio de alguma sabotagem social. Mas a questão é: como o (a) leitor (a) poderá observar apenas a escritora Adélia Prado ilustra o caderno deste colóquio. Todos os outros escritores (e compositores) pesquisados pelos trinta e três mestrandas e mestrandos são do gênero masculino. Assim, a menos que, - oh, meu Deus! - eu esteja reproduzindo a tirania testosterônica - parece-me que, a juízo das próprias mulheres, os homens merecem a sua pole position.
A irmã de Shakespeare não tem admiradoras solidárias.
eu concordo que a literatura escrita por mulheres sofreu preconceito. fiz uma enquete uma vez q continuo fazendo e descobri que raros são os homens, mesmo formadores de opinião, estudiosos, professores de literatura, q leram obras de escritoras. em geral eles leram clarice e virgínia woolf no máximo. alguns leram um ou outro título de autoras. inclusive eram estranhas as justificativas, eu ouvi "tenho muita leitura importante para ler antes", "nunca tinha prestado atenção nesse fato", "fui pouco estimulado para ler obras de escritoras". qd liam ouvi bastante "é um bom livro escrito por uma mulher", uma vez quase apanhei q disse q james joyce e virgínia woolf eram grandes autores e o homem em questão disse q era incomparável joyce e woolf. sim, são de estilos diferentes, mas isso ele não mencionou e qd perguntei p q ele achava q eram incomparáveis, ele não conseguia formular nada q realmente justificasse o seu argumento. o q reparei nessas enquetes é q mulheres leem livros de mulheres na maioria. e q homens raramente leem livros de mulheres. qd acho um blog q fala de um livro de uma escritora, como jane austen, a mulher em questão costuma diminuir a obra, dizer q é bonitinho. e sempre coloca a autora de forma inferior, o q raramente vejo qd a mesma fala de um livro mesmo de auto-ajuda escrito por um homem.
ResponderExcluirPedrita, excelente comentário o seu, fico feliz que você me dê este prestígio. Os seus argumentos são bem fundamentados, fruto de pesquisa séria.
ResponderExcluirAntes de comentá-los peço a sua paciência para um necessário "disclaimer". Embora você gentilmente não me tenha comparado com os meus congêneros é preciso que eu me resguarde, rs:
Sou apaixonado por romance policial por obra da senhora Agatha Christie, na adolescência. Foi com os livros dela que tudo começou para mim. Gosto bastante de diversas autoras: Brigitte Aubert, Patricia Highsmith, Donna Leon e Fred Vargas.
Jane Austen é excelente, gostei demais dos dois clássicos dela.
Clarice Lispector é do primeiro time, desnecessário eu ser mais um a dizer.
Não é difícil comprovar que James Joyce está pelo menos um degrau acima de Virginia Wolf dado que a estrutura narrativa de Ulysses o coloca como maior romance da história, salvo melhor juízo. Não é porque está acima de Virginia Wolf, está acima de todo mundo, ao que parece. Dou-lhe inteira razão, o seu interlocutor deu um chute para o gol, mas não explicou a trajetória da bola. Além do mais, claro que são comparáveis, como você disse.
Você exemplificou, ao final do comentário, o que eu disse: é a própria mulher que incidentalmente oferece restrições (indevidas) às escritoras, assim como elas também quase não elegem vereadoras e não preenchem as quotas partidárias. Opressão masculina, ideologia dominante? Corre atrás, pô, rs...
Dou-te mais ainda razão: ler Padre Marcelo? Seis milhões de exemplares?
Ontem um doutor-examinador no colóquio colocou a seguinte questão para a examinanda: é só falar sobre a opressão sobre as mulheres no século XIX, e fica por isto mesmo? este lugar comum?
As mulheres vitimizadas são as pobres que levam cascudos diários dos seus brutamontes. Professoras universitárias, profissionais liberais, escritoras, artistas, dirigentes políticas, magistradas, etc. são meritoriamente muito donas dos seus narizes, rs...
Agora, é bem verdade, nos corredores dos cursos os homens revelam que não leem muito as autoras, por razão homóloga ao fato de que também não assistem novelas: é próprio do homem não querer discutir relacionamento à exaustão, e a questão afetiva transborda na literatura feminina. Cópia fiel? Eu não tenho um colega, amigo, vizinho, parente, conhecido, que aguentaria discutir uma relação (ainda mais, fictícia) por tanto tempo, nem mesmo para dar umas bitocas na Juliette Binoche,rs...
Mas, por último, o que me irrita mesmo são coisas do tipo: "Fulana de tal é escritora de Juiz de Fora mas não alcançou o mesmo reconhecimento de Murilo Mendes porque, por ser mulher, não pôde viajar" rs...
Um abraço, e mais uma vez, obrigado,
Enaldo.
q coincidência, meu prazer pela leitura eu devo tb a agatha christie, embora tenha lido livros na infância que amei, foi na agatha christie q me fez querer ler sempre. na verdd eu não fiz uma pesquisa. começou informalmente eu e um grupo de mulheres, e confesso q me espantei. eu tinha lido muito dos livros herdados da familia da literatura para moças, e achava q os outros tb vasculhavam suas bibliotecas particulares e liam tudo ou várias obras, não tinha ideia q muitos homens só selecionavam os livros escritos por homens. aí continuei perguntando e ampliando a pergunta e sempre me surpreendo infelizmente pelo pior, q uma grande maioria tem velado ou claramente preconceito com obras escritas por mulheres. pouco leem e o pouco q leem costumam diminuir salvo os ícones da literatura escrita por mulheres como mencionei.
ResponderExcluire qt ao james joyce, não me incomodaria q ele provasse com argumentos literários o p q acha joyce superior a woolf, o q eu não concordo, mas se ele provasse, não me incomodaria. o q me incomodou é cheguei até a duvidar q tivesse lido ulisses e q dividia os dois pelo sexo e não pela qualidade literária.
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