A chave de Sarah
(2010)
Filmes sobre o holocausto podem deixar o espectador em alerta. O tema já foi brilhantemente para as telas cinematográficas, e eu destacaria, assim, de imediato, A lista de Schindler, O pianista e A escolha de Sofia. Logo, quem retoma a tragédia deve evitar o uso do holocausto como atenuante para a política externa do Estado de Israel. Mas há um outro tema que é meio tabu: a colaboração efetiva dos europeus não-germânicos para com o antissemitismo, e a visão tradicional de que os franceses ofereceram exemplar resistência ao nazismo não é verdadeira.
Em julho de 1942 Auschwitz já estava em pleno funcionamento, e centenas de milhares de judeus já haviam sido exterminados naquele e em mais dois campos de concentração no Leste europeu. Inicialmente poupados, os judeus da Europa ocidental começaram a ser enviados para lá por esta época. A França estava ocupada pelos alemães desde junho de 1940: o norte e o litoral atlântico diretamente pela SS, e o centro sul pelo governo colaboracionista de Vichy (Marechal Pétain), que chegou a fazer corpo mole para Hitler e Himmler.
Os judeus parisienses foram enviados ao Velódromo de Inverno, no 15ème arr., próximo à Torre Eiffel, e depois para Auschwitz, na Polônia, onde foram exterminados. Sarah Starvinski era uma garota de dez anos, vivia com o pai, mãe e o pequeno irmão Michel em um apartamento do Marais (4ème), tradicional bairro da comunidade judaica parisiense, ainda hoje. Quando a polícia foi buscar a sua família, Sarah escondeu o garoto em um compartimento secreto e prometeu buscá-lo assim que possível, mantendo consigo a chave do local.
Julia (a inglesa Kristin Scott Thomas, residente na França há mais de quinze anos) é uma jornalista novaiorquina casada com um arquiteto parisiense, mora na França há vinte e cinco anos e resolve redigir uma matéria sobre a prisão e deportação dos judeus franceses, fato pouco conhecido do grande público, mas que veio à tona em função de um discurso do presidente Jacques Chirac (1995)reconhecendo parte da culpa do extermínio pela ação voluntária de cidadãos franceses. A vida de Julia e o passado de Sarah vão se encontrar. Não bastasse o talento de Kirsten Scott Thomas, o filme é de uma qualidade inegável, vai bem além da denúncia política do holocausto e possui um final emocionante.
eu adoro essa atriz, tenho um certo medo de filmes melodramáticos. vou demorar um pouco pra criar coragem de ver esse. beijos, pedrita
ResponderExcluirÉ mais belo do que melodramático, pode ver sem medo, rs...
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