O último dançarino de Mao
(2009)
Não ia ao cinema há alguns meses e é sempre um prazer poder assistir um filme com meia dúzia de pagantes (R$5,50 a meia entrada) em completo silêncio e a exibição se iniciando pontualmente. Não fui esperando um grande filme por três indícios: a autobiografia de Li Cunxin lançada por uma editora meio chinfrim, o cartaz bobinho e a direção do australiano Bruce Beresford, que, salvo melhor opinião, eu só conheço de Conduzindo Miss Daisy, e os outros mais de trinta filmes que dirigiu? Filmes australianos não costumam ser grande coisa, eu não sei se eles querem muito ser estadunidenses...
Os clichês abundam na obra, eu não li a autobiografia Adeus, China, de Cunxin, mas está na cara que o filme é condescendente tanto com os EUA de Reagan, como para com a China de Mao. O estado totalitário e seus dirigentes são apresentados como rigorosos, árduos, implacáveis, mas quem conhece esta história sabe o quanto eles eram sádicos, pragmáticos e corruptos. Os EUA, lógico, land of the free. Há erros evidentes na obra, por exemplo, quando Cunxin diz que adorava o presidente Mao porque ele faz muitas coisas (isto em 1981), com o ditador já falecido há cinco anos. Em uma discoteca toca Der Komissarium, de Falcon, um hit que só foi lançado uns três anos depois. Em 1976 há um aparelho de VCR na zona rural chinesa, no exato ano em que foi criado pela Sony japonesa (nem nos EUA estava à venda).
Para quem não gosta de dança, de modo geral, de balé clássico muito menos, o filme tem um aspecto relevante: as cenas são muitas, mas curtas, e mais do que a coreografia, o que o filme põe em destaque são as qualidade inerentes à qualquer ideal humano e/ou estético: vocação, disciplina, amor pelo que se faz, dedicação, talento, etc.
Há uma cena que me ganhou, não antecipo o que foi, mas emociona até os corações mais duros: ao som de Sagração da Primavera, a gente sabe porque vai ao cinema.
Li Cunxin nasceu em 1961, em Qingdao, no oeste montanhoso chinês. Sexto filho de uma família de camponeses muito pobres, no início da adolescência foi estudar balé na Pequim da famigerada Revolução Cultural. Em 1981 foi fazer um estágio em uma companhia de balé texana. Casou-se, exilou-se, e aposentou em 1997. Vive desde 1995 na Austrália, com a segunda esposa e três filhos.
ah, resolveu ver. eu ando sem tempo para ir ao cinema. agora só em janeiro. o livro não é condescendente com a china de mao. mas não tem um olhar crítico pq o autor e bailarino nunca teve mesmo. eu acho q o bailarino não entendia e ainda não entende pq eram daquele jeito e não conseguia se expressar claramente sobre a política q o regia. só olhava o q conhecia. ah, o q eu ia gostar mais era a dança. beijos, pedrita
ResponderExcluirLegal, ficou esclarecido. Você vai gostar bastante dos muitos números musicais.
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