Filhos do Paraíso
(1997)
Ali é um garoto de nove anos que devido à pobreza de sua família já não pode viver uma infância plena. O pai é auxiliar de serviços gerais, a mãe, dona de casa com problemas de saúde, a irmã de seis ou sete anos, Zarah, ajuda cuidando do bebê caçula. A família iraniana deve cinco meses de aluguel, já não tem crédito no mercadinho do bairro, e para complicar as coisas, Ali se descuida do único par de sapatos da irmã que havia levado para conserto em um sapateiro: o calçado é levado por um catador de papel enquanto o pobre garoto escolhia batatas na vendinha.
Com medo de levar uma boa sova do pai, os dois irmãos combinam de revezar o uso do único par de tênis de Ali. A menina morre de vergonha de andar com o calçado surrado e largo do irmão, e o menino tem que aguardar o seu retorno da escola para poder utilizá-los, o que faz com que chegue sempre atrasado na escola. Simultaneamente, a menina reconhece o seu par de sapatos com uma coleguinha de escola, mas não sabe como retomá-lo.
Assim que começamos a assistir o filme, vem o clássico de Vittorio de Sica, Ladrões de Bicicleta, à mente. Filhos do Paraíso não é original em nada, é mais um neto do clássico A Besta Humana, de Jean Renoir, baseado no grande escritor naturalista Émile Zola, avô de toda e qualquer abordagem tipo o homem é produto do meio. A linha de raciocínio os-pobres-mantém-a-sua-integridade-mesmo-diante-da-miséria é obra do populismo, muito comum em filmes latinoamericanos e aqui presente no cinema do Oriente Médio. O roteiro leve, no entanto, nos envolve: ficamos torcendo para que Ali e Zarah tenham melhor sorte.
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