E a vida continua
(1991)
Há uns dez anos atrás assisti Através das Oliveiras (1994) do diretor iraniano Abbas Kiarostami (de O gosto da cereja e o recente Cópia Fiel, já resenhado aqui), e fiquei sensibilizado pela luta infrutífera de um adolescente pelo amor de uma garota muçulmana, muito tímida, ambos trabalhando como coadjuvantes em uma produção cinematográfica. A mocinha pouco atraente nunca dizia não para o rapaz menos ainda, o filme é um tanto lento, mas é bem poético.
Este E a vida continua lhe é imediatamente anterior. Ocorre um grande terremoto próximo a Teerã e um pobre diretor de cinema vai com o filho de uns dez anos, por meio de um carro meio Fiat 147, tentar encontrar um outro garoto que atuou em um de seus filmes. Quem nunca viu uma produção nestes moldes, pensa: afinal de contas, do que se trata? Há um naturalismo permanente, a descrição detalhada e sem lirismo das cenas mais quotidianas. Mas eu destaco dois momentos que me ganharam: uma senhora informando ao protagonista de que havia acabado de perder dezesseis parentes no cataclisma. E um diálogo entre o filho do diretor e uma camponesa, em que o primeiro explica para a moça que se Deus não aceitou o sacríficio do filho de Abraão não teria por que tomar a vida de seu (ou sua, não me recordo) ente querido.
- Onde aprendeu tantas coisas?
- No Corão, na escola e de mim mesmo.
Puro, puro cinema.
não vi. anotado. beijos, pedrita
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