Juiz de Fora

sábado, 31 de dezembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (191)


Você vai conhecer o homem dos seus sonhos
(2010)



O quadragésimo quarto filme de Woody Allen faz parte da série de seus filmes que combinam temas literários russos com cidades como Londres. O tema aqui é a eterna busca humana de felicidade a dois. Este é o tema central da filmografia do neurótico Woody Allen, mas aqui a autossatisfação e o pragmatismo das personagens tomaram conta. Não há disfarces, enganações, cada um quer muito se dar bem, pode enganar a si mesmo nas táticas e estratégias, mas não nos objetivos.




Em uma Londres veraneia, com pouca chuva (improvável), passeando como pessoas comuns em ruas muito floridas, Alfie (Anthony Hopkins), decide que quer rejuvescer, separar de sua esposa com a qual está casado há quarenta anos e encontrar um novo amor mais jovem. Helen não aceita o divórcio, busca apoio junto à uma vidente e inferniza a vida da única filha Sally (Naomi Watts) e de seu genro Roy (Josh Brolin). Sally é artista plástica e trabalha em uma grande galeria para Greg (Antônio Banderas, muito mediterrânico para fazer um inglês). Roy é um americano que formou em Medicina mas quer ser escritor e é sustentado pela esposa e sogra. Roy está de olho na vizinha Dia, uma anglo-hindu rica e noiva de um jovem britânico ainda mais rico. Confusões divertidas num filme muito bom, que poderia render mais uns vinte minutos do sempre econômico Woody Allen 



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Panótico ouve aqui e agora (97)


Let England shake
(PJ Harvey/2011)


A New Music Express publicou os cinquenta melhores álbuns de 2011: (http://www.nme.com/blog/index.php?blog=147&p=11547&title=nme_s_top_50_albums_of_the_year_2011&more=1&c=1).





Da mesma forma que no ano passado eu resolvi novamente procurar algo do meu interesse neste tipo de lista (a falta de boa música para se ouvir está desesperadora, que saudades dos anos oitenta!). O primeiro colocado foi este Let England shake da cantora e guitarrista PJ Harvey. Já resenhei um álbum dela aqui (o segundo, Dry, de 1992). O auge da cantora britância foi em 1992, um ano em que as mulheres entraram de vez no rock. Os cds posteriores a Rid of me (1993) são bons, mas sem o brilho dos dois anteriores. Eu achei este Let England shake muito bom, diferente do que ela fazia, e em algumas faixas me lembra o trabalho de Annie Haslam, do Renaissance e de cantoras francesas, mas aí não é minha área. Estranho, não? O tema do álbum é o Reino Unido, seu passado e presente. O que me lembra Selling England by the pound, do meu amado Genesis. Estranho, não? (bis). Destaco as faixas Let England shake, The glorious land, All & everyone, e The colour of the Earth.




A escolha dos jornalistas da NME é sintomática. Uma veterana quarentona levou o primeiro lugar, e não as novidades mais jovens. Mas, não há dúvida, pelo melhor dá para imaginar que a colheita do primeiro ano desta década não foi boa. Eu não tenho esperança em uma nova era dourada do rock.

Brasil, sexta economia? Octogésima quarta sociedade!



"Aqui, a escola é pública e todo mundo usa, até a filha da princesa" (Holanda)

"Eu gostaria que os brasileiros tivessem essa consciência dos noruegueses", diz o carioca.

Por que não me ufano do meu país:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111229_paraisodesenvolvimento_mc_ss.shtml

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Panótico lê aqui e agora (25)



Nômade
(Ayaan Hirsi Ali, 2011)


Já resenhei aqui a obra Infiel (2007), de Ayaan Hirsi Ali. Para quem não a conhece, a escritora somali nascida em 1970, foi criada em Mogadíscio, Nairóbi (Quênia), Addis-Adeba (Etiópia), Meca e Riad (Arábia Saudita), dentro do rigor do islamismo na sua versão tribal e clânica. Aos seis anos teve o seu clitóris excruciado pela avó materna. O pai era um líder rebelde que combatia a ditadura somali e chegou a passar uma década fora de casa. Ayaan apanhava da avó, da mãe, do irmão, na escola, etc. Aos vinte e quatro anos foi forçada a se casar com um somali que vivia no Canadá, o voo fez uma escala em Düsseldorf, Ayaan atravessou a fronteira e pediu refúgio político na Holanda. Estudou em Leiden, fez mestrado em Ciência Política, tornou-se uma pessoa reconhecida após fazer um filme com o diretor Theo Van Gogh - Submissão, que lhe custou a vida - passou a sofrer ameaças de morte e a ter proteção da ONU. Foi eleita deputada por um partido de centro-direita (VVD) e defendeu o fim do subsídio integral aos imigrantes.

Numa linguagem franca, autobiográfica, mas que inclui importantes análises sobre os temas que lhe são caros: iluminismo, opressão e emancipação feminina, direitos humanos, imigração, Estado do bem-estar, multiculturalismo, Ayaan nos conta sobre o que rolou na sua vida, - as difíceis relações familiares, em particular-, após a publicação de Infiel e da morte de seu pai (2008). É uma leitura agradabillíssima, comecei ontem e li quase duzentas páginas (o meu limite diário é de pouco mais de cem). Há repetições (o capítulo sobre o irmão Mahad) e detalhes de um confronto intrapartidário (com a deputada holandesa Rita Verdonk) que beira à inconfidência, e acredito que é melhor lê-lo após o anterior Infiel. Não li o seu segundo livro, A virgem na jaula (2008)

O feminismo de Ayaan Hirsi Ali não irrita e não faz os homens bocejarem. Não é o feminismo de mulheres poderosas, ultra bem-sucedidas, criadas com liberdade em famílias de alta classe média, que eventualmente perdem uma disputa corporativa e vem a público dizer que foram preteridas por serem do sexo feminino .A moça aqui sofreu o pão que o diabo amassou com a traseira suja. O seu feminismo, assim como a sua postura diante dos próprios compatriotas, pode ser sintetizado na seguinte fala sobre sua mãe:

"Tive vontade de dizer: Mãe, abeh [pai] foi embora porque vocês dois eram incompatíveis. Você mimou Mahad [irmão] até transformá-lo num covarde filhinho da mamãe; ele cresceu assustado por abeh, e você bateu em Haweya e a xingou sistematicamente.Foi dogmática e indiferente. A fé em Alah nada teve a ver com isso.Você fez escolhas que lhe deram uma vida infeliz e culpa os outros por isso." (grifos meus) (p.71)



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (190)


Budapeste
(2009)




Havia alguns razões para assistir a este filme: a bela cidade de Budapeste, o ator protagonista (Leonardo Medeiros, que eu gostei bastante em Cabra Cega), e o fato de que é a filmagem de um romance elogiado do sr. Francisco Buarque de Hollanda (que se não me falha a memória foi um grande letrista até 1979). Acrescento o tão difundido crescimento cinematográfico brasileiro que me faz dar crédito a pelo menos uma produção nacional por ano.



José Costa é um ghost writer bem sucedido, mas casado com uma âncora de tv fútil que o trata como um perdedor (Giovanna Antonelli, que nos brinda com duas cenas simuladas de sexo e um pouquinho de talento). De saco cheio da vida, vai sozinho para Budapeste. A primeira coisa que faz é se envolver com marginais. Lá uma jovem (assistente social, divorciada, um filho) o provoca em uma livraria, e o tiozinho come a isca e resolve aprender húngaro para poder dar uns amassos na moça.




Retorna ao Brasil, chuta o pau da barraca e lá está ele de volta à Budapeste, onde trabalha como ghost writer, e se põe a escrever versos, em um país onde todos, absolutamente todos, simulam entender de literatura e poesia,não é fantástico? Mais eu não conto. Não li o livro que deu base ao filme, não sei a quem culpar pelos inúmeros chavões do filme. Talvez o pior de todos seja a ponta do sr. Chico Buarque, no aeroporto de Budapeste, pedindo, em húngaro, autógrafo ao protagonista. Ridículo.




No ano que vem eu assisto outro filme de meus compatriotas.

O Panótico vê aqui e agora (189)



Contágio
(2011)




Filmes catástrofes não são do meu gosto. Na infância foi divertido assisti-los: Aeroporto, Inferno na Torre, Terremoto, etc. Mas há muito tempo que está claro que estas superproduções intensificam o medo e o consumo. Comecei vendo este Contágio mais por curiosidade: de cara lembrou-me Epidemia, e aí pensei: bom, agora Matt Damon (ou Kate Winslet) vai nos salvar por seus dons naturais, sua abnegação e/ou seu gênio científico, cumprindo a sina dos heróis desde as tragédias gregas. Mas... Matt Damon é um pai comum e impotente para salvar a filha após a morte de seu filho caçula e de sua esposa infiel (Gwyneth Paltrow), a médica Kate Winslet também fica doente (encefalite fatal em alguns dias), mas ainda restam Jude Law (um blogueiro sensacionalista), Lawrence Fishburne (um agente político) e Marion Cotillard (uma médica da OMS), cada um à sua maneira buscando uma solução e/ou algum interesse.



O filme não tem um desenvolvimento linear de blockbusters, não chega a ter grandes lances emocionantes, há momentos em que todos estão meio que desorientados. Mais do que a discussão científica, o foco está na reação social e econômica diante da epidemia.



As locações nos EUA, na China e em diversas cidades são muito bonitas, a fotografia é bela. Também gostei de ver Jude Law como um cara feioso, calvície acentuda, espinhas e falha dentária. Talento é isto aí.




A direção é de Steve Sodebergh, um cineasta irregular, de que apenas me recordo de Sexo, mentiras e videotape e da boa versão mainstream do clássico Solaris, de Tarkóvski. A trilha sonora à la Tangerine Dream vale a pena ter em casa.


A explicação final vale por todas as próximas epidemias, é o ponto alto do filme.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (188)


Jornada da Alma
(2002)



Sabina Spielrein (1885-1942) foi uma judia natural de Rostov cuja família muda para a Suíça no início do século XX. Jovem, sua irmã morre e ela enlouquece. Internada em um hospital psiquiátrico de Zurique, torna-se paciente - entre 1904-1911 - de ninguém menos do que Carl Gustav Jung (1875-1961), discípulo de Freud e um dos principais nomes da psicanálise. Ao invés do tratamento tradicional (choques e outras torturas), o jovem Jung aposta na terapia e obtém ao longo dos anos um resultado substancial com Sabina.



Mas o respeitado e recém-casado médico acaba se apaixonando pela paciente, colocando em risco a carreira e a família na conservadora Suíça. O filme deixa claro que Sabina Spielrein, se não era propriamente uma pessoa louca, também não era uma pessoa muito estável. A versão oficial dava razão ao psiquiatra, tratando-o como alguém mais sensato, e que tomou a decisão correta ao abandonar a amante.




Paralelamente, uma jovem contemporânea e um historiador de Glasgow estão em Moscou em busca de informações sobre Sabina Spielrein, que retornou à Rússia revolucionária como médica e passou a dirigir, como filiada ao Partido Comunista, o Asilo Branco. Esta jovem pesquisadora se defronta com a mácula sexista imposta à Spielrein sob duas óticas: a visão conservadora de que a heroína quase destruiu o casamento e a reputação de Jung, e o estigma stalinista contra a Psicologia como prática científica. Gostei muito do filme, ele é fluido e envolvente, e há muitas locações em Moscou. Só não gostei de ver a versão dublada em italiano, dubladores não são artistas, mas a gente aproveita o que vem às mãos, rs...



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (187)




A minha viagem à Itália
(1999)





Assim como em Uma viagem pessoal com Martin Scorsese pelo cinema americano (1995) este documentário de quatro horas é um capítulo da história do cinema como um relato autobiográfico de alguém que faz e realmente gosta de cinema. Tanto pode ser visto como uma boa introdução ao cinema, para os mais jovens, como uma oportunidade de escolher aquilo que se quer ver dos clássicos, sim, porque os vinte e seis filmes são aqui abordados com cenas inteiras, com grande tempo para que o espectador possa assimilar o que está assistindo.



Eu achei muito interessante, e as quatro horas se desenvolvem com fluidez, não chega a cansar. É interessante conhecer e perceber o que há de repetitivo no cinema convencional, de onde vem a inspiração de boa parte do cinema mundial.




O tema central é o neo-realismo do pós-guerra. Os dez anos posteriores à II guerra mundial ocupam oitenta por cento do documentário. Esta história é razoavelmente conhecida do público mais afeito ao cinema, mas o mais interessante é que Scorsese nos revela detalhes da produção que não dá para perceber, a menos que você leia e estude cinema, o que não é o meu caso.




Os nomes chaves do neo-realismo foram: Roberto Rosselini, com Roma, cidade aberta, Paisá,  Alemanha, ano zero. Vittorio de Sica, com Ladrões de Bicicleta e Luchino Visconti com Obsessão e  A Terra treme. De Sica, Rosselini e Visconti não combinaram entre si de criarem o neo-realismo: foi mais um resultado da falta de grana para fazer filmes, o que os obrigou a contratarem amadores. Boa parte do realismo vem da falta de recursos cinematográficos. Independentemente disto, a ruptura criada por um cinema preso ao quotidiano dos indivíduos comuns influenciou e influencia uma gama mundial: a Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo brasileiro, e as produções iranianas e de Formosa, além do cinema estadunidense, claro.




Roma, cidade aberta é tão impactante, e o selo do realismo está na filmagem de verdadeiras tropas nazistas em Roma, feitas por Rosselini. Muito impressionante é o drama de um garotinho alemão na Berlim arrasada de 1947, em Alemanha, ano zero. Ladrões de Bicicleta é o filme mais antigo de que tenho notícia em que amadores dão grande dramaticidade a um filme, um emblema perfeito de que o sistema pressiona as pessoas a trilharem o caminho da marginalidade, um mote repetido à exaustão pelo cinema ao sul do mundo. Umberto D., sobre um professor que empobrece, mas se recusa a pedir esmolas, foi uma obra que me convenceu a olhar com mais compaixão para a ruína alheia. Mas dos três fundadores do neo-realismo, eu penso que foi Luchino Visconti quem levou a própria carreira a um nível mais constante de qualidade.



A terceira parte do documentário se inicia com a obra de Michelangelo Antonioni, A aventura (1960). Antes o cinema discutia a pobreza do pós-guerra gerando opressão na Itália, o homem como fruto do meio, o presente e o futuro do indivíduo preso ao sistema de classes e à política de modo geral. Agora, a questão é outra: o homem não alcança a felicidade porque não sabe como atingi-la e também não saberia o que fazer com ela. É o cinema existencialista. Scorsese enumera os cineastas que, tal como Antonioni, estavam ansiosos por experimentar: Godard, Truffaut, e Resnais na França; Glauber Rocha no Brasil, Oshima no Japão e mais alguns. A Influência do neo-realismo italisno é maior do que normalmente se gosta de admitir.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (186)


Melinda e Melinda
(2004)




Dois casais em um bar novaiorquino discutem se é a tragédia ou a comédia, em tese, que melhor pode representar o sentido da vida. Ambos resolvem contar a estória de Melinda sob estas duas perspectivas para ver no que dava.




Achei a premissa inicial do filme uma ótima ideia, e Woody Allen raramente fez filmes decepcionantes. No entanto, nada tenho a elogiar nesta obra: os artistas não possuem qualquer carisma, e nem de longe Will Farrell e Steven Carell me parecem ótimos comediantes (este último em Pequena Miss Sunshine eu gostei). Os demais atuantes me parecem ter saído do Manual de como fazer filmes economizando em cachê de atores, que Spielberg e Woody Allen são os escritores. A protagonista faz uma patricinha que, assim como a mãe, tadinha, casou com um médico por segurança, taaaadiiiinha, teve dois filhos, taaaaaadiiiiiiiiiiinha, descobriu que era apenas a esposa de médico, sniff, sniff, buscou preencher o vazio existencial indo para a cama com o primeiro vagabundo latin lover que apareceu, o marido descobriu e lhe tomou a custódia das duas filhas, buaaaaaaaah....




Mas, tudo bem, não nos preocupemos, pois duas ex-colegas de faculdade estão lhe arrumando um novo par que vai amá-la como ela é. E, aí eu pergunto: por que cargas d'água Woody Allen resolveu fazer novela?! Ruim, ruim, ruim.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Animação (10)


Porco Rosso
(1992)







Itália fascista, anos trinta. Marco Pagot é um porco antropomórfico ex-piloto da Aeronáutica italiana que decidiu, após o fim da Primeira Guerra Mundial, sobreviver como piloto de hidroaviões caçador de recompensas, além de residir em um esconderijo do mar Adriático (Croácia). Um estrangeiro - Curtis - é contratado por piratas aéreos para dar fim ao Porco Rosso. Marco necessita de reparar o seu hidroavião vermelho e fica conhecendo, em Milão, uma adolescente de dezessete anos, Fio, que já é projetista de aeroplanos. Há também Gina, dona de um restaurante, que espera que um dia Marco largue esta vida e se case com ela. O estadunidense Curtis quer se casar com Gina, e também com Fio, e pretende ser presidente dos EUA (a crítica à Reagan é evidente).



O sexto desenho de Hayao Miyazaki não se compara, em termos de enredo, à Princesa Mononoke,  a Chihiro, ou a'O castelo animado. Mas os elementos que encantam nas suas obras: o belo traço e as personagens maluquinhas, lhes são comuns.



O Panótico vê aqui e agora (185)



Filhos do Paraíso
(1997)




Ali é um garoto de nove anos que devido à pobreza de sua família já não pode viver uma infância plena. O pai é auxiliar de serviços gerais, a mãe, dona de casa com problemas de saúde, a irmã de seis ou sete anos, Zarah, ajuda cuidando do bebê caçula. A família iraniana deve cinco meses de aluguel, já não tem crédito no mercadinho do bairro, e para complicar as coisas, Ali se descuida do único par de sapatos da irmã que havia levado para conserto em um sapateiro: o calçado é levado por um catador de papel enquanto o pobre garoto escolhia batatas na vendinha.




Com medo de levar uma boa sova do pai, os dois irmãos combinam de revezar o uso do único par de tênis de Ali. A menina morre de vergonha de andar com o calçado surrado e largo do irmão, e o menino tem que aguardar o seu retorno da escola para poder utilizá-los, o que faz com que chegue sempre atrasado na escola. Simultaneamente, a menina reconhece o seu par de sapatos com uma coleguinha de escola, mas não sabe como retomá-lo.



Assim que começamos a assistir o filme, vem o clássico de Vittorio de Sica, Ladrões de Bicicleta, à mente. Filhos do Paraíso não é original em nada, é mais um neto do clássico A Besta Humana, de Jean Renoir, baseado no grande escritor naturalista Émile Zola, avô de toda e qualquer abordagem tipo o homem é produto do meio. A linha de raciocínio os-pobres-mantém-a-sua-integridade-mesmo-diante-da-miséria é obra do populismo, muito comum em filmes latinoamericanos e aqui presente no cinema do Oriente Médio. O roteiro leve, no entanto, nos envolve: ficamos torcendo para que Ali e Zarah tenham melhor sorte.

Jeaumont










Jeaumont é uma pequena cidade no nordeste da França, na fronteira com a Bélgica. A ACT Lightning Design foi contratada para chamar a atenção para a reurbanização da área industrial próxima à uma estação de trem. Por um período de dez dias, a área foi transformada em um domínio artístico. O resultado são estes espetáculos que você vê.