Juiz de Fora

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Panótico vê aqui e agora (270)


Uma garrafa no mar de Gaza
(2011)





Israel, 2007. Tal Lévine é uma adolescente judia francesa cuja família mudou para Jerusalém. Tal está passando pela fase característica: começou a fumar e a beber, tem conflitos com os pais, quer fazer um piercing e perder a virgindade, tudo previsível, mas após a morte de uma colega em um atentado suicida - colega que estava prestes a casar -, resolve escrever, em inglês, uma carta a qualquer pessoa que habite a faixa de Gaza. O irmão soldado coloca a missiva em uma garrafa de uísque e a atira nas águas do Mediterrâneo esperando que alguém a leia.


Um grupo de jovens meio sem rumo na vida encontra a garrafa. Um deles traduz a carta para os colegas. Tal queria saber como alguém poderia entrar em um estabelecimento, ver pessoas lá dentro, e, sem mais nem menos, por fim à própria vida e à de terceiros. Os rapazes reagem com deboche ressentido, mas um deles, Naim, resolve escrever para o email fornecido pela menina. A partir daí, ambos têm uma relação de repulsa, medo e atração.




Os argumentos do filme são conhecidos, e ambos dotados de legitimidade. Os israelenses acreditam nas origens bíblicas de seu Estado, ou, pelo menos, querem apenas viver em paz. Os palestinos sentem-se expulsos, sem um Estado, ou, pelo menos, sem a qualidade de vida que há em Israel, excluídos de benefícios sociais.  A menos que o(a) leitor(a) tenha uma opção clara para a questão palestina, não lhe parecerá que o filme é escancaradamente favorável a um ou outro ponto de vista.

O que eu estranhei, não de todo, foi a imagem da França como redentora de ambos, o filme mostra o exílio de estudos em Paris como a chegada do Iluminismo junto aos povos conflitantes. Um centro cultural francês em Gaza é exibido como uma ilha de paz e cultura em pleno mundo cão. Para que se possa dar uma dimensão do que estou a dizer: há um momento em que a mãe viúva de Naim fala para o seu filho único, quando da Intifada de 2008: "Fale algo em francês para me deixar feliz". Não que eu seja insensível ao charme da capital francesa, muito pelo contrário.

Mas, a minha memória de  chama: cadê a minha cópia de A batalha de Argel ?!rs...

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