Juiz de Fora

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Panótico vê aqui e agora (268)



Escola do Riso
(2004)





Asakusa (Tóquio), 1940. Sakisaka é um policial civil escolhido pelo governo japonês para ser censor de peças teatrais. Controlado e burocrático, todo dia recebe dramaturgos e impõe pequenas censuras às suas obras como condição para permitir a sua encenação. A maioria aceita as imposições e outros mais destemidos preferem ter a sua peça recusada do que permitir a ingerência do Estado em falas cruciais de suas obras.

Tsubaki é um medroso roteirista da companhia Escola do Riso  e aceita toda e qualquer exigência por parte do censor, que, por sinal, pretendia vetá-la in totum. O até então contido Sakisaka se revela diante de Tsubaki um iracundo direitista que considera toda e qualquer comédia como impatriótica diante da situação do Japão, que agora estava em guerra com o Reino Unido. Sakisaka afirma que já havia lutado na guerra e jamais havia dado risadas em sua vida, não vê sentido nas comédias como gênero teatral.

Tsubaki queria encenar uma paródia de Romeu e Julieta - e, principalmente, não perder o emprego - e também agradar ao seu chefe, diretor e ator principal do teatro Escola do Riso. Tsubaki passa a aceitar toda e qualquer exigência do censor Sakisaka, reescrevendo o script diariamente, e ainda assim, o policial nunca lhe dá o seu sinal verde para a peça.





Aos poucos Tsubaki encontra uma maneira de lidar com o burocrata mesquinho e aparentemente tapado.

O tom do filme é de pilhéria, a maior parte das cenas é praticamente um teatro em os dois protagonistas. Na verdade esta era uma peça de teatro que foi levada para as telas. As pessoas nas ruas e nas peças encenadas na Escola do Riso têm um jeito apressado e apatetado das comédias latinas, pensei muito nos filmes italianos, e fiquei imaginando se o filme seria adaptação de alguma peça teatral europeia que trata do absurdo da ação do Estado contra os sentimentos mais naturais dos indivíduos. A referência mais precisa que eu tenho é a comédia Como a vida é bela, com Roberto Benigni.

Uma defesa inteligente e bem-humorada da liberdade de expressão.

3 comentários:

  1. eu adorei esse filme, incrível como ele é atual. me lembram as empresas avaliando se um projeto cultural merece ou não patrocínio e a desinformação cultural de quem os avalia. eu comentei aqui no meu blog, e nossa, foi em 2008 http://mataharie007.blogspot.com.br/2008/08/escola-do-riso.html

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  2. Vou lá dar uma olhada. Não fiz esta associação com o setor privado, interessante. Precisar do dinheiro alheio é um saco, rs...

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  3. bom, ser assalariado é tb depender do dinheiro alheio.

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