Juiz de Fora

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Panótico vê aqui e agora (241)




Nota de rodapé
(2011)


Eliezer Shkolnik é um filólogo de Jerusalém, nascido nos anos trinta, filho de imigrantes. Dedicou toda a sua vida profissional a reconstituir o Talmud original, o mais próximo possível, a partir de manuscritos europeus da Renascença. Um seu colega professor universitário obtém, por acaso, a prova do equívoco da linha de pesquisa de Eliezer, não lhe comunica, e ganha notoriedade e poder institucional confirmando a veracidade da Bíblia ensinada em Israel, contrariamente ao que suspeitava Eliezer, homem rígido, de ciência, de princípios. Não é preciso chamar a atenção de que a Bíblia dá forte legitimidade ao discurso de poder do Estado de Israel, diante de si e dos outros. Provar a exatidão ou não dos textos hebraicos serviria de maior ou menor apoio às políticas de Israel.


Uriel Shkolnik é o filho do protagonista, na infância sentia vergonha pelo fato do pai ser um filólogo, e mais ainda quando o genitor insistia em ser tratado por professor, mesmo sem dar aulas. Mas, seguiu o caminho do pai. Seguiu não, Uriel pôs a pesquisa a serviço da vaidade, da autopromoção, das celebridades, dos holofotes, como fazem boa parte dos professores universitários em todo o planeta, ainda que o façam com conduta profissional e competência técnica. O ostracismo do pai é confrontado com o sucesso do filho.

Gostei demais do filme. Apesar de israelense, a obra não tem como centro a relação com os palestinos, a questão lhe é incidente, e aparece mais devido ao aparato de segurança. A relação entre pai e filho, entre princípios e conveniências, entre feijão e sonho, foi tratada com humor inteligente. A narrativa é ágil, mas dando tempo para sentir as personagens e as situações.

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