Linha de frente
(La prima linea/ Itália (2009)
Uma das imposturas oficiais da historiografia é a de tratar a extrema-esquerda armada da década vermelha (1967-77) como sendo formada por "heróis da resistência democrática". Uma análise séria dos motivos que levaram milhares de universitários a pegarem em armas com o objetivo inconfesso de erigirem ditaduras monopartidárias não caberia aqui. Mas há pelo menos dois excelentes filmes sobre o tema que merecem ser vistos por qualquer pessoa que se interessa por política: o insuperável O complexo Baader-Meinhof e o excelente Lobo. Tal como os anteriores, Linha de frente é fiel à realidade, na narrativa de Sergio Segio, lider do grupo terrorista Prima Linea oriundo do Lotta Continua e Potere Operario. O contexto dos anos de chumbo da política italiana serve para explicar a imersão na luta armada, mas não para justificar a crescente violência para com as pessoas e instituições. Quanto mais acuados, mais radicalizados. A personagem de Sergio Segio vai se dando conta de que a vanguarda não possui retaguarda, mas, tal como ocorreu com o grupo basco ETA, muitos dos que pegaram em armas não querem outra vida. Quem paga o preço é o cidadão comum, que se não é inocente também não é culpado das mazelas do capitalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário