Senior
Röyksopp
Este mês de setembro veio com dois ótimos lançamentos (o outro é o novo Interpol), o que é raro para pessoas que gostam muito de música mas são difíceis de agradar, como é o meu caso.
Mas chega de lamúrias. Senior é d.b.e. na certa. É o quarto álbum do duo norueguês de Tromso, Noruega. Formado por Svein Berge e Torbjorn Brundtland, há uns doze anos, a dupla faz música eletrônica. Os álbuns anteriores Melody A.M. (2001), The Understanding (2005) e Junior (2009), pelo que ouvi, superficialmente, não haviam ainda atingido a qualidade de Senior. No entanto, a banda alcançou o reconhecimento muito cedo na Noruega, e desde 2005, o mercado inglês. Ouvi-os pela primeira vez na trilha de Fifa 2006, mas não dei pela coisa.
Senior é totalmente instrumental. Inicia-se com um som característico de vinil, aquele chiado saudoso, e a partir daí vem uma sucessão de faixas envolventes. As influências diluídas são, claramente, Brian Eno, Pink Floyd, alguma coisa de música alemã e trilhas de filmes dos setenta. Quem tem ouvido para detectar paisagens sonoras vai se deliciar. Dá para sacar que a banda utiliza sintetizadores de trinta anos atrás, ou talvez até mais. Há momentos que me lembra o Air, sem vozes. Tricky Two é semelhante ao technopop de outrora, mas a referência direta tem mais a ver com que é feito em eletrônica em tempos mais recentes. The Alcohol lembra-me alguma coisa do Vangelis. A faixa The Fear tem um refrão clássico de cinema, mas não me recordo qual. Senior Living é como Pink Floyd em Zabriskie Point. Independentemente desta arqueologia sonora, tudo é muito bom de se ouvir, e pode ser curtido por quem está chegando agora. Forsaken Cowboy parece ter a ver com certas sonoridades ligadas ao trip-hop, ou até mesmo drum and bass, mas parece mesmo é música de filme ou algo tipo Burt Bacharach.
Não tenho maiores informações sobre a banda e seus propósitos, mesmo porque prefiro tirar conclusões a partir do que ouço. Os vídeos são, a meu ver, bem irregulares, com exceção de Remind me, que realmente é um caso à parte. Dos grupos escandinavos recentes é o primeiro que ouvi que ultrapassou o nível da mera curiosidade. Berge e Brundtland mal chegaram aos trinta. Têm muito tempo ainda e já são seniores.
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