V de Vingança
(1989)
Por volta de 1988 a Globo exibiu uma novela ou minissérie, ambientada no Antigo Regime, em torno do tema da alquimia de Nicholas Flamel. Há uma fala que me chamou a atenção: o personagem do ótimo Antonio Abujamra alerta a um novo governante que ele não precisaria se preocupar muito com os cortesãos, que podiam ser comprados com favores, mas deveria temer o povo.
Acostumado a pensar, na cartilha dos graduados em História, de que o povo é santo na sua inocência e que a corrupção se limita ao Estado, fiquei surpreso em que o único personagem clarividente da trama fizesse este juízo dos cidadãos de bem.
Meses mais tarde li Microfísica do Poder, de Michel Foucault, onde ele demonstra como o poder circula e é conservado pelas pessoas no seu quotidiano. Bom, isto já não fosse suficiente, participei, ao longo de ano e pouco, da direção do meu sindicato, e dali pude imaginar, vagamente, como deve ser a disputa de poder em Brasília, Washington, etc.
V de Vingança foram os melhores quadrinhos que li, uma análise pertinente sobre o totalitarismo. Há erros grosseiros: Guy Fawkes não era um anarquista, mas um ultra-reacionário adepto do Antigo Regime dos Stuart, o traço chega a ser simplório, mas o enredo é cativante.
O filme também é muito bom, embora a sapeca Natalie Portmann, fazendo a típica suburbana segura de si, não condiz com a apavorada garota dos quadrinhos.
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