Juiz de Fora

sábado, 14 de agosto de 2010

Discoteca Básica (1)

The Man Machine
(Kraftwerk, 1978)





Lá íamos para o final do distante ano de 1978 (auge da discoteca por aqui, devido ao fuso horário entre Nova York e Pindorama), época em que um colega da escola pública em que estudava quis me apresentar um disco de música "que não era para dançar, mas só para ficar ouvindo". Huh? Fiquei curioso e emprestou-me uma fita gravada original com Radioactivity, do Kraftwerk. Com exceção de algumas faixas, tais como Antenna, Radioactivity, Ohm Sweet Ohm e algumas poucas, não curti muito e a devolvi no prazo regulamentar de uma semana.

Um mês depois, outro colega de outra escola pública - em cidades pequenas, antigamente, as escolas estaduais abrigavam a elite, o oposto dos anos posteriores - falou-me de um grupo alemão com uns caras parecidos com robôs - palavra mágica instantânea para um adolescente proto-nerd de então - chamado Krafituirk. Pô, de novo?!

Na minha família, classe média-média típica, presente era coisa de aniversário, Dia das Crianças e Natal. Não sendo eu o Gato-de-Botas de Shrek, tive que argumentar à beça na busca por um adiantamento ou antecipação do presente natalino. Não era comum dar mesadas aos filhos. Sucesso. Vim para Juiz de Fora e comprei The Man Machine na Billbox, uma loja até legal, com um proprietário nem tanto.

02 de dezembro de 1978. Such a perfect day.

O disco começa com The robots. Desde o início, paixão total e absoluta. O ritmo e o refrão grudam na cabeça e de lá não querem sair. Tecnologia, sintetizadores, eletrônica, ficção científica, futuro, cidades, Alemanha, temas fortemente sedutores para garotos com muito tempo livre. Tem "The Model" também, fazer o quê, chatinha e brega, a faixa "comercial", mas é bom para começar a lidar com a indústria fonográfica.

Escrevi minhas iniciais na capa, fruto de uma sugestão alheia, que pecado.

Apaixonado pelo grupo, sofrendo três anos seguidos com a espera do próximo Computer World, enfrentei calado a resistência das três grandes tribos da época: o pessoal do rock progressivo (majoritário), da MPB (em forte ascensão) e do heavy metal (em gestação). Os primeiros, no qual busquei acolhida, tinham reservas ao Kraftwerk, o segundo repudiava apenas por ser música estrangeira, e o terceiro não tinha por que gostar.

Deixei de saber. Kraftwerk é avô do turbilhão techno. Total. Absoluto.

Vorsprung duch Musik.


Kraftwerk mudou minha vida.







Lyrics | Kraftwerk lyrics - The Robots lyrics


Lyrics | Kraftwerk lyrics - Neon Lights lyrics

3 comentários:

  1. Kraftwerk!Uau! Iniciou em grande estilo! Que coisa boa de ler! É, realmente..."cada um com sua narrativa."

    Parabéns! Seu blog me parece que será leve, divertido e nem por isso pouco comprometido. Vou acompanhar!rs

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