O homem ao lado
(2010)
Leonardo é um designer de móveis muito bem sucedido que reside na única casa construída por Le Corbusier em solo sulamericano, em La Plata, Argentina. Victor é o seu novo vizinho, um sujeito bronco e com jeito de grosseirão que muda para o lado e decide abrir uma janela frontal à residência do designer, tirando parte da privacidade de sua família, - e em desconformidade com as normas legais-, a título de querer "um pouco de sol que você possui tanto, Leonardo..."
O confronto entre os vizinhos sugere uma simbologia social: o vizinho é ignorante, brega, com jeito de valentão, pegajoso, enrolão e quer ser amigo do designer. O designer é talentoso, mas dissimulado, covarde, dominado pela esposa que o trata usualmente por "idiota", tem uma filha que é a personificação mais fiel de uma adolescente de alta classe média de países como o Brasil e Argentina a que tenha visto no cinema, finge que valoriza os seus alunos universitários (típico, nenhum professor ama os seus alunos) e tem arrombos de mandonismo e estrelato. Victor quer resolver as coisas na base da conversa entre compadres e Leonardo quer se utilizar de intermediários para demonstrar o próprio poder. O tema inevitável é o modo como a elite e o povão se defrontam.
O filme dá a opção de torcer a favor e contra ambos, mas é inegável que o designer possui razão quanto ao seu direito. Por falar, espantei-me favoravelmente com o filme ao tratar dos aspectos jurídicos do direito de vizinhança: a explicação e solução para a questão é acertada, e o caminho para a via judicial ganhou a sua devida proporção: uma ação judicial não é a primeira e nem a última opção para as lides humanas: mas a segunda, o melhor caminho é um acordo amigável, extrajudicial, tornado impossível ou muito improvável este acordo, aí sim, bate-se às portas do poder Judiciário.
Eu adoro comédia de costumes, e esta leva o espectador a repensar expectativas. É o segundo filme argentino muito bom a que vejo este ano. Argentina 2 x 1 Brasil (Tropa de Elite 2).
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