Juiz de Fora

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (166)


Zero: an investigation into 9/11
(2008)




Quando os atentados de 11 de setembro de 2001 ocorreram eu rapidamente firmei a minha convicção sobre os eventos: a) os atentados foram praticados pela Al Qaeda; b) o governo estadunidense  facilitou a sua execução, do contrário, o FBI e CIA seriam um bando de panacas; c) Saddam Hussein não tinha interesse e não tinha armas de destruição em massa; d) os atentados beneficiaram tremendamente o complexo industrial-militar dos EUA, deu bilhões de dólares para um tiquinho de gente republicana.



Alguns anos depois as pessoas bem informadas que viram o documentário de Michael Moore (Fahrenheit 9/11) tiveram evidências da da farsa da administração Bush e oh!, não é que a família de Bin Laden era praticamente sócia dos Bush em seus investimentos em solo estadunidense?



Mas este documentário italiano trouxe informações inéditas para mim, e tudo explicado tecnicamente por profissionais da Aeronáutica dos EUA e especialistas em arquitetura, fora o depoimento de sobreviventes do WTC. Não adianto nada. É a teoria da conspiração mais bem comprovada de que já tive notícia. Então, não é apenas uma teoria...


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Panótico lê aqui e agora (23)



Em 1983 eu prestei o vestibular para História e na época as federais já exigiam a leitura de alguns livros para as questões fechadas de literatura. Uma destas leituras foi O cobrador de Rubem Fonseca (1925-     ). Por ser apenas um conto não li o resumo, li o texto na íntegra. Fiquei impressionado com o estilo "Carga Pesada" (seriado global) aquela coisa mundo-cão, um marginal que fazia "justiça" com as próprias mãos, executando pessoas de classe média e ricos com requintes de crueldade e poupando outros tão ou mais miseráveis do que ele. Cursando História manjei o por quê desse tipo de leitura ser impingido à vestibulandos de dezessete anos de idade: eram os professores universitários de esquerda despejando o seu desprezo para a classe média que até então não se rebelava com o regime militar, algo tipo: "olhem, seus burgueses, a podridão do capitalismo, se vocês não mudarem de lado vão experimentar a navalha afiada do cobrador". Como nunca gostei de ser cobaia da utopia alheia tomei antipatia brutal de todo escritor amado pela esquerda latinoamericana: Jorge Amado, Gabriel Garcia Marquez, etc., etc., e também do moralismo às avessas de Rubem Fonseca.

Bom, mas perdemos todos com estes estereótipos, os leitores e os escritores. Agora, em outro contexto, tive curiosidade de ter mais algum contato com este autor, até em função do mestrado em literatura, ou principalmente em função dele, para ser honesto. Peguei este volume de Contos Reunidos na biblioteca de uma das escolas municipais em que trabalho, um livro que dificilmente eu compraria, a obra estava lá, pegando poeira, há sete longos anos, e está bem visível que jamais foi folheado. Reúne seis livros do autor: Os prisioneiros, A coleira do cão, Lúcia McCartney, Feliz Ano Novo, O cobrador e Romance Negro, escritos entre 1963 e 1992. Já li os quatro primeiro contos, e, com exceção de um que descreve uma autópsia, - algo para o qual não tenho estômago e que me fez abandonar um romance policial de Patricia Cornwell -, achei-os uma leitura curta, estimulante, e, não há dúvida, o homem já era cru antes do período militar, e então posso concluir que a sua obra não foi uma das muitas bobagens escritas neste país apenas para provocar a censura do autoritarismo, coisa mais adolescente. Não vou dizer aqui que vou ler o livro inteiro, como normalmente faço com os demais, mas é mais um escritor com que estabeleço as pazes.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

T.V. Glotzer (31)




Mad Men
(4 temporadas/2007-10)




Nova York, 1960. Uma agência de publicidade com uma meia dúzia de jovens fumantes, semi-alcoólatras, mulherengos, e uma dúzia de secretárias comunicativas, muito dispostas a provarem a sua eficiência  profissional aos seus chefes. Esta série começou cheia de clichês, com aquele papo furado de gênios da publicidade. Mas o que vemos é o protagonista Donald Draper esconder o próprio passado e trocar o seu tempo livre com a família por mulheres que lhe escapam (uma artista beatnik e uma executiva independente). A série pretende abordar os bastidores do meio, mas não adquire um perfil de documentário revelação. Por alguma razão, não muito clara para mim, a série prende a nossa atenção, e eu assisti toda a primeira temporada em um único dia, pois hoje eu prefiro tempo livre à excesso de trabalho, não vou arriscar a ter um infarto por um pouco mais de dinheiro. Achei um exagero o excesso de fumo e álcool exibido na série, mais parece propaganda do que denúncia, pois há muita glamourização. Bom, problema do telespectador se ele pensar que fumando e bebendo vai se tornar mais atraente. Também é interessante que a série foge um pouco do politicamente correto: o herói não é virtuoso, e as mulheres, ainda que discriminadas, não são vítimas, elas parecem saber tirar algum proveito do seu papel de objetos. A série foi interrompida em 2011, mas vai retornar mês que vem.



domingo, 25 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (165)



Moça com brinco de pérola
(2003)



Em meados da década de oitenta eu vi e gostei bastante do filme Caravaggio, de Derek Jarman, no qual o diretor reproduziu no filme a técnica claro-escuro das pinturas do artista barroco. Este Moça com brinco de pérola faz o mesmo com as obras do pintor holandês Jan Vermeer, de Delft (1632-1675).


Griet (Scarlett Johanson) é uma jovem empregada doméstica calvinista que vai trabalhar na residência dos Vermeer (Colin Firth). Aparentemente excêntrico, o pintor é casado com uma insegura esposa e possui seis filhos, além da sogra manipuladora. A pobre Griet é um saco-de-pancadas, mas fica seduzida pelo pintor e atrai o ciúme de sua esposa.



O enredo é baseado em um livro de ficção, quase resvala para uma novela global, a menina pobre e virtuosa tornada joguete da perversão dos ricos patrões, mas a fotografia do filme é maravilhosa. Este é mais um filme que vale a sua aquisição (em blu ray, faz favor, rs...).


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (164)


A árvore da vida
(2011)









A árvore da vida é um filme do diretor Terrence Malick, diretor do deslumbrante Cinzas no Paraíso e Além da linha vermelha, um filme de guerra de grande aceitação entre o público mais atento ao cinema. Brad Pitt faz um inventor do tipo fundamentalista-bisonho-meio-oeste-guerrafria que é um pai amoroso mas um tanto repressor de seus três filhos adolescentes, particularmente sobre o mais velho. Sean Penn faz o primogênito Jack, já na atualidade, um arquiteto ou construtor bem-sucedido que culpa o pai pela morte do irmão do meio, morte esta que ainda lhe traz uma infelicidade diária. Isto dura uns dez minutos.

Depois temos um desfile de imagens maravilhosas que ilustram o tema do filme, ou o que me pareceu sê-lo: a vida é espantosa, algo único, e a gente perde um bocado de tempo com besteiras. A fotografia do filme vale a aquisição do dvd, particularmente em blu-ray.

Este deslumbramento dura uma meia-hora, e depois vamos acompanhar a família do protagonista, o ódio reprimido que o primogênito vai desenvolvendo sobre um pai amoroso, mas sistemático e implicante com os seus moleques da pá-virada e da mãe que lhes dá razão, em confronto com o marido que também a reprime. A ambientação evangélica do filme é demais para mim, criado que fui neste catolicismo sulamericano macunaímico, essa coisa ai-que-preguiça, em que nós todos sabemos colocar a culpa religiosa no espaço reduzido da missa, este país em que o prazer suplanta qualquer princípio rígido. Não é que não haja pecado abaixo do Equador, o que não há é culpa correspondente.

Achei o filme longo, não há uma trama ou um enredo que justifique os cento e quarenta minutos, e falas em sussurros e na forma de pensamentos me parecem enfadonhas. No entanto, para aqueles que são fãs de Malick não há risco de desapontamento. Não me parece, no meu entender, que a pasteurização do cinema tenha uma boa saída em um filme que leva uma parte do público a abandonar as suas salas.


T.V.Glotzer (30)


The big band theory
(5.ª temporada/2011-2)



No final da quarta temporada Penny e Raj dormiram juntos, e este é o gancho para a quinta temporada. A minha segunda série preferida, já com dois episódios, não começou dramática como House - mesmo porque é uma comédia - mas, sem desfalques no seu elenco, está mais interessante do que Two and a half men.





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Filmes (44)



O enigma de Kaspar Hauser
(1974)



Assisti este filme em 1986, em videocassette. Recordo-me que achei-o um excelente trabalho de Werner Herzog, o cineasta alemão mais celebrado daquela época, mais até do que o falecido Fassbinder. O tema do filme tem a ver com a socialização como importante fator de desenvolvimento cognitivo dos seres humanos.


Baseado em um rumoroso caso verídico, Kaspar Hauser foi um adolescente bávaro, de origem nobre, mantido encarcerado até os quinze anos em um porão de uma residência em Munique. Em 1828 ele foi abandonado em uma praça de Nuremberg, com uma carta que pouco esclarecia, e endereçada a um capitão do regimento de cavalaria. Não sabia falar mais do que "cavalo", possuia ferimentos na derme e mal andava. Nos anos seguintes pôde desenvolver algumas habilidades. O seu caso ainda levanta discussões acadêmicas. Dos filmes de Herzog é o que mais gostei, incluindo Nosferatu.



T.V.Glotzer (29)


House
(8.ª temporada/2011-2)


O médico mais humanista do mundo está na cadeia, por conta da bobagem que fez no último episódio da temporada anterior. E lá ele vai passar por poucas e boas, como não, e continuar a ser o detetive brilhante de sempre. Ao contrário de Two and a half men, aqui eu tenho a tranquilidade de saber que a série continua impecável.


Dia Mundial sem Carro


Amanhã (22 de setembro) eu vou deixar o carro na garagem e ir ao trabalho por meio de ônibus. Você que é inteligente e formador de opiniões, colabore com o planeta.

Videoclips (63)

While the earth sleeps
(Peter Gabriel & Deep Forest/1995)

O Panótico lê aqui e agora (22)


Ficções
(Jorge Luis Borges/ 1944 (ed.2007)
Entre este post atual e o último escrito sobre minhas leituras, eu incorporei mais quatro livros: Baú de Ossos, primeiro volume da autobiografia de Pedro Nava (interessante, mas prolongado), Um homem sem profissão, de Oswald de Andrade (interessante), A faca de dois gumes de Fernando Sabino (engraçado, mas só isto) e uma novela de uma autora local a que eu recuso a dizer o título para não espalhar más leituras. Todo este esforço em alguns dias foi mais ou menos obrigatório em função do meu mestrado, e não fiquei animado a postar nada sobre os títulos citados. Nenhuma destas leituras me fez ganhar o dia, e eu fiquei pensando: será que a minha falta de prazer substancial se deve ao fato de terem sido "dever de casa", eu não cresci por completo ainda? Não, não tem tanto a ver com a compulsoriedade das leituras, pois a leitura desta obra de Jorge Luís Borges está prevista para depois de amanhã, também é obrigatória, mas estou adorando lê-la.

Borges dispensa apresentações, eu já venho lendo a sua biografia há algum tempo, mas é o meu primeiro contato com os seus textos. É sensacional. Uma combinação de fantasia, humor inteligente, metafísica apurada, economia adequada de sentenças, absurdos sistematizados e uma imaginação dos diabos. Assim que comecei a sua leitura me dei conta de que se tratava de uma obra que não exige propaganda em seu favor. A qualidade é visível, patente, salta aos olhos, adentra a sua pele, etc.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

T.V.Glotzer (28)



Two and a half men
(9.ª temporada/2011-2)




Se não quer saber como foi o primeiro episódio não leia o próximo parágrafo.




Eu avisei, rs... Charlie Harper foi assassinado em Paris e todas as suas principais ex-namoradas vão ao velório falar mal do dito cujo, antes dele ser cremado. A mãe, que é corretora de imóveis, aproveita para fazer propaganda da casa em Malibu. Alan Harper quer ficar com a mansão mas não tem tutu para isto. Walden Schmidt (Ashton Kutcher) é um bilionário viajandão que tenta suicídio em frente à casa de Charlie porque a sua namorada o abandonou. Alan, com aquele jeito de acolhedor, faz amizade com o ricaço. Não gosto de Kutcher, e colocá-lo nu duas vezes no episódio mostra que os produtores sabem a falta que Charlie Sheen está fazendo. Walden Schmidt vai comprar a casa de Charlie e permitir que Alan permaneça por lá. Jon Cryer sustenta este episódio, mas eu gostaria que Charlie retornasse à série...

É pagar para ver.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (163)














My fellow readers este filme nem parece que é de Godard, o chato. Nana (Anna Karina) é uma jovem atriz (ou pretendente a atriz) que larga marido e filho pequeno para tentar a carreira cinematográfica. Vai trabalhar como balconista em uma loja de discos na Boulevard Saint-Germain (5ème), Paris, 1962. Sem dinheiro para pagar o aluguel é ilegalmente despejada pelos próprios locadores. Enquanto passeia a esmo, sem saber o que fazer, um rapaz a confunde com prostituta e lhe propõe um programa. A moça, sem desespero, mas sem opções, entra amadoristicamente neste ramo. Esta é a principal temática do filme.

O tratamento dado ao objeto diferencia-se de tudo o que já vi: não é aquela coisa apaixonada dos filmes latinos, em que anexa à descida aos infernos há um discurso calejado sobre a exploração social, não è moralista à maneira do fundamentalismo estadunidense e nem aquela coisa inglesa de que toda perversão é divertida. A transição da moça para a prostituição ocorre gradativamente, aos poucos ela se enquadra no novo papel social, e há um diálogo que funciona como um manual de introdução ao trabalho nas ruas, citando inclusive as fontes normativas pertinentes ao assunto.

O filme é dividido em doze capítulos, com subtítulos, há diversas referências literárias e a filmes clássicos dos anos vinte e trinta, e também a Truffaut, Louise Brooks, a guerra da Argélia (preste atenção na cena de uma rajada de metralhadora!).... Há também um ótimo diálogo da protagonista com um filósofo em um café parisiense, sobre o pensamento, a palavra e o amor, naquele jeito esférico de filosofar típico dos franceses.

Sem dúvida nenhuma, é o melhor filme de Godard a que assisti até o momento, bem mais interessante do que Acossado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (162)









Justine (Kirsten Dunst) é uma jovem publicitária prestes a se casar com um jovem meio apagado. O seu cunhado (Kiefer Sutherland) é podre de rico e lhe propicia uma cerimônia empertigada em uma propriedade com campo de golfe. A irmã Claire (Charlotte Gainsbourg) já começa ralhando com a irmã por conta de seu atraso de duas horas até a chegada do local. Com todos presentes ao almoço o pai de Justine (John Hurt) decide fazer um discurso e alfineta a sua esposa, mãe de Justine (Charlotte Rampling). A mulher não deixa por menos, toma a palavra e diz que odeia os casamentos (não me lembro se ela diz marriages ou weddings). A partir daí tudo vai por água abaixo. Pobre Justine.


Os cinco minutos iniciais deste filme são uma obra-prima. Não falo mais nada. Vou comprar o dvd por conta desta introdução.


Melancholia é o nome de um planeta que se aproxima da Terra, e isto provoca efeitos nas pessoas, óbvio. Lars von Trier coloca aqui todo mundo como muito pirado, mas não à maneira de Almodóvar (o pirado cômico) ou Bergman (o pirado analisável) mas pirado-pirado mesmo, bem dançado. O pai é inconsequente, a mãe, uma megera (mas marcou ponto comigo ao criticar duramente os  casamentos, rs...), o patrão (Stellan Skarsgard), um sanguessuga, o cunhado, um riquinho prepotente, o namorado, um fraco, casando porque é o que os outros fazem, os ceremonialistas, uns sistemáticos (e Udo Kier, quanto tempo, hein?) e a irmã Claire (Charlotte Gainsbourg, boa cantora, ótima atriz), esta necessita de uma junta psicanalítica, a moça é um destrambolho, não tem um minuto de estabilidade emocional.

As referências maiores do filme me parecem ser Solaris e Sacrifício de Tarkovski, mas isto é para outra conversa. Os atores dão um show, é impressionante como o diretor conseguiu aproveitar o máximo do talento de todos eles, em especial de Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg. Nem me parecia que Kiefer Sutherland e Charlotte Rampling fossem brilhantes.

Adorei Melancolia, fiz as pazes com o menino mimado da Dinamarca. Ainda não é "o maior cineasta da atualidade" mas fez o seu melhor filme para quem, como eu, nunca foi seu fã.


domingo, 11 de setembro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (161)


W.
(2008)




Oliver Stone já foi um dos meus cineastas preferidos e JFK é um dos grandes filmes políticos de que me recordo, já tendo o exibido para os meus alunos por seguidos anos. Também gostei bastante de uma sutileza política de Nixon: por ter sido um político assumidamente de direita Nixon pôde restabelecer relações com a China e com a URSS, algo que um presidente democrata teria enorme dificuldade em fazê-lo por que ficaria na berlinda diante da imprensa e do poder econômico dos EUA. Há mais uma meia dúzia de bons filmes de Oliver Stone: Salvador, Platoon, The Doors, Wall Street e Nascido em 4 de julho, todos da segunda metade da década de oitenta. Nos anos seguintes o homem parece que perdeu a força, e há alguns anos atrás parecia estar encantado com o ditador venezuelano Hugo Chávez, o que me desapontou um pouco.




Quando este W. foi lançado George W. Bush ainda era presidente, e o pouco que ouvi falar do filme era de que Oliver Stone havia realizado uma obra em seu favor, e eu pensei: duvido muito, alguém que se ilude com Chávez é certamente de esquerda, não vai bajular um presidente republicano em fim de governo com baixíssima popularidade.




Basicamente, o cinema trata de biografias de chefes de Estado sob quatro enfoques, do mais ingênuo ao mais realista: os chefes de Estado são uns iluminados que agem sob os mais altos desígnios, tipo os reis de estórias como o Senhor dos Anéis; os chefes de Estado quando erram, o fazem pensando no bem do povo, tipo o que os leitores brasileiros pensam de Lula; os chefes de Estado erram por suas próprias falibilidades: inveja, recalques, traumas, limitações intelectuais, somos todos humanos, não é mesmo?; os chefes de Estado erram porque são meros agentes das classes dominantes, dos lobbies, de grupos de pressão ou pelas condições objetivas da realidade, é o enfoque de qualquer filme marxista; W. se enquadra no terceiro grupo.


George W. Bush é apresentado como um filhinho de papai texano bronco, alcoólatra, farrista, que possui um pai das antigas que a todo momento demonstra a sua decepção para com o filho que não aproveita o berço de ouro e faz algo de valor. Junior quer o tempo todo convencer a si e ao próprio pai de que é capaz de grandes feitos.

Além da brilhante atuação de Josh Brolin, este filme traz outras caracterizações que buscam uma aproximação histórica com os agentes da trapalhada da invasão do Iraque, em 2003: Condoleezza Rice é a carreirista que nunca perde a oportunidade de puxar o saco do chefe; o vice Dick Chenney é o manda-chuva que compreende melhor do que ninguém o interesse econômico do conflito; Donald Rumsfeld o arrivista que não assume o que faz; o comandante Colin Powell foi o que mais se opôs à invasão do Iraque, mas confrontado com a possibilidade de perder o poder marcou um golaço em favor de Bush, diante do Congresso; a esposa Laura Bush é uma democrata que gosta de alfabetizar e participar do poder; e os senadores Hillary Clinton e Edward Kennedy aplaudiram a invasão do Iraque, pois a memória do povo dura pouco e perde-se votos ao remar contra uma maré muito forte. No, this is not a love story.


O Panótico vê aqui e agora (160)






Biblioteca Pascal
(2010)



Este filme faz parte de um reduzidíssimo grupo de produções cinematográficas: os filmes que são bons, mas que me causam uma certa repulsa, algum mal-estar. São filmes que a título de explorar as profundezas da alma humana acabam tecendo um elogio à degradação, à falta de uma vida equilibrada.



Mona é uma mulher húngara que possui uma filha romena de três anos, mas corre o risco de perder em definitivo a sua guarda. O conselheiro tutelar local a entrevista com o objetivo de opinar - e não de decidir, ele não é juiz de direito - sobre se a menina deve retornar à custódia da mãe biológica. Para explicar porque abandonou a própria filha e foi morar na Inglaterra a moça conta uma estória do arco da velha.



O tema subjacente é o tráfico internacional de mulheres e o beco sem saída que a Romênia se encontra. Em Paris eu vi adolescentes romenas como pedintes em vários pontos de maior concentração turística.



O filme é interessante como enredo, narrativa fantástica que vai ser esclarecida no devido tempo, fotografia e bons atores desconhecidos (bom, pelo menos para mim). Mas é bem deprê.