Juiz de Fora

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (98)


Muito mais que um crime
(1989)


Depois de ter assistido sozinho Turnê em um cinema colado em casa fui ver outros em dvds. E este Music Box, do grande diretor Costa Gravas me empolgou bastante. Mikhael Laszlo (Armin Mueller Stahl) é um imigrante húngaro naturalizado estadunidense e morador de Chicago. Surprendentemente o gente-boa, bom pai, bom avô e bom vizinho é acusado de ter sido um torturador da SS em Budapeste durante o holocausto. Sua filha Anni (Jessica Lange, melhor do que de costume) é advogada e assume a sua defesa em um processo de extradição movido pelo governo magiar. Malgrado os equívocos processuais típicos de filme jurídicos - os quais somente os operadores de Direito vão detectar - o que não atrapalha em nada a compreensão da trama, esta é uma obra de primeira linha em todos os aspectos: Costa Gravas (diretor de Z e Missing, dentre outros) concilia o modo holywoodiano de narrar um filme, com sequências e tomadas de câmera que prendem a atenção de qualquer um (fora os arquétipos psicológicos) com a inteligência crítica do cinema mundial.


Os depoimentos das vítimas do carniceiro "Mischka" abalam as convicções da filha sobre a inocência do pai...




A nossa dúvida é permanente, e Costa Gavras brinca com as nossas convicções, nos obrigando a não prejulgar, a não concluir pela culpa ou inocência alheia sem o devido processo legal, a duvidar das falhas do sistema judiciário, mas simultaneamente acreditar naqueles que procuram justiça. Ah, e também por que não: a compreender um pouco porque advogados criminalistas atuam como atuam. Valeu, Constantin!


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