Juiz de Fora

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Panótico vê aqui e agora (90)


A Conspiração
(2001)

Este não é apenas mais um filme sobre o holocausto. Não é apenas mais uma vez que a indústria cinematográfica relembra o mundo sobre o extermínio de milhões de judeus pelos alemães na segunda guerra mundial. (Mas bem que podiam lembrar dos armênios uma vez ou outra). Este é o único filme, de que tenho notícia, integralmente centrado na primeira - e única - grande reunião de cúpula entre os diversos braços do Estado nazista com o intuito de operacionalizar a chamada "solução final" para o problema judaico na Europa central e oriental (em Wannsee, um lago próximo à capital alemã).



No inverno de 1942, o futuro carniceiro de Praga, general Reinhard Heydrich (lembra-se do Coronel Landa, interpretado pelo showman Christopher Waltz, de Bastardos Inglórios, referindo-se a ele: "Não sei por que Heydrich fica irritado por lhe chamarem de carniceiro"?) recebe de Hitler ordens claras para colocar em execução a "evacuação" dos judeus. Simulando um decisão coletiva, o general reúne SS, Werhmacht, Ministério da Justiça, juristas católicos e representantes do Partido Nazista e do governo da Polônia ocupada para conferir unanimidade à uma decisão que partiu diretamente do Fuehrer e do seu maior colaborador, Himmler, líder supremo da temida SS.



Poderíamos supor que esta é a versão oficial dos carrascos, colocada em prática durante o Julgamento de Nuremberg como estratégia processual dos advogados de defesa - (eu não o faria diferente, advogado de defesa não é juiz e nem promotor, por que as pessoas inteligentes não compreendem isto?!) - dizer que tudo foi dos cabeças que já haviam suicidado ao final da guerra. Mas, baseado nas únicas anotações que restaram da reunião, o filme é muito verossimilhante.
A densidade das falas, os argumentos, as manobras, os recuos, as dissimulações são bem adequadas a quem já estudou o tema, e os estados autoritários em particular.


                                                                    Reinhard Heydrich


Gostaria de chamar a atenção para os atores: Stanley Tucci (como o carniceiro da Hungria Adolf Eichmann) já provou que é competente em O diabo veste Prada, Colin Firth o fez muito antes de O Discurso do Rei, e se Kenneth Branagh angariou muita antipatia no início dos anos noventa por hiper-interpretar, neste filme, no entanto, joga muita bola. Fazendo o misto de arrivista, megalomaníaco e sádico Heydrich o ator prova que possui amplos recursos dramáticos, tanto de voz como de expressão. Produção da HBO, não sei por que cargas d'água nunca dela tive informação.



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