Juiz de Fora

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Panótico vê aqui e agora (233)


Onde fica a casa do meu amigo?
(1987)


Em uma vila do Irã, um professor primário passa um sabão em um garotinho de uns dez anos, por ele ter esquecido o dever de casa pela terceira vez. O seu colega Ahmad fica entristecido pelo repreendido. Inadvertidamente, os dois coleguinhas sentados em carteira dupla trocam os cadernos por engano. Ahmad chega em casa, se dá pela coisa e quer devolvê-lo ao guri na berlinda.

A mãe, no entanto, quer que Ahmad cuide de sua vida, de seu filho bebê e lhe faça companhia enquanto lava roupas. Ahmad discute, argumenta com firmeza, pondera e, sem obter resultado positivo, foge de casa, decidido a reparar o engano e salvar o colega da punição certa.


Um dos primeiros filmes do grande Abbas Kiarostami, já possui a sua assinatura: uma abordagem naturalista, típica do cinema realista, inspirado em filmes estadunidenses dos anos trinta (em parte) e bastante nos italianos e japoneses dos anos  quarenta e cinquenta. A ausência de trilha sonora ajuda a compor lentamente a narrativa, o espectador não é avisado que está para sentir emoções, as conclusões chegam gradativamente.

Este filme permite análises acadêmicas que fogem à característica do meu blog. Observo apenas que a determinação ética do garoto é compartilhada pelos homens idosos da aldeia, ao passo que as mulheres são mais preocupadas com questões pragmáticas e quotidianas. A mãe sofrida, que se vinga da própria infelicidade sendo ranzinza e mesquinha com o próprio filho é produto de massa, encontra-se em dezenas de milhões pelo mundo (e pela história) afora. Mas isto é muito pano para manga. Grande filme.


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