Juiz de Fora

sexta-feira, 1 de junho de 2012

My best loved 1972 rock albums (6)





Lá pelos idos de 1974 eu assisti no programa Hebe Camargo (perdoe-me, eu era uma criança) a apresentação de um pianista brega e cantor francês Demis Roussos. Como era do agrado das tias, não dei atenção. Em 1979 conheci o trabalho de Vangelis, tecladista grego de quem possuo dezenas de álbuns, gosto muito e é um caso raro de artista muito íntegro e fiel a princípios. Em 1982 vi e ouvi o álbum importado 666, do Aphrodite's Child, banda formada pelos gregos Roussos (vocal e baixo), Vangelis (teclados), o baterista Loukas Sideras, e o guitarrista Silver Koulouris, (sobre estes dois últimos nunca mais vi nada).


Vangelis, Roussos e Sideras
666 é um número fantasioso para quem ainda é jovem, pedi o disco emprestado, gravei-o em partes em uma única fita (ê, pobreza) e fiquei na esperança de um dia ter o álbum ou o cd, o que somente aconteceu há uns dez anos atrás.

Como álbum duplo de rock progressivo, a obra é temática e o objeto é evidente. Nunca li as letras, apenas o pouco que peguei de ouvido. Sabia que a banda grega não podia ir muito longe, e jamais se comparou aos ingleses. Mas é um disco que tem muitas qualidades. Instrumentalmente rico, com a voz diferenciada de Roussos, sem resvalar para a breguice posterior, é possível acompanhar com interesse a evolução épica do trabalho.

O primeiro cd começa bem. The system é um coral tipo bando de jovens seguem o seu deus, e Babylon é um rock básico, bem legal, com voz sinuosa e baixo sinuante, que nos liberta da procissão anterior. Loud Loud Loud é um piano com uma voz feminina, seguida de coral de fundo, introduzindo a narrativa. The four horsemen é disparada a minha preferida, sobre os quatro cavaleiros do apocalipse, gosto de tudo aqui, e o refrão colou rápido na minha mente. The lamb  é uma faixa instrumental com uma tonalidade arabesca, sem ser tribal ou folclórica, ainda é rock progressivo. The seven seal traz um narrador e cordas diversas de fundo. Aegian Sea é bem o que Vangelis faria se tivesse uma banda de suporte pela carreira afora, é uma faixa bem Pink Floyd. Seven Bowls é um povo rezando para o Demo, bem chato, sempre pulei, e vou fazê-lo novamente gaora. The wakening beast, uns sininhos, nada demais. Lament me remete à morte de Heitor no filme Troia. As seis ou sete faixas seguintes não são do meu agrado e parece que o disco se perdeu por um bom tempo.


O segundo cd é bem mais instrumental do que o anterior. Eu gosto da orientalizante The wedding of the lamb e da jazzística Capture of the Beast. Entra em cena Irene Papas na faixa que tem o símbolo matemático do infinito. Hic et Nunc é faixa para plateia, tipo Tommy do The Who. O quente do segundo cd é a suíte All the seats were occupied, vibrante, minha segunda preferida do álbum, talvez a melhor para os fãs tradicionais de progressivo. Break é o grand finale (na verdade é mais um petit finale) e fico feliz de poder ouvir novamente um disco de quarenta anos com grande prazer. Música boa é eterna.



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