Juiz de Fora

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Panótico vê aqui e agora (259)




O que eu mais desejo
(2011)




Goichi é um garoto que vive com a mãe em Kagoshima, no extremo sul do Japão. O seu irmão, Riu, vive com o pai guitarrista em Fukuoka, a duas horas de trem ao norte de Kagoshima. Goichi sente saudades do irmão, mas é um menino bem integrado na escola e na sociedade. Ele e sua mãe são sustentados pelo avô aposentado. A mãe é professora primária desempregada e não quer trabalhar de caixa em supermercados com vergonha de ser reconhecida por ex-alunos (eu, hein?!). Riu arruma a casa e inclusive lava as suas roupas, deixa o café pronto antes de ir para a escola, e ainda sai com esta, ao ver o pai dorminhoco se levantando, na primeira cena que os vemos: "Tente dormir novamente", hahahaha. Lembrou-me bastante o impagável garoto Mao Xiaobing, de Electric Shadows.


 O pai, o primogênito Goichi, a mãe e Riu


A cidade de Kagoshima é próxima a um vulcão ativo, e volta e meia incomoda os moradores com suas cinzas. Logo no início do filme uma personagem questiona: como as pessoas podem morar próximo a um vulcão? Goichi torce para sua erupção, para que possa largar a cidade e reencontrar o irmão em Fukuoka. Um de seus colegas de escola afirma que quando dois trens passam um pelo outro em sentido contrário provocam tamanha energia que qualquer desejo humano pode ser realizado. Os meninos vão à estação da cidade tentar a experiência, mas não ficam frustrados porque um deles afirma: "e se isto acontece apenas com trens balas?", coisa que está para acontecer com uma nova linha para Kagoshima.



Eu gostei demais do tom leve do filme, sem aquele peso, disciplina, vergonha e culpa típicos dos filmes japoneses. A trilha sonora alegre combina bem com uma cidade razoavelmente arborizada. Não há aqui caricaturas de pessoas honradas e destemidas que só pensam em trabalhar. O quotidiano é light, cada um busca a satisfação de sua própria felicidade. As falas dos garotos são bem boladas, mas saem de suas bocas com naturalidade.

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