Juiz de Fora

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Panótico lê aqui e agora (29)





Há muito tempo que eu me pergunto por que nenhum jornalista se pôs a escrever uma bibliografia monumental sobre o mais importante presidente da história brasileira. Explico-me em três partes: eu disse jornalista e não historiador, por várias razões: as mais extensas e relevantes biografias brasileiras a que li não foram escritas por historiadores, mas por jornalistas. Historiadores têm um atitude blasé para com biografias, associam-nas ao positivismo, à escola de Annales e à Nova História. Consideram que biografias são microscópicas e não têm a relevância de temas  macroscópicos como revoluções, modos de produção, etc. Soma-se a isto a aversão generalizada ao ditador e chefe populista Getúlio Vargas, um desprezo por sua política caudilhista e de massas. Independentemente das críticas feitas ao populismo, ao getulismo e ao próprio Vargas, é preciso reconhecer que foi o líder político de maior impacto na história republicana brasileira, pois está associado a dois fatores de peso, irreversíveis: industrialização e voto urbano. Não estou aqui para analisar a sua política trabalhista, mas deixo ao leitor a seguinte questão: dê uma abridinha na CLT de 1943, tida pela historiografia oficial de esquerda como fascista, porque copiada em boa parte da Carta del Lavoro de Mussolini, e em seguida responda: quantos direitos trabalhistas foram criados nos últimos dez anos no Brasil, comparativamente aos anos trinta e quarenta?

Toda vez que algum aluno me pergunta: qual foi o melhor presidente do Brasil, eu, sinceramente não sei o que responder, porque os critérios éticos e administrativos de que suponho serem o meu norte para analisar chefes de Estado não parecem me levar a conclusões fáceis. Mas, assim como eu citaria Roosevelt, Kennedy e Jimmy Carter como grandes referências para o caso estadunidense, não tenho dúvidas que os longos dezoito anos de governo Vargas deixaram uma marca profunda no Estado e economia nacionais. A maioria dos seus críticos do movimento operário e das universidades públicas são seus filhos e netos políticos.

Bom, em três volumes esta dívida parece que será paga. Escrita pelo jornalista Lira Neto, este é o primeiro volume, lançado mês passado. Do mesmo autor eu li a biografia de Padre Cícero, excelente, e eu posso dizer que aprendo muito mais sobre História do Brasil em biografias como esta, do que em aborrecidas teses acadêmicas, feitas de encomenda para agradar orientadores e apetites partidários.

Não comecei a ler o livro, que acabei de ganhar. Este post será reeditado.

2 comentários:

  1. o brasil tem poucas biografias. enquanto outros países tem várias sobre a mesma pessoa, vários olhares, aqui raramente se tem uma. e realmente são os jornalistas q tem investido mais por esse caminho. beijos, pedrita

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