Juiz de Fora

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Um Fassbinder que não é lento (349)



O desespero de Veronika Voss
(1982)


Alemanha Ocidental, 1955. Veronika Voss é uma atriz fora do mercado e que vive do passado (imediatamente pensamos em O crepúsculo dos deuses) e se encontra meio fora de foco. Andando à noite sozinha pela rua, com muita chuva, é protegida por um jornalista de esportes que não lhe reconhece de imediato. A atriz fica empolgada com aquele que lhe viu como pessoa, não como símbolo, e passa a tentar seduzi-lo e manipulá-lo. Voss é alcoólatra, dependente de remédios e mantém uma postura de diva diante de todos, o que a torna cada vez mais frágil e patética.


Todo mundo sabe que Fassbinder foi um cineasta de primeira e vale a pena tentar assistir as treze horas de Berlin Alexanderplatz, o seu clássico. Mas é daqueles cineastas que usam do tempo para condensar o que fala, quase como Bergman (mas bem menos que Tarkovski, não se preocupe). Este é o penúltimo filme do cineasta alemão, morto por overdose de heroína em 1982. Preto e branco, com cortes no estilo dos filmes mudos, tem um enredo plausível e interessante.Ao mesmo tempo que chama os artistas de estúpidos, preguiçosos e outros pejorativos, também apresenta um quadro em que, de certa forma, a sociedade meio que celebra a sua decadência. Veronika Voss fez da sua própria o último filme.


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