Juiz de Fora

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Panótico é sortudo e Zizek faz o seu melhor documentário (341)



O guia pervertido da ideologia
(2012)

Eles vivem, de John Carpenter.

O nosso já conhecido e várias vezes comentado Slavoj Zizek é protagonista do melhor de tudo o que já fez em tela. Quem assistiu O guia pervertido do cinema e gostou provavelmente se deleitará com este Guia pervertido da ideologia. Quem ficou com um pé atrás com as simplificações psicanalíticas provavelmente constatará que sobre Ideologia o homem se encontra em casa e entende do riscado.


Nascido para Matar, de Kubrick.

Zizek mantém duas características na sua postura: o estilo meio profeta ansioso ou quase doidão (no documentário do Laibach ele gaguejava, aqui não pára de assoar o nariz) e quando não é convincente sobre alguma tese ousada ou insuficiente simplesmente muda de assunto (ao estilo de Jacques Derrida, uma influência notória e pouco assumida de Zizek). O seu forte e injustificável sotaque para quem vive nos EUA (toda palavra com w ele pronuncia como v) ajudam a personificá-lo como "sábio", o homem é ambicioso, já foi candidato a presidente da Eslovênia).


Seconds, de John Frankenheimer.


Independentemente disto (o único intelectual na vida a que poria a mão no fogo foi o filósofo político Norberto Bobbio, alguém que demonstrava por a+b o que afirmava), Zizek é criativo e observador. Há diversos filmes aqui que são adoráveis e/ou analisáveis: Laranja Mecânica, Noviça Rebelde, Brazil, Tubarões, Seconds, Tittanic, O Eterno Judeu, Zabriskie Point, A queda de Berlim, West Side Story, Taxi Dtiver, A última tentação de Cristo, etc. Mesmo quando Zizek "viaja" em suas afirmações não deixa de ser divertido ou curioso. Você sabia, por exemplo, que Fidel Castro, o último imperador das Américas, é fã de Tubarão, e o vê como símbolo das grandes corporações?!


A queda de Berlim, de algum pobre-coitado cineasta soviético a mando de Stálin.

Outro ponto positivo: aqui Zizek se afasta das suas últimas gracinhas em afagar Stálin, ao analisar os filmes soviéticos. 

Dá para dar uma aula de cinema (e ideologia, por óbvio, um conceito que traz dificuldades para os neófitos em ciências sociais) com este documentário.

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