Juiz de Fora

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Maratona Woody Allen (2) (344)


A outra
(1988)



Marion, uma muito bem-sucedida e confiante professora de Filosofia em Nova York (Gena Rowlands) aluga um apartamento para poder ter sossego para escrever um novo livro acadêmico (já pensou?). Por meio de uma passagem de ar em uma parede, ela ouve a conversa no apartamento ao lado, que serve de consultório psicanalítico, e se interessa pela fala angustiada de uma mulher que descobre o fim de seu casamento mas tem medo de ir adiante na vida (Mia Farrow).


A protagonista passa então a rever os seus relacionamentos: o primeiro marido, o último amante, o pai severo e cheia de cobranças para com a família, o irmão "perdedor", a amiga "inferiorizada". Gradativamente ela nos (e se) revela uma sanguessuga, alguém que não construiu nada sólido e vendeu o próprio sucesso para os mais próximos.


Eu pensava que Interiores e Setembro eram os dois filmes bergmanianos de Allen, mas este aqui me parece o melhor deles (a fotografia, por sinal, é de Sven Nikvist), é um filme que mergulha fundo na condição humana, mas não tem a lentidão dos filmes do cineasta sueco que pode afastar parte dos fãs de cinema. Qualquer dia destes vou ver novamente.


Spoiler (não leia se não quer saber uma cena do filme): A filósofa se encontra por acaso com uma amigona de juventude de solteira que agora está casada, e os três vão para um bar (a contragosto da amiga, temerosa da conduta de Marion). Lá a protagonista encanta o marido da outra por meio de sua superioridade intelectual. A amiga não deixa por menos e dá uma senhora espinafrada em Marion, tornando evidente a sua postura predatória, vampiresca. Foi a primeira vez na vida que dei razão ao ressentimento do "simplório" contra alguém intelectualmente mais sofisticado, digamos assim.

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