Juiz de Fora

sábado, 25 de janeiro de 2014

Longa vida a Scorsese e Di Caprio (350)



O lobo de Wall street
(2013)


Jordan Belfort é um novaiorquino que entrou para o mercado de ações muito jovem e trabalhando para uns sujeitinhos meio...escrotos. Perdeu o emprego na queda da Bolsa de Nova York em 1987, foi para um subúrbio de Long Island (NY) e começou a trapacear vendendo ações fajutas de micro-empresas para pessoas pobres, desinformadas e sonhando em faturar alto e rápido. Conheceu um bando de malucos e manés dispostos a passar a perna em todos com especulação financeira. Ganhou muito dinheiro rapidamente e gastou com drogas, orgias e bens de luxo. Por excesso de confiança conseguiu ser preso. Bom, acredito que todos que leram um pouco sobre este filme já estão a par de seu enredo.


Vou opinar sobre o que é mais polêmico: a) quanto ao filme em si: excelente direção de Martin Scorsese (que os deuses do cinema lhe deem longa vida e próspera), que prazer para o fã de cinema quando um diretor tem oportunidade de fazer o que quer; b) quanto aos atores: Leonardo DiCaprio deu um show, ele é ótimo, merece esta bobagem de Oscar, é muito talentoso, ainda vai render muitos filmes. Jonah Hill que faz Donnie, o braço direito gay e inconsequente de Belfort é um achado, o ator realmente parece ser o seu personagem, incrivelmente autêntico. As rápidas aparições de Mathew MacConaughey e Jean Dujardin são bem marcantes (há uma referência sensacional ao filme mudo O artista que levou o ator francês ao estrelato, por meio de um "diálogo" mudo entre Belfort e um banqueiro suíço).


c) O filme é muito divertido, é mais uma comédia do que um drama, somente adolescentes e pessoas que raramente assistem filmes vão se cansar com as três horas de duração; d) O filme não glamuriza os vigaristas, pelo contrário, ele deixa claro por a mais b que se tratam de pilantras capitalistas passando a perna em seus clientes de forma acintosa; e) Belfort é tratado como um pastor e sua igreja evangélica são os seus próprios sócios e empregados que vibram com as suas performances e seus milagres de multiplicação do pão; f) as cenas de sexo, drogas e palavrões a rodo estão dentro do contexto da narrativa, é um filme moralista, Scorsese aqui bancou o Nelson Rodrigues, associa os crimes do colarinho branco com luxúria e vício; g) o filme não insulta a inteligência de ninguém, ele deixa claro o que todo mundo já sabe: o sistema financeiro é basicamente uma estrutura complexa para tirar dos pobres e dar muito aos já muito ricos, e aquele que opta pelo caminho da retidão (o agente do FBI que investiga e prende o protagonista) não vai ganhar medalhas, não vai receber gratidão da sociedade, vai mesmo de metrô, solitário e triste para casa. h) há o recurso clássico do teatro grego: o filme leva o espectador a torcer pelas espertezas de Belfort, até o momento ducha de água fria, pois a vítima pode ser você, "otário", já quis ganhar dinheiro com a Bolsa?, que tal as suas ações da Petrobrás?!

O braço direito Donnie e Belfort


Em O lobo de Wall street duas coisas estão nuas, mais do que as periguetes (muitas) do filme: o capitalismo e o que você vai fazer da sua vida.


Jordan Belfort, idêntico ao Leonardo Di Caprio, não é?

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