Juiz de Fora

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Panótico vê aqui e agora (217)


J.Edgar
(2011)



John Edgar Hoover (1895-1972) foi uma das figuras políticas mais poderosas e odiadas da história contemporânea estadunidense. Anticomunista fanático, passou a ocupar cargos importantes auxiliando o Advogado Geral do Departamento de Justiça (algo equivalente ao Procurador Geral da República, chefe do Ministério Público Federal, aqui no Brasil) ainda jovem, na década de vinte. Em 1935 reestruturou o FBI, deu-lhe capacidade técnica e ampliou-lhe as atribuições, passou a armazenar informações sigilosas sobre dezenas de milhares de pessoas, lá exerceu notório poder de intimidação até a sua morte.


Assim que comecei a ver o filme me dei conta de que seria uma boa obra: Leonardo Di Caprio está excelente como o velho J.Edgar, não só recebeu grande trabalho de maquiagem como caprichou inclusive nos gestos lentos de uma pessoa idosa. Dirigido por Clint Eastwood, é o primeiro filme específico sobre Hoover de que tenho conhecimento (já, como personagem coadjuvante, há pelo menos uma dúzia, pois Hoover pegou muito no pé de Hollywood, de Chaplin particularmente).




Independentemente de que o anticomunismo de Hoover possa ter sido sincero (o ano de 1919 é marcante, com alguns atentados impetrados pelos PCUSA), o homem rapidamente percebeu que a escolha de alvos lhe permitia ampliar o poder do seu departamento, e, por tabela, o seu próprio. Hoover teria chantageado inclusive o presidente Franklin Roosevelt (1933-45), cuja esposa Eleanor teria um relacionamento homossexual não revelado.

O homossexualismo de Hoover fica no ar, mas o espectador vai se dar com ele quando Hoover resolve escolher os seus agentes no FBI por critérios combinados de formação universitária, juventude, elegância, fisionomia e porte físico. O seu auxiliar imediato Tolson é apaixonado por moda e restaurantes e ambos foram vistos juntos por décadas. Hoover tentou disfarçar se aproximando de mulheres, inclusive sua secretaria, mas nada se deu de efetivo.

Certa vez ouvi um Secretário de Administração em uma palestra dirigida a militantes partidários afirmar que um simples funcionário municipal poderia chegar a ter mais poder efetivo do que um vereador. As pessoas prestam mais atenção nos luíses e nos mosqueteiros, mas são os richelieus que costumam ter um poder mais duradouro.


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