Juiz de Fora

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Panótico ouve aqui e agora (98)



Camel/Mirage/The Snow Goose/Moonmadness/Rain Dances
(1973/1974/1975/1976/1977)


Bardens, Ferguson, Ward e Latimer


O Camel é uma banda inglesa que conheço de nome desde o final dos anos setenta. Por ser homônimo a uma marca de cigarro me recordo que as suas capas chamavam a atenção dos adolescentes e jovens. Entre meus poucos amigos fãs de progressivo não me lembro de nenhum que tivesse amor especial por esta banda, e o grupo ficava na sombra dos cinco gigantes do progressivo (Genesis, Yes, King Crimson, Pink Floyd e Emerson, Lake & Palmer). Deixei de adquirir os poucos vinis nacionais do Camel, em sebos, por diversas ocasiões.




Agora, por absoluta falta do que ouvir, resolvi conhecer a discografia da banda. Com uns cinquenta lançamentos (incluindo compilações e shows) concentrei o meu interesse, por óbvio, nos primeiros discos, da década de setenta, que foi a época áurea (ou a única relevante, para alguns) do rock progressivo.



Formado em 1971, a banda é incluída no chamado Canterbury sound (juntamente com Soft Machine, Caravan e Gong, um pessoal que aceitou forte influência do jazz, com impacto no trabalho de músicos como Mike Oldfield, Bill Bruford e Allan Holdsworth, todos excelentes) Andrew Latimer (cantor e guitarrista), Peter Bardens (tecladista), Andy Ward (baterista), Doug Ferguson (baixista) são a formação clássica do grupo. O Camel contou com a participação eventual de uns trinta músicos, entre eles Brain Eno, Phil Collins (independentemente de suas canções é um baita baterista), Anthony Phillips e Mel Collins.

O primeiro lp, Camel já começa muito bem com Slow yourself down, o timbre da guitarra e os moog e mellotrons da época caem bem aos meus ouvidos. Mystic Queen já colou na minha mente, um lirismo típico dos seventies. Six Ate é um jazz rock, na linha do que Allan Holdsworth fez alguns anos mais tarde. As seguintes Never Let Go e Curiosity são muito boas. Só não gostei muito de Arubaluba (êta nominho feio).

O som do Camel é fartamente instrumental. Os muitos solos de teclados e guitarra, no entanto, têm a marca registrada do rock progressivo: eles, tal como na música clássica, participam do conjunto da obra, não é só aquela coisa  heavy metal de ficar solando e solando, o objetivo não é exibir a destreza do músico. Acho que o som da banda me lembra também os holandeses do Focus, de Thijs van Leer e Jan Akkermann. A voz de Andrew Latimer não chega a ser ruim, mas também não é privilegiada como a de Jon Anderson e Peter Gabriel, então eu penso que canções realmente não são o forte da banda.




O fato é que estou ouvindo o quarto disco, Moonmadness (1976) pela primeira vez, neste exato momento em que escrevo, e até agora a impressão que eu tenho do trabalho do grupo é muito boa, vou ter o que ouvir por muitas semanas.




Rain dances já não é tão legal quanto os anteriores. Já sinto um sinal de comodismo, e uns popizinhos bem chulé. Vou parar por aqui e retornar aos primeiros, sem arrependimento.

Há uma curiosidade regional sobre o Camel. Há uns dez anos atrás um grande fã da banda, da cidade de Cataguases (uma localidade que tem relevância na história literária brasileira) trouxe o Camel para tocar no teatro de lá. Havia uma excursão de Juiz de Fora para o show, mas era numa baita terça-feira gorda. Não fui para não faltar ao serviço. Eu já perdi dezenas de shows por bancar o operário padrão.



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