Juiz de Fora

domingo, 30 de outubro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (172)



A informante
(2010)



Kathyrin Bolkovac (Rachel Weisz) é uma policial do Nebraska que perdeu a guarda de sua filha, após o segundo divórcio. O ex-marido muda para Carolina do Sul, a protagonista quer ser transferida para lá para ao menos poder ver com frequência a adolescente, não consegue, e então pega um contrato de seis meses com ótimo salário trabalhando para uma empresa privada britânica responsável pela segurança da Bósnia no final do século XX. A ideia era ter grana suficiente para trabalhar metade do ano, ou algo assim.



Bolkovac se depara com a violência contra mulheres muçulmanas e depois com a exploração sexual de adolescentes e jovens do Leste europeu, particularmente da Ucrânia. Escravizadas, as garotas são vítimas não só de bósnios, sérvios e croatas mas também dos militares e funcionários da ONU, que pela primeira vez em um filme, ao que eu saiba, é a vilã. A policial resolve investigar, e como todo filme do gênero, há muita gente graúda envolvida.


Kathryn Bolkovac


O tráfico internacional de seres humanos atinge hoje o número de dois milhões e meio de seres humanos. Ah, sim, claro, o filme é baseado em fatos.


O Panótico vê aqui e agora (171)



Oranges and sunshine
(2010)



Margaret Humphries (Emily Watson) é uma assistente social em Notthingham (Inglaterra), em 1986. Responsável pelo controle de adoções é informada por uma mulher residente na Austrália de que ela, juntamente com outras dezenas de crianças, teriam sido ilegalmente apreendidas de suas mães (em geral pobres e solteiras) e deportadas para aquela ilha oceânica e indevidamente criadas por um orfanato, - pelo que perderam contato com as suas mães biológicas -, e não por famílias adotivas como lhes havia sido prometido. A assistente acha um tanto inverossímel a história, mas um novo relato semelhante lhe faz pesquisar a questão.



Baseado em uma história real, Margaret faz diversas viagens à Austrália e, paralelamente em que tenta auxiliar centenas de australianos a reencontrarem as suas mães, quer também entender por que cargas d'água os governos britânico, australiano e uma entidade católica anglicana se envolveram com tamanha operação ilegal e imoral, provocando enorme dor à tantas pessoas. Claro que ela vai receber ameaças, deparar com a incompreensão alheia, sacrificar a própria família e sentir parte do sofrimento das vítimas.



Gostei bastante de Hugo Weaving (Priscila, O senhor dos anéis, Matrix) na sua melhor interpretação e de David Wenham (o Faramir de O senhor dos anéis) em papel coadjuvante. É um filme envolvente, que vai te ganhando aos poucos, e dá uma dimensão exata à importância da família na vida das pessoas. Só não gostei de uma musiquinha brega de Cat Stevens que toca por duas vezes, mas isto é uma peculiaridade minha.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quero ver



Frango com Ameixas
(2011)

Frango com Ameixas é uma das excelentes histórias em quadrinhos de Marjane Satrapi, autora do inesquecível Persépolis (já resenhados aqui). Eu imaginava que ela produzisse outra animação em longa metragem, mas não um filme. Exibido no último Festival de Veneza, estreou ontem em Paris e está em exibição em São Paulo. Com Mathieu Amalric e Maria Medeiros, baseia-se vida de um tio músico de Marjane Satrapi, tocador de Tar e que vai se definhando por um amor não correspondido, em Teerã, no final dos anos cinquenta. O tom do filme é de comédia, mas os quadrinhos são mais dramáticos.




sábado, 22 de outubro de 2011

Eu e minha namorada



Eu (versão canadense) e meus alunos, antes de ir atender um cliente, como advogado.




Minha namorada também é professora.

Viva o povo líbio.



Sobre a derrubada da ditadura Muamar Gadafi eu só tenho a dizer:

a) já vai tarde.

b) execução sumária é incompatível com os direitos humanos e com o Estado Democrático de Direito.

domingo, 16 de outubro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (170)


Pessoas bonitas
(2010)



Anders é um funcionário médio, casado, meia-idade e entediado que é pego fazendo obscenidades em um parque público. Faz tratamento psiquiátrico e é dominado por uma culpa luterana. O seu filho Jonas é garoto de programa. Ingeborg é uma senhora viúva muito solitária. Anna, sua filha, perdeu um seio por câncer, sente-se feia e sofre como professora nas mãos dos adolescentes, que, como todos sabem, detestam e humilham qualquer traço de "imperfeição" física.



A Dinamarca e a Suécia, ao que parece, somente produzem obras literárias e cinematográficas do tipo: "A Escandinávia não é um paraíso". Esta cinematografia mundo-cão já está me cansando. Mas boa parte desta produção tem algum tipo de mensagem edificante, como: "Ei, olhe para você mesmo antes de julgar os outros, estamos todos no mesmo barco".



O Panótico vê aqui e agora (169)


Norwegian Wood
(2010)



Três jovens japoneses no final dos anos sessenta são muito amigos. Kizuki comete suicídio abalando intensamente a namorada Naoko e o melhor amigo de ambos, o protagonista Watanabe. Watanabe vai estudar em Tóquio em pleno "maio de 68" japonês (1970), mas o pobre rapaz está alheio a tudo e sofre com a tradicional disciplina e repressão nipônica.


Watanabe reencontra a também pobre Naoko, sente amor, pena e culpa por ela, a sombra do suicida Kizuki é suprema. Paralelamente, Watanabe conhece e admira dois jovens mais "ocidentais": hedonistas, amorais, vivazes (taí uma boa palavra, vivazes).


Baseado em um romance homônimo, este filme possui bela fotografia, um tratamento gradual dos sentimentos humanos e eu achei bem legal ver como era o dia-a-dia no Japão do final dos anos sessenta. Há uma cena lapidar no filme: os estudantes de extrema-esquerda interrompem uma aula em que o professor falava de tragédias gregas: - Nós achamos que o protesto contra as bases americanas no Vietnã é mais importante que falar de tragédias gregas. O mestre: - Façam como quiserem, mas eu acho que as tragédias gregas são mais importantes do que tudo...



É um filme que não me agradou por completo. O sofrimento deles é um tanto exagerado. Aqui no Brasil eu não imagino uma situação como a narrada possuir plausibilidade. Brasileiro é bobeouagentepimba. Sofrer tanto por amor a ponto do aniquilamento é doentio, ou.... idiota. Bobeou, a gente pimbaaaaa...., rs.

sábado, 15 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Panótico vê aqui e agora (168)


O quarto do filho
(2001)




Assisti este filme sem nenhuma referência prévia, e inicialmente, fiquei meio pé atrás. Em uma cidade litorânea do nordeste da Itália (Ancona), um psicólogo, Giovanni (o diretor e ator Nanni Moretti), reside num amplo apartamento com a esposa e dois filhos adolescentes. O consultório fica no próprio apartamento e a família parece ter um bom padrão de vida. Há diversas cenas com as sessões de terapia: um paciente é bissexual e propenso à violência mas não consegue ter relações com a esposa, uma paciente é uma chata de galocha, outro é um rico prepotente que espinafra com o terapeuta, há um que só vê infelicidade na vida e quer se suicidar, etc. Achei verossímil mas provavelmente quem atua na área pode considerar tudo muito estereotipado.



Giovanni é um bom profissional, às vezes fica meio saturado do que faz - quem não fica? - mas está empenhado no bem-estar dos pacientes. Paralelamente, o filho Andrea se envolve em um furto na escola secundarista e os amorosos pais se põem a questionar: o que fizemos de errado? O que poderíamos ter feito de melhor?



A Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/critica/ult569u376.shtml)  resenhou este filme como uma obra prima, um filme extraordinário. Não, não me parece que seja. É um filme morno, mas a falta de forte dramaticidade do filme é o seu melhor lado, estou plenamente de acordo, não há apelos exorbitantes, as pessoas lidam com as suas enormes perdas de uma forma mesclada: infelicidade, frustração, melancolia, revolta, culpa, tudo isto vêm como uma salada, sem ter como separar por completo todos os ingredientes. Gostei também da canção de Brian Eno que toca diversas vezes no filme - By this river, clássico com Roedelius & Moebius.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eu quero (9)



Nômade
(Ayaan Hirsi Ali/2011)

Infiel (2007) foi uma das melhores autobiografias a que li, Ayaan Hirsi Ali fez um livro sobre e para mulheres que pode muito bem ser lido e deliciado por nós, testosterônicos. A sua trajetória de menina rural na Somália à deputada na Holanda é uma pancada bem dada no relativismo cultural e nesta coisa idiota de se achar que os africanos são apenas vítimas, e nada mais. A indolência dos somalis na Holanda é cruamente relatada pela moça que não teve dó dos compatriotas. Ameaçada de morte por conta de um filme em defesa da liberdade de expressão no Islã, filme que rendeu o homicídio de Theo van Gogh por um fundamentalista, Ali tem proteção da ONU, e relata aqui a sua vida nos EUA, mais seguro do que a Europa.

Eu quero (8)



Dormindo com o inimigo. A guerra secreta de Coco Chanel.
(Hal Vaughan/2011)

Eu não saco e nem gosto de moda, embora eu não possa ignorar este fenômeno histórico. Mas eu gosto muito de biografias e o envolvimento de um ícone do mundo dos efêmeros com nazistas é um relato que eu não posso deixar de ler. Hal Vaughan é um jornalista e ex-militar do serviço secreto que atualmente vive em Paris. Coco Chanel era a agente 7124 da Abwehr.

Eu quero (7)



As esganadas
(Jô Soares/2011)

O Natal se aproxima e é hora de fazer a minha lista de livros que eu quero ganhar ou comprar. Eu acho o Jô Soares um bobo que possui um programinha bem ruinzinho e cópia de outro ainda mais péssimo que é o David Letterman. Mas os livros anteriores do Jô Soares eu gostei à béça, particularmente de O homem que matou Vargas (1998), o qual li três vezes. Neste lançamento frequinho saindo do forno um assassino gourmet mata as suas vítimas com comida. Não é um requinte?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Videoclips (65)



Pale Shelter é a minha preferida dos Tears for Fears.

O Panótico ouve aqui e agora (93)


Missing deadlines: selected remixes
(Ulrich Schnauss/2010)


Realmente, eu ter conhecido o som de Ulrich Schnauss por meio de muita pesquisa e faro valeu bem a pena. E não sou só eu que dou valor ao trabalho do jovem de Kiel, norte da Alemanha. Ulrich Schnauss já trabalhou com Robin Guthrie, do meu mui amado Cocteau Twins, com Depeche Mode, Coldplay, Roedelius, Johannes Schmelling, Scott Walker e com dezenas de bandas ótimas, de que eu nunca tinha ouvido falar e agora estou correndo atrás dos seus cds. Nestes tempos azedos, em que acordo todo santo dia morrendo de saudade do primeiro mundo, ouvir uma coletânea com um som etéreo, para cima, mas sem bombadas, me ajuda a trabalhar alegre para poder comprar o meu croissant de cada dia.


Eu quero (6)



To where you are
(The high violets/2006)

The high violets é uma banda dream pop de Seattle, terra do - irch - grunge. É raríssimo uma banda estadunidense me agradar. Quem me arrumar este cd ganha, vamos ver, dois posts (!) ou vários cds de minha coleção, eu aumento o prêmio.

Eu quero (5)


Howling Bells
(Howling Bells/2006)


Já não bastasse o Ulrich Schnauss ter me salvado o ano de 2008 em termos musicais, e agora fico conhecendo novas bandas por meio dos seus covers. Howling Bells é uma banda australiana, país que nunca me deu uma bandinha boa que fosse. Alguém aí tem este cd para me arrumar? Ganha um post ou uma cópia de um dos meus mil e seiscentos cds.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu quero (4)



Rachel Goswell foi cantora do Slowdive, uma banda a que nunca dei atenção. Ouvi dois remixes de uma canção - Coastline - deste Waves are universal pelo excelente Ulrich Schnauss, o meu preferido do ano de 2008. A voz da quarentona é ótima.


Eu quero (3)



Ulrich Schnauss fez uma versão maravilhosa de It's a rainy day do grande Scott Walker.


Videoclips (64)

New and notable (14)


Fly from here
(Yes/2011)


De todos os principais grupos de rock progressivo o Yes é o mais persistente. No auge da crítica aos dinossauros da década de setenta, a imprensa especializada parecia estar empenhada em acabar de vez com o rock progressivo. Já abordei as motivações aqui, e fico me perguntando se alguém alguma vez disse à Miles Davis que ele deveria parar de tocar porque o auge de sua música já havia passado. O Yes não deu bola e continuou tocando o barco, lançando seguidos dvds e cds ao longo da década de noventa.



O último grande álbum do Yes, ao meu ver, foi Union ('91) reunindo quase todos os músicos que passaram pela banda. Os quatro álbuns posteriores - Talk ('94), The ladder ('97), Open your eyes ('99) e Magnification ('01) foram de razoáveis a bons. Magnification eu ouvi algumas vezes e deixei-o de lado, não me recordo de uma faixa sequer. Estou com este Fly from here há dois meses aguardando criar coragem para ouvi-lo. Não espero muito coisa.



Mas este cd me surpreendeu, não é um mero caça-níquel em cima dos fãs da banda. É um cd vibrante, enérgico, com melodias envolventes, e a técnica instrumental está a serviço da harmonia como um todo. Este novo cantor - o canadense Benoît David, que substituiu Jon Anderson quando este esteve sem poder cantar por um ano (2008) - conseguiu, à sua maneira, substituir a voz e o carisma incomum de Anderson. Rick Wakeman não fez falta, - substituído por Geoff Downes, de Drama ('80) e Steve Howe, normalmente hiperprodutivo, está um pouco mais contido. Há composições de Oliver Wakeman, que saiu do Yes juntamente com o pai, e Trevor Horn é o produtor do disco. A capa, claro, é de Roger Dean, pois não.



É realmente um cd do Yes, algo que dá continuidade à esta banda que já conta mais de quarenta anos.